sábado, 20 de março de 2021

PÁSCOA Cristã no CINEMA. "A Paixão de Cristo" e "Ressurreição".

A Páscoa está chegando e vale a pena dar uma olhada em bons filmes para nos auxiliar no entendimento do Evento fundamental do Cristianismo. Segue breve resenha e um comentário da Espiritualidade de dois filmes que evocam a Páscoa Cristã, A Paixão de Cristo e, Ressurreição. A PAIXÃO DE CRISTO, de Mel Gibson, com Jim Caviezel, 2004. A Páscoa de Jesus Cristo é o fato histórico em que Deus também explica o modo em que os pecados da humanidade são condenados, ao mesmo tempo em que os seres humanos ficam livres dessa maldição. O juízo divino é sempre um sofrimento por substituição, no contexto da Páscoa; pois um cordeiro morre no lugar dos filhos de Israel escravos no Egito. E Jesus também morre no lugar dos homens pecadores com fé em Deus Pai. Daí a dificuldade pra entender como Deus detesta o pecado, já que fica difícil enxergar a sentença Justa de Deus... quando a condenação recai sobre um inocente, como é Jesus de Nazaré. Assim, as cenas de tortura e assassinato de Jesus no filme "A Paixão" indicam o tamanho do juízo com que Deus Pai condena as maldades oriundas da corrupção do pecado, e do que isto causou na humanidade e na História. São realidades espirituais da Páscoa de Jesus que ganham no admirável filme do diretor Mel Gibson uma temporal representação nas fortes cenas de condenação e morte do Cristo de Deus, e dos homens. E sobre a produção do filme, veja que a direção de Gibson é excelente, bem digna de uma obra sobre o Messias; com algumas cenas cruciais que são significativas no seu esplendor espiritual. Como quando somos atemorizados pela cena da tentação de Jesus, que é conduzida pelo demoníaco ser espiritual Satanás, simbolizado na pessoa de uma mulher pálida como se fora um zumbi, que tudo que toca suga pra si. Ou então, na cena da recordação de Maria, que ao recordar a queda do Jesus menino, enquanto está diante do Messias dos homens caindo sob o peso da cruz, traduz um sentimento que aquece até o mais frio coração dos homens. Finalmente, eis que a lágrima do próprio Deus Pai se derrama como gota cortante e amplificada dos céus junto ao corpo morto de seu Filho único; pra revelar pra nós a dor e coração do próprio Deus Eterno. Situações históricas que a obra nos faz partilhar numa sinceridade vibrante através de cenas sabiamente filmadas. Jim Caviezel representa Jesus Cristo no filme e traz pra esse complexo Homem-Messias da história uma humanidade existencial iluminada. Ele preenche de sinceridade as cenas mais triviais e comuns, e torna reais algumas situações transcendentes que o Filho de Deus vivenciou junto aos homens no planeta. Como o olhar doloroso de Jesus, que alcança o Apóstolo Pedro em sua terceira negação, e que se torna um olhar sobre todos nós, a humanidade toda. E ensina mais do amor de Deus do que qualquer explicação. É um olhar carregado de dores devido ao desprezo do amigo, mas pleno de compaixão, pois origina da afeição divina pra conosco, a humanidade. Sim, Jesus permanece solidário até quando é atraiçoado. Coisas de Deus, afinal. A cena final que revela o modo como a morte de toda espécie foi superada por um ser humano aqui na Terra; na aguardada Ressurreição da nossa raça, é linda demais! Somos conduzidos caverna mortuária adentro e como que guiados pela luz do dia, vemos como os panos que envolviam o morto encontram-se, agora, vazios na pedra fria do sepulcro. De repente, quase sem perceber, partilhamos da descoberta maior da existência, ao verificar que aquele que na sexta-feira morreu, já respira de novo e vivo está na manhã de domingo! Enfim, se há coisas interessantes pra se fazer nesta Páscoa, que uma delas seja assistir o filme "A Paixão de Cristo". RESSURREIÇÃO, de Kevin Reynolds, com Joseph Fiennes, 2016. A Ressurreição de Jesus de Nazaré num domingo do Século Um é o primeiro dia do resto da vida da humanidade! Alguns de seus eventos históricos são representados no drama cinematográfico "Ressurreição", como lemos numa breve resenha do filme: "Às vésperas de um levante em Jerusalém, surgem rumores de que o Messias judeu ressuscitou. Um centurião romano agnóstico e cético (Joseph Fiennes) é enviado por Pôncio Pilatos para investigar a ressurreição e localizar o corpo desaparecido do já falecido e crucificado Jesus de Nazaré, a fim de subjugar a revolta eminente. Conforme ele apura os fatos e ouve depoimentos, suas dúvidas sobre o evento milagroso começam a sumir." (site: adorocinema). A inclusão do oficial romano em algumas das situações vividas pelos discípulos com Jesus nos 40 dias em que Ele permaneceu neste mundo após a Ressurreição, ajudam-nos a pensar na maneira como o Cristianismo deveria se desenvolver como religião; pois o propósito da religião é sempre "religar" o ser humano junto da presença divina. E o modo como o incrédulo, mas interessado oficial se aproxima dos cristãos, ao mesmo tempo em que deseja proteger a mente das ideias de Deus, é revelador da experiência das pessoas que estão sempre olhando pra Jesus, sem assumir o Cristianismo como sua religião de fé e prática. De outro lado, vemos como os discípulos de Jesus demonstram interesse pelo tribuno romano, ao mesmo tempo que se fecham em sua pequena comunidade, embora lutem pra obedecer as orientações de Jesus sobre amar o próximo. A partir disso, "Ressurreição" é um dos filmes mais reflexivos que assisti sobre religião, pois se torna um drama capaz de revelar as dificuldades dos cristãos em serem piedosos como determina sua fé e a vontade de Deus. O filme nos ajuda a perceber certas razões que fizeram o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer afirmar que as bases humanas da religião eram incapazes de conduzir o homem num relacionamento verdadeiro com Deus. Bonhoeffer declarou que aguardava o tempo da chegada de uma religião cristã "sem religião"; o que não significa que "Deus estava morto" ou que a Igreja não deveria existir, mas sim, que a essência da relação entre os seres humanos e Deus deveria se manter na Pessoa de Jesus Cristo. E não das organizações e atividades eclesiais, que muitas vezes são mais definidas pelo pensamento e objetivos dos homens. Daí a importância de prestar atenção nas situações históricas que mostram como os discípulos viviam logo após a Ressurreição de Jesus, nos quarenta dias em que o Cristo estava junto deles. E aqui entendemos melhor como eles superaram as barreiras grupais e teológicas, para conseguir conviver de modo abençoado com um não cristão interessado na religião. Sendo que as cenas em que o oficial romano consegue conviver bem com os discípulos são aquelas em que ocorrem as atividades mais comuns da religião cristã; durante uma refeição que alimenta o corpo e também, em meio a uma conversa sobre as verdades que alimentam o espírito. É isso! A religião que existe pra religar os homens a Deus alcançou seu objetivo! Afinal, Jesus ressuscitou também pra capacitar os discípulos a viver essas duas experiências: a comunhão da fraternidade e o anúncio das palavras da vida eterna. Trata-se da boa obra religiosa que Jesus Cristo conduz na Terra desde a sua Ressurreição, já que Ele prometeu estar junto de seus seguidores em espírito, até o fim dos tempos. Feliz Páscoa! E bons filmes. Autor: Ivan Rüppell Jr, Professor de Ciências da Religião e Teologia.

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