sábado, 24 de outubro de 2020

A Justificação pela Fé na Carta de Paulo aos Romanos

A doutrina cristã da "Justificação pela Fé", ensinada por Agostinho e revitalizada por Lutero se tornou uma bandeira da Reforma Protestante de Outubro de 1517, anunciando que a salvação religiosa do ser humano no cristianismo é um dom gratuito oferecido por Deus, que iremos receber somente pela fé; ponto! Para Lutero, "cada aspecto da fé depende dessa doutrina central e dominante, e escritores protestantes posteriores se referiam a isso como os articulus stantis et cadentis ecclesia - "artigos pelos quais a igreja permanece ou cai". (McGrath, 2012, p 62). Essa publicação é a primeira de uma série que iremos divulgar nesta "Semana da Reforma Protestante 2020", e seu conteúdo vai apresentar a mensagem de Paulo sobre o tema conforme foi descrito na carta aos romanos. Acompanhe a seguir, cerca de 40 versículos bíblicos sobre este tema que estão na carta entre os cap. 1 a 12, e faça suas próprias meditações acerca da Justificação pela Fé, segundo as Escrituras. TEXTO BIBLICO DA CARTA AOS ROMANOS: "Eu, Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo e enviado para anunciar as boas-novas de Deus, escrevo esta carta. Deus prometeu as boas-novas muito tempo atrás nas Escrituras Sagradas, por meio de seus profetas. Elas se referem a seu Filho, que, como homem, nasceu da linhagem do rei Davi, e, quando o poder do Espírito Santo o ressuscitou dos mortos, foi demonstrado que ele era o Filho de Deus. Ele é Jesus Cristo, nosso Senhor." (1.1-4). "Pois não me envergonho das boas-novas a respeito de Cristo, que são o poder de Deus em ação para salvar todos os que creem, primeiro os judeus, e também os gentios. As boas-novas revelam como opera a justiça de Deus, que, do começo ao fim, é algo que se dá pela fé. Como dizem as Escrituras: "O justo viverá pela fé". (1.16-17). "Pois bem, devemos concluir que nós, judeus, somos melhores que os outros? Não, de maneira nenhuma, pois já mostramos que todos, judeus ou gentios, estão sob o poder do pecado. Como afirmam as Escrituras: "Ninguém é justo, nem um sequer. Ninguém é sábio, ninguém busca a Deus. Todos se desviaram...". (...) "É evidente que a lei se aplica àqueles a quem ela foi entregue, pois seu propósito é evitar desculpas e mostrar que todo mundo é culpado diante de Deus. Pois ninguém será declarado justo diante de Deus por fazer o que a lei ordena. A lei simplesmente mostra quanto somos pecadores." (1.9-12, 19-20). "Agora, porém, conforme prometido na lei de Moisés e nos profetas, Deus nos mostrou como somos declarados justos diante dele sem as exigências da lei: somos declarados justos diante de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, e isso se aplica a todos que creem, sem nenhuma distinção. Pois todos pecaram e não alcançam o padrão da glória de Deus, mas ele, em sua graça, nos declara justos por meio de Cristo Jesus, que nos resgatou do castigo por nossos pecados. Deus apresentou Jesus como sacrifício pelo pecado, com o sangue que ele derramou, mostrando assim sua justiça em favor dos que creem... Com isso, Deus se mostrou justo, condenando o pecado, e justificador, declarando justo o pecador que crê em Jesus... Portanto, somos declarados justos por meio da fé, e não pela obediência à lei." (2.21-28). "Portanto, uma vez que pela fé fomos declarados justos, temos paz com Deus por causa daquilo que Jesus Cristo, nosso Senhor, fez por nós. Foi por meio da fé que Cristo nos concedeu esta graça que agora desfrutamos com segurança e alegria, pois temos a esperança de participar da glória de Deus." (5.1). "Pois bem, devemos continuar pecando para que Deus mostre cada vez mais sua graça? Claro que não! Uma vez que morremos para o pecado, como podemos continuar nele? Ou acaso se esqueceram de que, quando fomos unidos a Cristo Jesus no batismo, nos unimos a ele em sua morte? Pois, pelo batismo, morremos e fomos sepultados com Cristo. E, assim como ele foi ressuscitado dos mortos pelo poder glorioso do Pai, agora nós também podemos viver uma nova vida." (6.1-4). "Na verdade, estou dizendo que a lei de Deus é pecaminosa? Claro que não! Na verdade, foi a lei que me mostrou meu pecado. Eu jamais saberia que cobiçar é errado se a lei não disesse: "Não cobice". Mas o pecado usou esse mandamento para despertar dentro de mim todo tipo de desejo cobiçoso." (...) "O problema não está na lei, pois ela é espiritual e boa. O problema está em mim, pois sou humano, escravo do pecado. Não entendo a mim mesmo, pois quero fazer o que é certo, mas não o