sexta-feira, 20 de julho de 2018

A ORIGEM DOS ANJOS e A CRIAÇÃO DO HOMEM. as INSTITUTAS do Cristianismo Vol 4, de J CALVINO, um resumo do Resumo de JPWiles

A obra teológica “Institutas” do reformador protestante João Calvino contém uma explicação completa do conhecimento de Deus segundo o Cristianismo. Os temas deste quarto volume são: A ORIGEM dos ANJOS e a CRIAÇÃO do HOMEM. O texto a seguir é o 04 volume de 20, deste breve resumo extraído do Resumo de J. P. Wiles, escrito no ano de 1920 ( Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP) As citações em destaque são do Resumo de Joseph Pitts Wiles. 14: AS ESCRITURAS, NO SEU REGISTRO DA CRIAÇÃO, DISTINGUEM O DEUS VERDADEIRO DE TODOS OS DEUSES FALSOS. "A história da Criação nos é dada nas Escrituras a fim de que os membros da Igreja possam confiar nela e não procurar nenhum outro Deus... .” (p 71). A criação do mundo em seis dias revela o cuidado de Deus pela humanidade pois tudo Ele preparou para que pudéssemos viver com total abundância e harmonia, conforme nos disse pelo testemunho fiel de Moisés. Ainda que não haja informação da origem dos Anjos no relato da criação do mundo, as Escrituras explicam em outros textos como ocorreu esta obra gloriosa de Deus. Trata-se de uma revelação fundamental de Deus para nós, pois alguns erram ao pensar que os anjos são seres divinos, enquanto outros falham ao dizer que Deus é a origem do bem e o Diabo é a origem do mal, baseados no princípio de que Deus jamais criou qualquer coisa má. Porém, a verdade é que toda a criação no início era boa e justa, e que a maldade dos homens e dos demônios surgiu não a partir de sua origem, mas sim, de atos que corromperam a sua natureza original. Moisés escreveu acerca da criação dos anjos, ainda que não tenha definido o tempo de sua origem: “Assim, pois, foram acabados os céus e a terra, e todo o seu exército.” E já tenho ensinado que a sobriedade e a modéstia são valores essenciais para todo aquele que deseja aprender da Palavra de Deus, pois o “desígnio do Senhor é instruir-nos, não em questões de curiosidade frívola, mas na verdadeira piedade, no temor do Seu nome, na fé verdadeira e nos caminhos da santidade.” (p 72). “Frequentemente lemos nas Escrituras que os anjos são espíritos celestes por meio de cujo serviço obediente Deus executa Seus decretos; daí seu nome: anjos, ou seja, mensageiros, por intermédio dos quais Deus Se revela aos homens.” (p 72). Também são chamados de exército celestial, pois vivem ao redor do Monarca do Universo, e são denominados Principados e Potestades, pelo fato de Deus exercer sua autoridade através deles. Quando as Escrituras definem os anjos como “deuses”, isto faz porque carregam em seus atos alguma imagem de poder. “Estou bem disposto a concordar com aqueles que consideram que “O Anjo do Senhor” que apareceu a Abraão, a Jacó, a Moisés e a outros fosse Cristo.” (p 73). Porém, o uso da palavra “deuses” para os anjos em geral, os iguala aos governantes humanos que em sua autoridade agem como representantes de Deus, o Soberano Juiz. O melhor conhecimento que devemos ter acerca dos anjos é que eles existem para o nosso consolo, pois “os anjos são espíritos ministradores cuja obra é transmitir a nós as beneficências de Deus”; zelando por nossas vidas e assumindo nossa proteção. Não creio que exista um anjo para cada cristão pois isto não está escrito na Bíblia, mas entendo que todos eles “vigiam pela nossa segurança de comum acordo.” (p 73). Não há como saber o número de anjos que existem, mas certamente sabemos que são espíritos obedientes a Deus, tanto para nos proteger quanto para fazer chegar aos homens os cuidados de Deus. “Lembremos da declaração de Eliseu: “mais são aqueles que estão conosco do que os que estão contra nós.” (p 74). Veja que Deus utiliza os anjos como seus servos, ao mesmo tempo em que não se confunde com eles e nem compartilha com eles o seu poder e sua glória. “Os próprios demônios são criaturas de Deus; mas não devemos atribuir sua maldade à sua natureza original, e sim ao fato de que sua natureza tem sido corrompida pelo pecado.” (p 74). A Bíblia nos adverte a ficar atentos aos demônios e a buscar proteção na armadura de Deus. “Por exemplo: Satanás é chamado o deus deste mundo, o dominador deste mundo, o valente armado, o príncipe do poder dos ares, o leão que ruge; todos estes títulos visam tornar-nos cuidadosos, mais vigilantes, mais prontos a entrar na luta.” (p 74). Pedro ensina