terça-feira, 3 de julho de 2018

as INSTITUTAS do Cristianismo Vol 3, de J CALVINO, um resumo do Resumo de JPWiles

A obra teológica “Institutas” do reformador protestante João Calvino contém uma explicação completa do conhecimento de Deus segundo o Cristianismo. Os temas deste terceiro volume são: NÃO TERÁS OUTROS DEUSES e A TRINDADE DE DEUS. O texto a seguir é o terceiro volume de 25, deste breve resumo extraído do Resumo de J. P. Wiles, escrito no ano de 1920 ( Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP) As citações em destaque são do Resumo de Joseph Pitts Wiles. 11: É ILÍCITO ATRIBUIR A DEUS UMA FORMA VISÍVEL; E TODOS AQUELES QUE FABRICAM ÍDOLOS PARA SI, SEPARAM-SE DO DEUS VERDADEIRO. “Devemos firmar-nos solidamente neste princípio: sempre que atribuirmos qualquer forma ou formato a Deus, Sua glória é maculada por uma falsidade ímpia.” Pois Deus decidiu que a glória divina seria somente Sua, proibindo qualquer representação visível de Sua figura, já que são todas inapropriadas: “Não faça para si espécie alguma de ídolo ou imagem de qualquer coisa no céu, na terra e no mar.” (Êx 20.4). “Tenham muito cuidado! No dia em que o Senhor lhes falou no meio do fogo no monte Sinai, vocês não virão forma alguma. Portanto, não se corrompam fazendo ídolos de qualquer forma, seja de homem ou de mulher.” (Dt 4.15-16). Assim como Moisés, Isaías também afirma que é uma ofensa assemelhar “aquele que é imaterial a alguma forma material, aquele que é invisível a uma imagem invisível, aquele que é infinito a um pedaço finito de madeira, pedra ou ouro.” Um pensamento compartilhado pelo Apóstolo Paulo: “E, por ser isso verdade, não devemos imaginar Deus como um ídolo de ouro, prata ou pedra, projetado por artesãos.” (Atos 17.29). Eis a razão pela qual afirmamos que é um insulto à majestade divina fazer qualquer estátua ou quadro para representar Deus. Afinal, quando Deus foi visto face a face fazendo-se representar por sinais, estes eram adequadamente apropriados para transmitir como Sua pessoa é incompreensível: “As nuvens, a fumaça e as chamas, embora simbolizassem a Sua glória, ao mesmo tempo refreavam as mentes de todos os homens de procurarem penetrar mais profundamente.” Um esclarecimento que foi dado a Moisés: “Mas você não poderá olhar diretamente para minha face, pois ninguém pode me ver e continuar vivo.” (Êx 33.20). A própria aparição do Espírito Santo em forma de pomba durou pouco tempo a fim de que a crença n´Ele propiciasse satisfação a partir de Seu poder e Sua graça, jamais pela sua forma. “Os ídolos das nações não passam de objetos de prata e de ouro, formados por mãos humanas.”(Sl 135.15). O salmista está argumentando acerca da imagem dos falsos deuses, pois são feitos de minérios, e esclarece que o brilho dos metais não irá lhes tornar objetos dignos de reverência, pois “nenhuma matéria morta pode ser transformada em deuses. Realmente, como pode o homem, que é uma criatura de um só dia, conferir divindade a um pedaço de metal?” Segue a repreensão do Profeta de Deus: “O ferreiro trabalha na forja para criar uma ferramenta afiada; martela e modela com toda a força. De tanto trabalhar, sente fome e fraqueza, fica sedento e desfalece (...) Corta cedros, escolhe ciprestes e carvalho, planta um pinheiro no bosque, para que a chuva o faça crescer. Então, usa parte da madeira para fazer fogo e com ele se aquece e assa o pão. Depois, pega o que resta e faz para si um deus para adorar.” (Isaías 44. 