terça-feira, 31 de julho de 2018

DA MANEIRA COMO DEUS GOVERNA O UNIVERSO: as INSTITUTAS do Cristianismo de J CALVINO Vol 5, um resumo do Resumo de JPWiles

A obra teológica “Institutas” do reformador protestante João Calvino contém uma explicação completa do conhecimento de Deus segundo o Cristianismo. O tema deste quinto volume do I Livro é: DA MANEIRA COMO DEUS GOVERNA O UNIVERSO. O texto a seguir é o volume 05 de 20, deste breve resumo extraído do Resumo de J. P. Wiles, escrito no ano de 1920 (Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP) As citações em destaque são do Resumo de Joseph Pitts Wiles. 16: DEUS, QUE CRIOU O UNIVERSO, SUSTENTA-O PELO SEU PODER E GOVERNA TODAS AS SUAS PARTES MEDIANTE A SUA PROVIDÊNCIA. “Seria simplesmente uma noção fria e vazia pensar que Deus criou os mundos em certa época e depois abandonou a obra das Suas mãos.” Não adianta nada reconhecer a existência de um Deus Criador ao enxergar a grandeza da natureza, pois a diferença entre os que tem fé e os ateus surge de sabermos que a manutenção do mundo até os dias de hoje depende das mãos de Deus, tanto quanto dependia na origem da terra. “Por isso está escrito: “Pela fé entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus” (Hb 11.3). A doutrina da Providência de Deus é o entendimento que diferencia os que tem fé daqueles que não acreditam em Deus – ainda que saibam algo sobre Deus em suas mentes e digam isto com seus lábios. Pois reconhecer o poder divino na criação e pensar que Deus agiu algumas vezes na história é uma convicção somente humana das verdades de Deus – não provém da fé! “A fé deve penetrar mais profundamente; tendo aprendido que Deus é o Criador de todas as coisas, deve concluir que Ele é o Governador e Preservador constante delas, e que Sua providência especial sustenta, guarda e cuida de cada uma de Suas criaturas, até ao menor dos pardais.” (p 86). “O Senhor olha dos céus; vê todos os filhos dos homens; do lugar de sua morada observa todos os moradores da terra, ele que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras.” (p 87). “Na realidade, ninguém acredita seriamente que Deus criou todas as coisas, a não ser que acredite também que Deus continuamente Se importa com todas as coisas que criou.” A diferença entre a filosofia que ensina que a vida é um “acaso” e a palavra da fé está no conhecimento da providência de Deus. Pois acreditar no acaso ou na sorte obscurece a verdade da providência divina. Afinal, o que se sabe é que tanto as vítimas dos ladrões como de acidentes trágicos, ou daqueles que se perdem ou ainda dos que são achados, e dos que escapam da morte por um fio ou chegam seguros em seus lares, bem; “todos estes eventos... são atribuídos pela razão carnal à sorte.” “Mas aquele que aprendeu de Cristo que os cabelos de sua cabeça são contados... concluirá que os eventos de todos os tipos são governados pelo conselho secreto de Deus.” (p 87). O atributo divino da Onipotência significa que Deus governa o mundo e tudo que nele existe de maneira vigilante, eficaz e continuamente ativa. Deus é onipotente porque governa diariamente o céu e a terra através da sua Providência; e não porque tudo acontece como Deus espera que ocorra, ou porque o mundo se mantém “vivo” porque foi criado com esta energia vital. “Quando, pois, o salmista diz (Sl 115.3) que Deus “tudo faz como lhe agrada” refere-se a um propósito fixo e deliberado.” (p 88). A filosofia entende que Deus pode ser a causa primária de todas as coisas, negando assim a verdade essencial da fé que afirma que toda bênção e também toda dificuldade da humanidade acontece “pela decisão e decreto d´Aquele sob cuja mão se acham.” Pois, ao contrário, “aqueles que atribuem a devida honra à onipotência de Deus são movidos a prestarem-Lhe obediência, e a descansarem seguros sob Sua proteção.” (p 88). “O profeta Jeremias (10.2) proíbe os filhos de Deus de ficarem espantados diante dos sinais dos céus, como ficam os pagãos.” A preocupação do profeta não é que exista um certo temor sem profundidade entre os homens, mas sim, pôr saber que é pura superstição imaginar que a criação e as criaturas de Deus movem-se por si mesmas. A doutrina da Providência não ensina que Deus está ocioso após criar tudo que existe, mas sim, afirma que Deus controla e governa todos os eventos do Universo. “Pois quando Abraão disse ao seu filho: “O Senhor proverá”, não queria dizer que Deus tinha presciência do futuro, mas que ele próprio estava lançando seu cuidado sobre Aquele que livra da perplexidade e da confusão. Segue-se que a providência de Deus significa ação.” (p 88). Outro grave engano é acreditar que há somente um governo geral de Deus sobre a vida e o mundo – uma certa providência universal, que não impede as criaturas e os homens de se moverem com certo livre arbítrio segundo suas próprias naturezas. Tal ideia divide o governo da existência humana entre Deus que dá forças e o homem que irá decidir como governa-las. Veja que este tipo de conhecimento admite que o curso ordeiro da natureza - em que após o dia vem a noite e após o verão vem o inverno, é uma obra de Deus. Mas, que, assim que há calor ou frio demais, chuvas de pedra e tempestades de areia, então, eis o momento em que Deus está ausente! “Isto, porém, não deixa lugar para o exercício da generosidade paternal de Deus, nem para Seus retos juízos.” (p 89). Acreditar que a generosidade de Deus ocorre somente pelo fato d´Ele ter criado terra e sementes que por si só irão sustentar a criação, é negar que as boas colheitas de determinada estação são bênçãos especiais d´Ele; como igualmente irão negar que a falta e a fome são atos de seu justo juízo. “As Escrituras, no entanto, frequentemente testificam que quando a terra é refrigerada com o orvalho e a chuva, Deus assim mostra Seu favor; que pela Sua ordem os céus se tornam como ferro, e as colheitas estão consumidas pelo crestamento e pelas pragas...”