que o diabo é como um leão que ruge ao nosso redor procurando nos devorar, e logo orienta que é preciso resistir aos seus ataques através da fé. Paulo anuncia que a nossa verdadeira luta não é contra as pessoas e o corpo humano, mas sim, que deve ser contra as forças espirituais do mal neste mundo tenebroso, pelo que imediatamente nos convoca a vestir toda a armadura de Deus. “Temos sido advertidos que estamos constantemente ameaçados por um inimigo que é ousado, forte, astuto, diligente, incansável, plenamente preparado com todos os instrumentos de guerra e totalmente treinado na arte de guerrear.” (p 74). Portanto, é necessário guardar este ensino no coração sabendo que iremos combater espiritualmente pela fé até a morte, deixando de lado a preguiça ou a covardia. Devemos invocar sempre os cuidados de Deus, pois somos fracos e inexperientes se ficamos distantes do Senhor. A Escritura orienta que não se deve relaxar nesta batalha ou pensar que o inimigo desistiu, já que a nossa luta pode ocorrer contra diversos demônios, e até diante de uma legião como foi com Maria Madalena. “Além disso, devemos ser despertados para travar uma guerra incessante contra o diabo devido ele ser não somente nosso inimigo, como também ser o inimigo de Deus.” (p 75). Pois se a honra de Deus importa para nós e desejamos que o reino de Jesus avance, saibamos que o diabo continuamente tanto desonra a Deus quanto subverte a propagação do Evangelho – eis a razão pela qual não devemos ficar neutros nesta batalha. O diabo luta contra a verdade de Deus com suas mentiras e conduz os homens pela escuridão da cegueira espiritual, enquanto utiliza do engano e alimenta ódios e contendas. “Por conseguinte, fica claro que o diabo é por natureza depravado, maligno e malicioso.” (p 75). “Todavia, como já foi dito, visto que ele é uma criatura de Deus, devemos atribuir sua maldade, não à sua natureza original, mas sim ao fato de que sua natureza foi corrompida pelo pecado. Sua atual condição execrável é inteiramente o resultado da sua própria apostasia e queda.” (p 75). Esta orientação bíblica nos lembra que as maldades de Satanás não originam da Personalidade de Deus, conforme Jesus Cristo ensinou, ao dizer que o diabo não permaneceu na verdade, mas se assumiu como o Pai da mentira: pois, quando “profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” “O que mais precisamos saber acerca dos demônios? Basta isto: pela sua criação original eram anjos de Deus, mas pela apostasia se arruinaram e tornaram-se instrumentos na ruína dos outros.” (p 76). “Já tenho dito que o diabo luta contra Deus; mas deve ser lembrado que, sem o consentimento de Deus, ele nada pode fazer.” (p 76). Pois, para ser capaz de praticar maldades contra Jó, Satanás se apresenta antes diante de Deus e somente age após receber permissão. Quando Acabe vai ser enganado, é Satanás quem se oferece para ser um espírito de mentira na boca dos profetas. Igualmente, o espírito que vai perturbar Saul era “um espírito maligno da parte do Senhor”. “Assim, também Paulo testifica que a cegueira dos que não creem não é somente obra de Satanás, e sim obra judicial de Deus. (2 Tes 2.9-12).” (p 76). “Ora, visto que Deus é capaz de mudar o curso dos espíritos imundos de lá para cá conforme Sua vontade. Ele os governa de tal maneira que lhe é possível provar os crentes com conflitos, colocar armadilhas no seu caminho, perturbá-los com ataques, lutar contra eles, podem frequentemente abater, desnortear e aterrorizá-los, e às vezes feri-los; mas nunca lhes permite que os conquistem ou esmaguem.” (p 76). Paulo reconheceu que o próprio diabo lhe atacava em razão deste conflito, sabendo, também, que Deus governava tais ataques no propósito de que houvesse o amadurecimento espiritual do apóstolo. Veja que os demônios não podem ser confundidos com paixões malignas do coração ou pensamentos perturbadores da mente dos homens, pois são chamados de “espíritos imundos” - seres pessoais plenos de senso e entendimento. Razão pela qual os demônios estão destinados a existir numa condenação eterna. Agora, é necessário que fiquemos maravilhados e sejamos reverentes a Deus por Suas obras a partir do momento que sabemos que Ele criou tudo que existe! “Por meio deste registro aprendemos que Deus, pelo poder da Sua palavra e do Seu Espírito criou do nada o céu e a terra; que fez trazer à existência todas as criaturas animadas e inanimadas; que distinguiu umas das outras... deu a cada coisa sua própria natureza peculiar, atribuiu-lhes suas várias funções e colocou-as nas suas várias posições... algumas espécies Ele conserva de modo misterioso... a outra dá o poder de procriação... Desta maneira, adornou o céu e a terra com todas as coisas em maravilhosa abundância... Finalmente, ao criar o homem e distingui-lo com tão excelente formosura e tantas grandiosas capacidades, Deus exibiu nele a mais ilustre das Suas obras.” (p 77). A verdade é que não há palavras capazes de tratar das obras de Deus com a dignidade que merecem, “para demonstrar quão inestimável sabedoria, poder, justiça e bondade brilham no sistema do universo...”