12, 14-15). “Um ídolo pintado é tão proibido quanto uma imagem esculpida. Os membros da igreja grega, pois, consideram-se livres de toda a culpa porque não tem imagens esculpidas; no entanto, no seu uso de quadros vão a excessos maiores do que os idólatras.” Eu sei que Gregório disse que “as imagens servem de livros para o povo comum.” "Mas se Gregório tivesse aprendido acerca do assunto com o Espírito Santo jamais diria isso.” Jeremias assevera que “ensino de vaidades é o madeiro” (10.8), e Habacuque (2.18), que “a imagem de fundição é mestra de mentiras.” Eis como os Profetas condenam a ideia de que as imagens são os livros do povo comum, pois Deus deseja instruir os homens através do ensino de Sua Palavra e pela ministração de Suas ordenanças. É necessário saber que aqueles que Deus chama para serem seus discípulos não devem ser considerados um “povo comum”, que somente serão capazes de aprender de Deus através de imagens. Mas este povo comum será considerado tolo caso deixe de escutar a doutrina que pode lhes tornar sábios, pois Paulo mesmo adverte que “é mediante a pregação da Palavra que Jesus Cristo é representado como crucificado.” (Gl 3.1). Ora, caso “os homens tivessem sido ensinados fiel e honestamente que Cristo morreu para carregar nossa maldição na cruz”, não haveria necessidade de encher as igrejas com cruzes diversas de todos os tipos. “Não importa se os homens simplesmente adoram uma imagem, ou adoram a Deus na imagem; é idolatria quando honras divinas são atribuídas a uma imagem sob qualquer pretexto.” Veja que até os pagãos utilizavam os mesmos argumentos para sua idolatria que ora encontramos entre alguns cristãos. Pois eles negam a acusação de idolatria “dizendo que prestam às imagens “serviço” (dulia), mas não “adoração” (latria); e alegam que tal serviço pode ser prestado a estátuas e quadros sem qualquer ofensa a Deus... Como se o serviço não fosse algo mais que adoração!... Mas para um grego, o significado daquela palavra é tal que a desculpa se torna a seguinte: “Adoramos imagens sem adorá-las.” Acerca do Sínodo de Nicéia (787 d.C), “o qual decretou que as imagens não somente deveriam ser colocadas nas igrejas, como também deveriam ser adoradas”; desejo aqui apresentar alguns de seus argumentos: um delegado de nome João disse: “Deus criou o homem à Sua imagem; logo, concluo que é correto ter imagens... E outro preletor defendeu assim a colocação de imagens nos altares: “Nem se acende uma candeia, para coloca-la debaixo do alqueire”. Mas o argumento mais engenhoso de todos foi este: “Como temos ouvido dizer, assim o vimos (Sl 48.8). Concluímos, que aprendemos a conhecer a Deus não somente ao ouvir Sua palavra, mas também ao olhar para as imagens.” Enfim, “estou cansado de referir-me a tais absurdos... (pois) que confiança pode ser dada às declarações destes reverendos pais, que manuseiam as Escrituras com tal tolice infantil?...” 12: DEUS É DISTINGUIDO DOS ÍDOLOS, A FIM DE QUE O CULTO SEJA PRESTADO SOMENTE A ELE. “Já dissemos que o conhecer a Deus não pode consistir em vã especulação, mas sim implica em adoração ao Deus a quem conhecemos (...) (e) repito que quando as Escrituras asseveram que há um só Deus, e somente um, elas não estão argumentando em prol do mero nome, e sim, ordenam que nenhuma parte da honra que pertence a Deus seja dada a outro. Nisto vemos quanto a religião pura difere da superstição.” Observe como a religião é corrompida a partir da falsidade e do erro, pois “qualquer licença que tomemos no culto, devido a um zelo apressado e sem consideração, é de natureza supersticiosa.” Não adianta reconhecer estas faltas e permanecer ignorando o fato de que a prática destas atitudes deixam-nos distantes de Deus, além de pouco nos ensinarem acerca de como se deve adorar ao único Deus verdadeiro. O fato é que Deus afirma seus direitos enquanto única Majestade dos céus, e revela seu zelo pela sua disposição de punir todos que O confundem com ídolos. Ao mesmo tempo, Ele próprio define a maneira correta de Lhe oferecer um culto