. (p 89). E não se pode afirmar que a Providência de Deus existe só para situações específicas e necessárias, pois Jesus ensina que nem um pardal cai na terra sem que seja da vontade de Deus. “Sabemos, porém, que Deus criou o mundo para o homem; portanto é de esperar-se que Deus o governe com um propósito especial quanto ao benefício da humanidade.” Segundo Jeremias: “Eu sei, ó Senhor, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos” (Jr 10.23); e conforme Salomão: “Os passos do homem são dirigidos pelo Senhor, como, pois, poderá o homem entender o seu caminho?” (Pv 20.24). Se entendemos que Deus dá as condições, mas é o homem que decide seus passos – os caminhos do homem seriam governados segundo seu próprio critério, “enquanto que Jeremias e Salomão atribuem a Deus não somente o poder, como também a escolha e o propósito no que diz respeito aos caminhos dos homens.” (p 90). Salomão repreende os homens que rápido correm atrás do que desejam, pois desprezam Deus ao esquecer que pelo próprio Senhor serão guiados: “O coração do homem traça o seu caminho”, diz ele, “mas o Senhor lhe dirige os passos”, dando a entender que é estultícia ridícula que os homens planejem suas ações independentemente de Deus...”. Até algo que parece bastante natural de ocorrer, foi obra de Deus, pois “se um homem acidentalmente foi morto por outro, o Senhor declara que Ele mesmo entregou a vítima na mão de quem o matou (Êx 21.13).” E a própria condição dos pobres e ricos deste mundo é designada pela Providência de Deus: “O pobre e o seu opressor se encontram, mas é o Senhor que dá luz aos olhos de ambos” (Pb 29.13). “Além disso, eventos específicos são provas da providência universal de Deus.” Ele enviou ventos tanto para trazer codornizes ao povo (Nm 11.31), quanto para lançar Jonas ao mar na tempestade, o que nos ensina que os ventos começam e terminam segundo sua ordem, conforme o Salmo 104. 3-4. E que os mares também são movidos pelos ventos do Senhor para dar prova do seu poder e da sua presença entre nós: “Pois ele falou, e fez levantar o vento tempestuoso, que elevou as ondas do mar. Fez cessar a tormenta, e as ondas se acalmaram”. (Sl 107. 25-29). Ainda que pareça natural termos filhos, há os que recebem filhos de Deus e os que não, pois “o fruto do ventre é seu galardão”. E até o pão diário que parece chegar para nós direto da natureza depende de uma encoberta bênção de Deus até que possa nos alimentar, o que nos motiva a orar ainda mais para que nos seja dado o pão nosso de cada dia. Acerca desta doutrina do Soberano governo de Deus pela sua Providência, há acusações de que ensinamos o dogma estóico da fatalidade, o que já disseram até de Agostinho. Mas tal expressão é um engano profano, e uma tentativa de falsear a verdade de Deus. “Os estóicos imaginaram uma “necessidade”, surgindo de uma cadeia perpétua de causas sucessivas contidas na natureza; mas não sustentamos tal crença.” (p 92). “Ensinamos que Deus é Árbitro e Controlador de todas as coisas, que na Sua sabedoria decretou desde a eternidade o que faria, e agora realiza pelo Seu próprio poder aquilo que Ele decretou.” Eis como Deus governa toda a natureza e cada um dos seres humanos, e todos os eventos e situações da história e do cotidiano a fim de direciona-los a um determinado fim. Sim, é isto mesmo: não há espaço para o acaso ou para a sorte. “Um ditado de Agostinho merece consideração: “Lastimo que, ao escrever contra a escola acadêmica de mestres, eu tenha usado tão frequentemente a palavra “Fortuna”... É verdade que também disse: “Aquilo que é comumente chamado fortuna é talvez sujeito a algum método oculto, e o acaso é meramente aquilo do qual a razão ou a causa é secreta, pois percebo que os homens tem o hábito nocivo de dizer: “Assim quis a fortuna”, quando deveriam dizer: “Assim quis Deus.” Veja que nada consideramos fortuito ou fruto do acaso, ao contrário, “mas as coisas que indubitavelmente procedem da vontade nos parecem fortuitas, porque sua ordem, razão, finalidade e necessidade são ocultas nos conselhos de Deus e não são captadas pela mente do homem.” (p 92). Observe que um homem que se afasta de seus amigos e perde-se no caminho, vindo a ser assaltado e até morto – saiba que esta morte foi tanto prevista por Deus como pelo Senhor foi decretada, pois foi Ele quem previu a duração da nossa vida e definiu seus limites; embora, porém, tal morte nos traga a ideia de ter sido só um acidente. A história de Davi é notável para revelar o controle de Deus sobre tudo que acontece, pois quando Saul cercou Davi no deserto de Maom, Deus enviou os filisteus para invadir Israel, fazendo Saul partir dali, acabando por livrar Davi: “a fé reconhecerá que aquilo que nos pareceu um acaso foi, na realidade, o efeito do poder secreto de Deus.” (Esse texto não contém o resumo completo, mas parcial do tópico de Calvino nas Institutas). Autor. Ivan Santos Rüppell Júnior é Ministro Presbiteriano, Professor e Advogado.

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