. (p 78). Porém, Deus deseja que haja boa contemplação de suas obras pois a criação é como que um espelho das infinitas riquezas da Sabedoria e virtudes do Senhor. Portanto, é necessário saber que jamais iremos honrar a Deus como Criador, se ignorarmos Seus atributos visíveis na criação. E também, que tal conhecimento precisa chegar ao nosso coração a fim de que estimule nosso bom conhecimento do Senhor. Vamos considerar a grandeza do Criador desde que Ele colocou nos céus as estrelas, definiu suas posições e seu curso, governa seus movimentos de maneira a medir dias, semanas, meses e anos. E vamos atentar para o poder d´Aquele que sustenta toda a estrutura da natureza e controla a evolução dos astros nos céus, pois são alguns exemplos dos milagres do poder de Deus que se encontram igualmente por todo o mundo. “Pela fé percebemos que Deus designou todas as coisas para nosso proveito e bem-estar, e assim aprendemos a erguer nosso coração a Ele em confiança, oração, louvor e amor.” (p 78). Afinal, Deus criou o mundo cuidadosamente a fim de nos preparar uma existência bendita, razão pela qual jamais devemos duvidar de Sua Paternidade amorosa. Ele nos abençoou grandemente ao criar tudo de que necessitamos antes de nascermos, sujeitando toda a criação ao nosso proveito. “Portanto, sempre que falamos de Deus como o Criador do céu e da terra, lembremo-nos que Ele retém o domínio de todas as obras das Suas mãos, e que nós somos Seus filhos, aos quais Ele se empenhou em nutrir, sustentar e proteger.” (p 79). A partir disso, vamos confiar em Deus, esperando unicamente n´Ele e pedindo-Lhe tudo de que precisamos, já agradecidos pelo que temos recebido. E constrangidos por tanto amor e cuidado, “esforcemo-nos a amar e adorá-Lo de todo o nosso coração.” (p 79). 15: A CRIAÇÃO DO HOMEM. “Agora devemos falar da criação do homem... porque, conforme já dissemos, não podemos ter um conhecimento claro e real de Deus sem algum conhecimento de nós mesmos.” “Deste conhecimento há dois ramos, a saber, o conhecimento do homem conforme originalmente foi criado, e o conhecimento da condição do homem desde a queda de Adão.” (p 80). É fundamental recordar quem era o ser humano quando estava em seu estado original assim que foi criado por Deus, para que a maldade da humanidade não recaia sobre o Autor da natureza. Pois desde sempre o homem procura arranjar desculpas para os seus atos, e mesmo quando trata Deus com reverência, não deixa de atribuir à natureza do homem a razão das nossas corrupções. Por isso é preciso falar da ruína dos seres humanos a fim de anular as falsas desculpas dos pecadores. “Não pode ser contestado com razão que o homem consiste em corpo e alma; e com “alma” quero dizer uma essência imortal, embora seja criada, que é a parte mais nobre dele.” Sabemos que a palavra espírito quando é usada isoladamente significa alma, como “quando Salomão diz que o espírito volta para Deus que o deu”, da mesma forma como Cristo entregou seu espírito ao Pai e Estevão entregou seu espírito a Cristo, “o que significa que quando a alma é liberta da prisão (o corpo) Deus é seu guardião constante.” (p 81). Pois o fato é que os homens se entregam de tal modo ao materialismo que esquecem que irão viver após a morte, mas até mesmo nas trevas deste entendimento limitado, ainda carregam consigo traços da imortalidade. “A consciência, que reage ao julgamento de Deus e assim discerne entre o bem e o mal, é uma indicação segura da imortalidade.” Pois o temor da morte e culpa do juízo não ocorre no corpo, mas está na alma; “segue-se daí que a alma está dotada de essência ou existência pessoal.” (p 81). A imortalidade da alma é comprovada pelo conhecimento de Deus que ela mantém consigo, e o intelecto humano também percebe que na alma existe o carimbo de Deus. Pois “a