legítimo. Pois a lei de Deus também tem o objetivo de nos desviar de uma adoração corrupta. Veja que a superstição adota certos subterfúgios para seguir deuses falsos, embora busque conservar a aparência de que está servindo ao Deus verdadeiro; pois “concede-Lhe o lugar mais alto, e O cerca com uma multidão de deuses menores, entre os quais distribui suas prerrogativas e atributos; e, assim, com dissimulação astuciosa, a glória da divindade, que deve ser reservada somente para Deus, é mutilada e dispersada.” Foi a partir desta ideia que alguns idólatras e judeus compartilharam poderes do Altíssimo com o maioral dos deuses dos homens na antiguidade. E agora, observamos igualmente que os santos que morreram são exaltados ao lado de Deus. Eis o princípio que se aplica para que sejam utilizadas as expressões “latria (adoração), e dulia (serviço), fazendo uma distinção que os libera para transferir honras divinas a anjos e defuntos." Porém, ambos os termos são usados sem distinção nas Escrituras. "Ademais, todos devem reconhecer que o serviço é algo mais do que a adoração; e é uma distinção imprópria prestar aos santos aquilo que é maior, e a Deus aquilo que é menor.” Veja que o Apóstolo Paulo condena os cristãos da Galácia por servirem aos que sequer eram deuses, (Gl 4.8) denominando tal atitude de uma vã adoração. E nem mesmo Cristo permitiu tal distinção, pois logo respondeu ao tentador: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás.” O próprio Apóstolo João foi reprovado por oferecer ao anjo uma servidão indevida, posto que tal reverência deveria ser demonstrada somente para com Deus. Eu entendo que existe um certo tipo de honra que foi prestada a alguns homens na história, mas somente como uma obediência cívica e cidadã. Pedro igualmente proíbe Cornélio de se prostrar diante dele, pois tal postura é orientada somente para a pessoa de Deus, e a ninguém mais. “Se, portanto, desejamos ter um só Deus, e somente um, lembremo-nos que não deve ser roubado da mínima partícula da Sua glória.” 13: AS ESCRITURAS ENSINAM QUE A ESSÊNCIA (OU SEJA, O SER) DE DEUS É UNA, E QUE CONTÉM TRÊS PESSOAS. "As Escrituras nos informam que Deus é um Ser infinito e que Ele é Espírito." Mas acontece que um antigo teólogo confundiu o Ser divino "ao dizer que tudo quanto vemos e tudo quanto não vemos é Deus." Eis a razão pela qual Deus fala pouco de Sua Pessoa, revelando somente sua grandeza para que não procuremos medi-lo nas mãos, esclarecendo ainda, que é "Espírito", a fim de que não procuremos compreende-lo a partir do que é terreno. O Senhor também afirma que habita nos céus para elevar nossos pensamentos acerca de Si mesmo, ainda que muitos homens tenham "pensamentos antropomórficos acerca de Deus; ou seja, atribuem a Ele uma forma humana porque as Escrituras falam d´Ele como tendo boca, olhos, mãos e pés." Mas tais expressões não tratam de Deus, pois só existem em razão da nossa dificuldade para compreender Sua natureza. Eis o motivo pelo qual estes termos são utilizados pra apresenta-LO para nós. "Mas há outra característica especial por meio da qual Deus Se faz mais distintamente conhecido a nós. Ele não somente nos diz que é Uno, mas sim que três pessoas devem ser conhecidas e distinguidas nEle." O conhecimento desta afirmação é essencial para todo aquele que deseja realmente conhecer o Deus verdadeiro! Observe que "quando o autor sagrado chama Cristo de a expressa imagem da pessoa do Pai, sem dúvida atribui ao Pai uma certa subsistência na qual é diferente do Filho - se posso assim traduzir a palavra grega hypostasis empregada em Hebreus 1.3." Pois o escritor não fala neste texto da essência de Deus - que é indivisível, essência que tanto o Pai como o Filho tem completamente em si mesmos. O