faço... E eu sei que em mim, isto é, em minha natureza humana, não há nada de bom, pois quero fazer o que é certo, mas não consigo. Quero fazer o bem, mas não o faço. Não quero fazer o que é errado, mas, ainda assim, o faço (...) Como sou miserável? Quem me libertará deste corpo mortal dominado pelo pecado? Graças a Deus, a resposta está em Jesus Cristo, nosso Senhor." (7.7-8, 14-19, 24-25). "Agora, portanto, já não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus. Pois em Cristo Jesus a lei do Espirito que dá vida os libertou da lei do pecado, que leva à morte. A lei não era capaz de nos salvar por causa da fraqueza de nossa natureza humana, por isso Deus fez o que a lei era incapaz de fazer ao enviar seu Filho na semelhança de nossa natureza humana pecaminosa e apresenta-lo como sacríficio por nosso pecado. Com isso, declarou o fim do domínio do pecado sobre nós, de modo que nós, que agora não seguimos mais nossa natureza humana, mas sim o Espírito, possamos cumprir as justas exigências da lei." (8.1-4). "Aqueles que são dominados pela natureza humana pensam em coisas da natureza humana, mas os que são controlados pelo Espírito pensam em coisas que agradam o Espírito... Vocês, porém, não são controlados pela natureza humana, mas pelo Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, a ele não pertence." (8. 5,9). "Portanto, irmãos, vocês não tem de fazer o que sua natureza humana lhes pede, porque, se viverem de acordo com as exigências dela, morrerão. Se, contudo, pelo poder do Espírito, fizerem morrer as obras do corpo, viverão, porque todos que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Pois vocês não receberam um espírito que os torne, de novo, escravos medrosos, mas sim o Espírito de Deus, que os adotou como seus próprios filhos. Agora nós o chamamos "Aba, Pai", pois o seu Espírito confirma a nosso espírito que somos filhos de Deus." (8.12-15). "E o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos orar segundo a vontade de Deus, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos que não podem ser expressos em palavras... E sabemos que Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que o amam e que são chamados de acordo com seu propósito. Pois Deus conheceu de antemão os seus e os predestinou para se tornarem semelhantes à imagem de seu Filho, a fim de que ele fosse o primeiro entre muitos irmãos... Que podemos dizer diante de coisas tão maravilhosas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?... E estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o que existe hoje nem o que virá no futuro, nem poderes, nem altura nem profundidade, nada, em toda a criação, jamais poderá nos separar do amor de Deus revelado em Cristo Jesus, nosso Senhor." (8.26-29, 31, 35-39). "Portanto, irmãos, suplico-lhes que entreguem seu corpo a Deus, por causa de tudo que ele fez por vocês. Que seja um sacrifício vivo e santo, do tipo que Deus considera agradável. Essa é a verdadeira forma de adora-lo. Não imitem o comportamento e os costumes deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma mudança em seu modo de pensar, a fim de que experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para vocês." (12.1-2). BREVE Interpretação de Romanos 1.17: "As boas-novas revelam como opera a justiça de Deus, que, do começo ao fim, é algo que se dá pela fé. Como dizem as Escrituras: "O justo viverá pela fé". Comentário da Bíblia de Genebra: "1.17 a justiça de Deus. Essa é a frase-chave da epístola aos Romanos (3.21; 5.19; 10.3), regularmente explicada na epístola como "justiça... através (ou da) fé" (3.22; 9.30; 10.6). Na qualidade de juiz justo e reto, Deus justifica ou declara reto, por meio da morte de seu Filho, aqueles pecadores que confiam em Cristo com verdadeira fé (3.21-26; 5.10). A leitura deste versículo, por parte de Lutero, exerceu um decisivo impacto em sua compreensão sobre a justificação. Paulo acentua o fato de que o evangelho reclama a necessidade da fé. "O justo VIVERÁ pela fé": o verso se refere à vida em contraste com a morte espiritual, e a vida no sentido de uma contínua comunhão com Deus. Do princípio ao fim, viver piedosamente significa confiar em Deus e depender de sua graça." (p 1318, 1319). REFERÊNCIAS: Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. McGrath, Alister. Revolução Protestante / tradução Lena e Regina Aranha. - Brasília, DF : Palavra, 2012. Bíblia Sagrada: Nova Versão Transformadora : letra grande / - 1. ed. - São Paulo : Mundo Cristão, 2016.

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