atividade da mente humana atravessa o céu e a terra, penetra os segredos da natureza, compreende e se lembra do curso das eras e infere coisas futuras baseadas nas coisas passadas, o que prova claramente que alguma coisa distinta do corpo jaz oculta no homem.” “Sabemos o que é certo, o que é justo, o que é honroso; e a sede de tal entendimento deve ser o espírito.” (p 82). As Escrituras ensinam que a alma tem uma existência própria pois revelam que “habitamos em casas de barro”, e que deixaremos o tabernáculo da carne na morte ao nos livrarmos deste corpo corruptível. Desta forma, tanto distinguem a alma do corpo, quanto a percebem “como se fosse a própria pessoa, e assim indicam que é sua parte principal.” (p 82). Paulo exorta para que haja purificação tanto do corpo quanto do espírito, reconhecendo que o pecado corrompe a ambos, esclarecendo sua distinção. “Pedro chama Cristo o Pastor e Bispo das almas, que seria uma declaração absurda se não existissem almas para Cristo cuidar.” (p 82). Jesus mesmo falou da alma de Lázaro que descansava em Abraão, ao mesmo tempo que a alma do rico sofria tormentos, e ainda recordamos que a negação da existência de espíritos foi considerada um grave erro dos saduceus (Atos 23.8). A declaração de que os seres humanos foram feitos à imagem de Deus trata de nossas almas, pois até as marcas externas das virtudes de Deus em nós tem um caráter espiritual. “As faculdades excelentes que o homem originalmente possuía, e que refletiam a glória de Deus, podem melhor ser conhecidas ao considerarmos a renovação da imagem de Deus no homem por Cristo...”. (p 83). Os aspectos principais desta renovação, são: “Primeiramente, o conhecimento (Col 3.10), em segundo lugar, a justiça e a verdadeira santidade (Ef 4.24); mediante o que concluímos que, antes da queda, a imagem de Deus consistia na luz que enchia a mente do homem, na retidão do seu coração, e na integridade das suas faculdades todas.” (p 84). Não se deve buscar conhecimento acerca da alma nos filósofos, pois exceto Platão, eles são unânimes em limita-la ao mundo terreno. A alma dos homens tem uma essência imaterial e não física, e anima o corpo humano inteiro para agir, governando assim a vida humana. “Não somente governa as ações comuns do homem, como também o desperta para adorar a Deus.” (p 84). O próprio desejo corrompido que move os homens pecadores em busca da fama, origina do conhecimento dentro deles de que foram criados para a justiça. É certo que alguns pensamentos dos filósofos são interessantes e úteis, porém, sempre são acompanhados da ideia de que o homem é capaz de governar-se: “Não sabiam que a natureza do homem havia-se corrompido pela queda (no pecado) e, portanto, confundem duas coisas que são inteiramente diferentes: o estado do homem conforme foi criado e o estado do homem conforme é depois da queda.” (p 85). “Visando nosso presente propósito, basta dizer que a alma humana tem duas partes, o entendimento e a vontade; e que é do âmbito do entendimento discernir entre o bem e o mal, e da vontade fazer sua escolha entre os dois.” “Na retidão original do homem, a vontade estava livre, e, mediante a liberdade da sua vontade, poderia ter chegado à vida eterna.” Estou falando da natureza original dos seres humanos, pois Adão era capaz de permanecer junto de Deus, mas pela sua própria vontade decidiu cair. Adão podia escolher entre o bem e o mal, tinha sua mente e vontade perfeitas, e todos os órgãos e membros do seu corpo cumpriam a orientação que lhes dava, “até que se arruinou, corrompendo assim todas as suas faculdades.” (p 85). Mas, acerca deste conhecimento os filósofos tateavam no escuro, “apegavam-se ao princípio de que o homem não seria um ser razoável, a não ser que fosse livre para escolher entre o bem e o mal.” (p 85). Argumentavam que um homem que não consegue governar sua vida a partir de seus princípios, é um ser incapaz de distinguir entre a virtude e o vício. Um pensamento que seria válido caso a natureza humana não tivesse se transformado completamente. Portanto, ao ignorarem a queda, sua compreensão da humanidade tornou-se totalmente confusa. Eis a razão pela qual os seguidores de Cristo que acreditam no livre arbítrio acabam por dividir “sua lealdade entre os dogmas dos filósofos e a doutrina do céu” – tornando-se como tolos que não irão prosperar em nenhum dos dois lugares. (p 85). (resumo das páginas 71 a 85)

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