que se pretende ensinar é que "visto que o Pai se expressou completamente no Filho, diz-se muito corretamente que o Filho é a expressa imagem da pessoa do Pai." Portanto, o texto bíblico indica que há uma essência particular de Deus Pai que resplandesce no Filho, dando a entender que há uma essência particular no Filho que igualmente o faz uma Pessoa distinta do Pai. "O mesmo argumento se aplica ao Espírito Santo, que é Deus, mas mesmo assim deve ser distinguido do Pai. Portanto, recebemos o testemunho escriturístico de que há três pessoas (hipóstases) em Deus." Alguns desprezam o uso da expressão "pessoas" para distinguir as três personalidades do único Deus, posto que tal termo não está nas Escrituras. "Mas como pode ser ilícito explicar em palavras mais claras aquelas passagens das Escrituras que, para nossa compreensão, são difíceis e obscuras?" Pois homens tementes a Deus foram instigados na história a expor com precisão e clareza a nossa crença, para que homens maus não causassem confusão. Veja que Ário afirmava que Cristo era Deus e Filho de Deus, ao mesmo tempo que negava sua eternidade, declarando que havia sido criado junto de outras criaturas. Daí a necessidade de esclarecer que o Filho é da mesma essência do Pai! Sabélio declarou que os termos Pai, Filho e Espírito Santo são somente maneiras distintas de expressar atributos diferentes de Deus. "Ele mantinha que o Pai era o Filho, e o Espírito era o Pai, sem ordem ou distinção." Eis a razão porque foi necessário definir que há três pessoas distintas em Deus e que na unidade de Deus há uma trindade de pessoas. É necessário saber que a expressão "pessoa" deseja definir o que é peculiar e particular à uma das pessoas divinas, perante as outras. "E com a palavra "subsistência" quero dizer alguma coisa diferente da "essência" ou do "Ser". Pois se o Verbo fosse simplesmente Deus, e nada de particular tivesse em Si, João não poderia ter dito que "o Verbo estava com Deus." E ao dizer que, "e o Verbo era Deus", ele orienta nossos pensamentos de volta à unidade da essência divina." "Concluímos, portanto, que quando a palavra "Deus" é usada de modo simples e indefinida, ela pertence ao Filho e ao Espírito tão verdadeiramente quanto pertence ao Pai." E quando o Pai é colocado ao lado do Filho, ao falar que O ama ou O enviou, cada pessoa divina se torna distinta em sua subsistência pessoal. "Agora passarei a dar provas da Deidade do Filho e do Espírito Santo." Veja que ao ler nas Escrituras acerca da "Palavra de Deus", não somos informados simplesmente de que Deus declarou algo, mas sim, que se trata daquela eterna Sabedoria que está com Deus! Ora, aprendemos de Pedro (1 Pd 1.11) que tanto os profetas antigos quanto os apóstolos falavam pelo "mesmo" Espírito de Cristo. E como o Cristo ainda não havia sido manifestado entre nós, eis que Pedro utilizava a palavra Cristo para designar o Verbo eterno do Pai. Realidade que Moisés observou no momento da criação; "pois atribui à Palavra uma participação na Criação ao dizer expressamente que Deus disse em todas as suas obras, haja isto ou haja aquilo." Os Apóstolos interpretam as Escrituras ensinando que o mundo foi feito pelo Filho (Hb 1.2), igualmente ao que Salomão (Pv 8.22) e o próprio Cristo afirmam: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também." (Jo 5.17). E no princípio de seu evangelho, João "claramente demonstra como Deus, ao falar, criou o mundo." E ensina que o Verbo é causa primária de tudo que existe, sendo eterno como o Pai, mas também distinto na pessoa de Filho. "Seria bom dar aqui uns testemunhos bíblicos à divindade de Cristo." Salmo 45: "Teu trono, ó Deus, permanece para todo o sempre." Em Isaías, o Cristo é "Deus forte, Pai da eternidade, Princípe da Paz" e