Os gritos do púlpito jamais serão tão ouvidos como os sussurros nas ruas! Essa frase carrega alguns dos valores cristãos do Pastor e Teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer, que buscou levar para a vida cidadã a teologia da igreja.
Nessa perspectiva, ele assumiu atitudes controversas para enfrentar o avanço nazista nas décadas de 1930 e 40, até ser preso por traição na Alemanha em 1945, após se associar a um grupo que buscou assassinar Hitler.
O drama histórico recém lançado nos cinemas, 'A Redenção: a História real de Bonhoeffer', é uma história excepcional com uma produção requintada para um filme tecnicamente irregular .
O destaque inicial fica para a decisão do diretor e roteirista Todd Komarnicki, de propor cenas importantes sobre as atitudes tomadas por Bonhoeffer em confronto ao totalitarismo sanguinário de Hitler e da Alemanha nazista.
Situações que revelam a ética e valores incomuns e surpreendentes do teólogo alemão - se comparadas ao conteúdo normalmente defendido por pensadores cristãos contemporâneos no ambiente politico e social.
De modo que, nesse aspecto essencial para se conhecer a personalidade de Bonhoeffer, o filme se torna uma reflexão valiosa aos espectadores do século 21.
Vindo daí o tema da espiritualidade do filme, pois é o Temor ao Senhor Jesus que conduz Bonhoeffer a assumir a ética de buscar agir do modo como ele entende que 'deve viver diante de Deus'!
Sendo essa uma decisão que, quando abraçada com coragem como o foi por Bonhoeffer, conduz o cristão a uma vida de discipulado profundo e sacrificial, diante das realidades cruas e complexas da existência humana.
O diretor Komarnicki falha ao investir no emocionalismo e na grandiloquência de sons e imagens para dramatizar a realidade maligna histórica do nazismo; algo em que não é feliz, pois o silêncio e simplicidade são a melhor comunicação do horror verdadeiro.
Falta também ao enredo, um bom número de citações expressas e mais amplas das proposições de Bonhoeffer acerca da Fé viva e do Discipulado real que devem conduzir o cristão, posto que seus pensamentos são reflexões únicas na história da teologia cristã - ainda que as declarações do teólogo no filme surjam de seus livros, 'Discipulado' e 'Vida em Comunhão'.
Nesse aspecto, uma outra biografia do teólogo no cinema, 'Bonhoeffer, o agente da graça' (2000), embora seja uma produção mais simples e com um número menor de cenas históricas, alcança o objetivo de comunicar tanto o pensamento teológico como a trajetória singular do pastor, numa narrativa cinematográfica envolvente e dinâmica.
Ainda, o manifesto final após o fim do filme, em contrariedade ao avanço atual do preconceito aos judeus - repetindo o que fora importante no filme 'O Som da Liberdade'; desta vez, não foi adequado.
Em meio a valiosos acertos e alguns erros inadequados, vale a pena assistir o filme, pois a história de Bonhoeffer é uma biografia cristã excepcional, que apresenta uma reflexão necessária sobre a essencial espiritualidade do Temor ao Senhor Jesus!
No caso do teólogo alemão, durante a sua trajetória única de discipulado cristão - em que sua visão pacifista foi confrontada pelo terror da opressão política e assassinatos sociais do nazismo; Bonhoeffer refletiu pensamentos valorosos sobre um cristianismo ancorado gravemente na Pessoa de Jesus Cristo.
Bonhoeffer entendia que a 'religião' (doutrina e instituição) do Cristianismo não deveria superar a Personalidade de Jesus de Nazaré, de modo que os sentimentos e atitudes do Cristo deveriam orientar mais profundamente a vida dos fiéis cristãos - do que as necessidades administrativas da igreja.
O entendimento de que o Cristianismo se fundamenta num relacionamento pessoal do cristão com Jesus, o qual vai gerar uma resposta íntima do fiel no cumprimento da vontade e mandamentos de Deus no cotidiano real de todos nós - se torna, então, o princípio que conduziu o coraçao de Bonhoeffer diante de Deus.
A verdade é que a Espiritualidade do Temor ao Senhor é uma experiência essencial e também desafiante. No caso de Bonhoeffer, sua confiança de que 'existia' agora no Amor de Deus, e sua decisão de obedecer fielmente ao Senhor o levaram a abraçar a máxima instrução do Apóstolo Tiago aos humildes na fé: "Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando." (Tiago 4.17).
Assim como Bonhoeffer, houveram diversos homens e mulheres de fé cristã cidadã na história, que se tornaram igualmente impactantes em suas épocas. Cada um deles semeou o Reino de Deus, com suas relevantes histórias espirituais de Temor ao Senhor Jesus! Bom filme.
autor. Ivan Santos Ruppell Jr é professor de teologia e ciências da religião, tendo publicado o livro, 'Resenhas espirituais de Meditações cinematográficas', editora Dialética, 2020.
C. S. Lewis escreveu o livro de ficção teológica 'Cartas do Inferno' para apresentar a Batalha Espiritual pelas almas da humanidade no cotidiano comum de todos nós. Como bem esclarece o Apóstolo Paulo na Carta aos Efésios, "nós não lutamos contra inimigos de carne e sangue, mas com governantes e autoridades do mundo invisível, contra grandes poderes neste mundo de trevas e contra espíritos malignos nas esferas celestiais." (cap. 6, 12). Essa realidade da existência transcendente dos seres humanos surge no primeiro anúncio bíblico do Evangelho de Jesus, o Messias, quando Deus fala para a serpente as seguintes palavras: "Farei que haja inimizade entre você e a mulher, e entre a sua descendência e o descendente dela. Ele lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar." (Gênesis, 3.15). O site da produtora traz a seguinte sinopse ao filme "Oficina do Diabo", que se baseia no livro de Lewis: "O demônio Fausto subiu do inferno para ajudar Nata...
Bonhoeffer era incrível, né? A mim, parece uma daquelas pessoas exemplares. Parafraseando meu tio, e Paulo, e a Bíblia (rs): "ser seguidor de Bonhoeffer como Bonhoeffer é de Cristo"... enfim. Ainda não vi o filme ainda, mas fiquei querendo vê-lo...
ResponderExcluirSim, um cristão de nossa época q tem muito a ensinar...
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