Emanuel: "Deus conosco". Em Jeremias 23.6: "E este será seu nome: "O Senhor é nossa justiça." "É especialmente digno de nota que as predições no Velho Testamento sobre os atos de Deus são consideradas pelos apóstolos como tendo sido cumpridas em Cristo... Isaías disse que o Senhor dos Exércitos seria uma pedra de tropeço para Judá e Israel". Sentença que Paulo afirma ter se cumprido em Cristo, diante de quem iremos comparecer no tribunal divino, cfe Rm 14.10-11. João testifica que a glória de Jeová vista por Isaías era a glória do próprio Cristo (Is 6). E o próprio Tomé adorou a Cristo com estas palavras: "Senhor meu e Deus meu!" Todos os milagres de Jesus são prova de sua divindade, pois os realizava a partir de um poder inerente a si mesmo, ao contrário dos apóstolos. "Nas mesmas fontes documentárias devemos procurar a prova da Deidade do Espírito Santo." Moisés apresentou esta verdade no registro da criação, ao dizer que o Espírito de Deus pairava sobre as águas, manifestando seu poder sobre o caos. Outro testemunho vêm de Isaías: "Agora, o Senhor Soberano e seu Espírito me enviaram com esta mensagem..."; enaltecendo a presença do Espírito na autoridade dos Profetas e evidenciando sua majestade divina. Mas creio que a melhor confirmação desta verdade acontece em nossa experiência como cristãos, ao reconhecer no Espírito os atributos santos da divindade, sabendo que Ele está em todos os lugares, e ainda nos sustenta e dá vida, como igualmente nos renova para uma vida incorruptível. "Ora, as Escrituras nos ensinam em muitos lugares que por uma energia que não Lhe foi emprestrada, e sim que pertence a Ele mesmo - Ele é o Autor da regeneração. E não somente da regneração, mas também da futura imortalidade." É o próprio Espírito Santo quem nos capacita a sermos sábios e termos eficácia no falar - que são poderes próprios de Jeová. "Vem d´Ele o poder, a santificação, a verdade, a graça e toda bênção concebível."; cfe palavras de Paulo, atribuindo poder divino ao Espírito a fim de esclarecer que Ele é uma pessoa divina: "Tudo isso é distribuído pelo mesmo e único Espírito, que concede o que deseja a cada um." (1 Co 12.11). Agora, há "um testemunho que requer atenção especial": Paulo afirma que somos o templo de Deus, e a promessa do Espírito em nós é que realiza isto, cfe Agostinho: "Se tivéssemos sido ordenados a edificar um templo de madeira e de pedra para honrar o Espírito, essa teria sido prova clara da Sua Deidade: quanto mais clara então a prova que diz que não devemos edificar, mas sim, ser o templo d´Ele! E o Apóstolo Paulo diz num lugar que somos templo do Espírito Santo, com o mesmo significado. Além disso, quando Pedro repreende Ananias por ter mentido ao Espírito Santo, acrescenta: "Não mentiste aos homens, mas a Deus". (At 5.3-4). Veja que o Autor das profecias é verdadeiramente Jeová, reconhecido pelos profetas como o Senhor dos Exércitos, ao mesmo tempo que é confirmado por Cristo e pelos Apóstolos como sendo o Espírito Santo. A majestade do Espírito se revela pela rebeldia do povo que o entristece (Is 63.10) e pelo pecado contra Ele ser uma blasfêmia sem perdão (Mt 12.31; Mc 3.29; Lc 12.10). "Quando Cristo veio ao mundo, Deus Se revelou mais claramente do que nunca e, portanto, ficou sendo mais intimamente conhecido a nós no que diz respeito às Suas três pessoas. Dentre muitas passagens relevantes no Novo Testamento, bastará uma. (Ef 4.5): "Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de tudo, o qual está sobre todos, em todos, e vive por meio de todos.". O argumento é muito claro: "visto haver uma só fé, pode haver um só Deus; e visto haver um só batismo, pode haver uma só fé." Eis porque somos todos batizados no nome do único Deus verdadeiro, o qual, segundo Cristo ordenou, será em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. "Além disso, as Escrituras distinguem entre o Pai, o Verbo e o Espírito; mistério este que é tão grande que deve ser tratado com a máxima reverência e sobriedade." Gregório de Nazianzo: "Logo que contemplo um, estou cercado pela glória dos três; logo que meus pensamentos distinguem os três, são levados de volta ao um." Por isso é fundamental saber que reconhecer a Trindade é honrar a unidade do Deus único - sempre, pois o ensino das Escrituras indica distinção sem divisão. O Verbo esteve com Deus e desfrutou de Sua glória porque era distinto d´Ele. O Pai igualmente criou todas as coisas pelo Verbo porque é distinto d´Ele, sendo que não foi o Pai que desceu ao mundo, morreu e ressuscitou, mas sim, aquele que foi enviado pelo Pai. "Cristo infere que há uma distinção entre o Espírito e o Pai, ao dizer que o Espírito procede do Pai; e distingue o Espírito de Si mesmo ao chamá-LO "outro" - "O Pai vos dará outro consolador". Não desejo tratar deste mistério através de ilustrações naturais, ao mesmo tempo em que não posso me calar sobre uma distinção tão claramente definida nas Escrituras. "É da seguinte natureza: ao Pai é atribuído o começo da operação, a fonte e origem de todas as coisas; ao Filho, a sabedoria e o conselho, a dispensação de todo o governo; ao Espírito, o poder e a eficácia demonstrados na ação." E ainda que todos sejam igualmente eternos, como o próprio e único Deus é eterno; "no entanto, a observância de uma certa ordem em falar das pessoas divinas não é vã nem supérflua: o Pai é assim considerado o primeiro, o Filho é da parte do Pai, e o Espírito é da parte de ambos. Nossa mente pensa instintivamente em Deus como sendo o primeiro, e depois, da Sua Sabedoria que procede da parte d´Ele, e finalmente, do poder do Espírito pelo qual os decretos do Seu conselho são executados... Em nenhum lugar é isto mais claramente apresentado do que no cap 8 de Romanos, onde o mesmo Espírito é primeiramente chamado o Espírito de Cristo, e depois, o Espírito d´Aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos." Pedro confirma isto, pois esclarece que os Profetas falaram pelo Espírito de Cristo enquanto as Escrituras ensinam que foi pelo Espírito de Deus Pai que eles falaram, o que os torna igualmente Um. "E esta distinção entre as pessoas em vez de ser oposta à unidade da essência divina fornece uma prova disso. A unicidade do Filho com o Pai aparece nisto: que Eles tem um só Espírito; e o Espírito não pode ser algo diferente do Pai e do Filho por esta mesma razão que Ele é o Espírito do Pai e do Filho. De fato, em cada pessoa está a Deidade inteira, ao mesmo tempo que cada uma tem Sua própria personalidade distinta." Segundo Agostinho: "Cristo, quando considerado somente em relação a Si mesmo, é chamado Deus; em relação ao Pai, é chamado o Filho. E, outra vez, o Pai, considerado em Si mesmo, é chamado Deus; com respeito ao filho, é chamado o Pai. O Pai não é o Filho, e o Filho não é o Pai, mas o Pai e o Filho são o mesmo Deus." Portanto, é necessário afirmar com sobriedade que cremos em um só Deus,"único e indiviso, em quem há três pessoas; e, portanto, quando usamos o vocábulo "Deus" de modo indefinido, queremos dizer o Filho e o Espírito tanto quanto o Pai." Acerca do bom respeito à ordem da Trindade, sempre que citamos o nome do Pai junto do Filho, a palavra Deus servirá somente ao Pai, já que dizemos: o Filho de Deus e o Espírito de Deus. Pois quando honramos a ordem das Pessoas nós reverenciamos a essência Una de Deus, ao mesmo tempo em que não desprezamos a Divindade do Filho e do Espírito. (pgs 51 a 71 do Resumo das Institutas de J P Wiles)

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