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APOLOGÉTICA. AULA 5. Seminário Presbiteriano do sul - extensão Curitiba, 2025.

ORIENTAÇÃO. Esse texto tem objetivo didático de orientação para a disciplina Apologética do Curso de Teologia do Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba. O texto contém resumos e citações longas, de diversos livros e obras, devendo ser utilizado somente como apoio do estudo da disciplina. Professor Ivan Santos Rüppell Jr, 2025. ITEM 1. PANORAMA HISTÓRICO. CONTEXTO. Patrística e Idade Média. (citação*) "O Cristianismo e a Idade Média. (...) Fundamentos Culturais e Teológicos: a Patrística e a Escolástica. O pensamento teológico de Santo Agostinho. (...) Ainda que o período inicial (primeiro milênio) da Idade Média seja denominado de Idade das Trevas, devido ao total controle que a Igreja Cristã exercia sobre a busca do conhecimento e a vivência cultural da humanidade, os períodos patrístico (anos 100 a 451) e escolástico (1300 a 1500) são considerados aqueles em que ocorreram alguns dos movimentos religiosos e intelectuais mais importantes da história. Foram épocas em que se buscou relacionar de forma harmônica a perspectiva racional da filosofia grega e os ensinamentos religiosos cristãos, no propósito de que as doutrinas do evangelho de Cristo fossem percebidas como coerentes e inteligíveis para a razão. Nesse contexto, o pensamento filosófico cristão somente se cristalizou como uma realidade conceitual na Idade Média porquanto fora gestado anteriormente a partir da razão oriunda da cultura grega e sob a segurança do poderio político do império romano. (Nauroski, 2017, p 32). Esse poder imperial tornou-se um braço governamental eclesiástico do Cristianismo assim que o imperador Galério (311) fez cessar a perseguição aos cristãos e Constantino promulgou o edito de Milão (313), o que propiciou a liberdade de culto público à fé cristã. Esse fato promoveu uma reconciliação entre Igreja e Estado, numa situação em que os entes políticos apoiavam inclusive, a prática de debates teológicos, pois as autoridades desejavam solucionar diversas controvérsias doutrinais. O objetivo era de que houvesse uma igreja una e indivisa em todas as regiões, o que fez a teologia cristã atingir seu apogeu enquanto definia nos credos ecumênicos os fundamentos de sua fé religiosa. (McGrath, 2013, p 43)." (Ruppell Jr e Turetti, 2020, Intersaberes). ITEM 2. TEÓLOGOS DA PATRÍSTICA. A defesa da fé. Há seis escritores que devem ser destacados no período patrístico. Justino Mártir, 100-165; provavelmente o maior apologeta do ségundo sec. na defesa cristã diante dos conceitos pagãos, tendo escrito "Primeira apologia" propondo que havia "sinais da verdade cristã em grandes escritores pagãos", vindo a desenvolver a doutrina da palavra geradora (logos spermatikos) pela qual Deus preparou o conhecimento do evangelho através de indícios na filosofia clássica. "Justino, nos fornece um importante exemplo inicial da tentativa de um teólogo em relacionar o evangelho à perspectiva da filosofia grega", como costume na Igreja do Oriente. (McGrath, p. 44-45, 2005). Ireneu de Lion, 130-200; Nascido na Turquia e sendo Bispo em Lion em 178, foi defensor da ortodoxia cristã diante do gnosticismo, tendo desenvolvido argumentos sobre a importância da tradição diante de interpretações não-cristãs, especialmente na obra, "Contra as Heresias". (p. 45, 2005). Orígenes, 185-254; tornou-se grande defensor do cristianismo no séc. III, desenvolvendo a interpretação alegórica no objetivo de diferenciar entendimento superficial do espiritual nas escrituras, sendo que, ao propor reflexão indicando diferenças entre a divindade plena do Pai e a divindade limitada do Filho, pode ter gerado as interpretações do arianismo. Tertuliano, 160-225; considerado Pai da teologia latina por sua importância na igreja do Ocidente. Orientou os fundamentos da doutrina da Trindade ao se opor ao pensamento de Marcião, que afirmava haverem deuses distintos no AT e NT. "Ele se opunha intensamente ao fato de a teologia ou a apologética cristãs tornar-se dependentes de fontes estranhas às Escrituras." Refletiu fortamente contra os da Academia de Atenas, criticando o uso de filosofias seculares na busca do conhecimento de Deus, valorando a suficiência das Escrituras. Atanásio, 296-373; foi importante ao tratar de temas valiosos no séc. IV, como na obra "a encarnação do verbo" em defesa de como Deus assumiu a natureza humana em Cristo, vindo a ser importante diante da controvérsia ariana; nos argumentos de que Deus não poderia salvar a raça humana se fosse somente uma criatura agindo, em Cristo; apontando ainda, que a igreja seria idólatra caso viesse adorar a Cristo, se ele fosse meramente humano. (p. 46, 2005). Agostinho de Hipona, 354-430. (citação:*) "Um importante personagem desse contexto foi Santo Agostinho, ou Aurélio Agostinho, que nasceu no norte da África em 354 d.C., e tendo sido criado pela mãe no conhecimento da fé cristã, acabou abandonando essa religião na juventude, vindo a retornar após ouvir as mensagens do Bispo Ambrósio de Milão, para ser batizado em 387, até tornar-se Bispo da Igreja em Hipona no ano de 396. Agostinho “pregou e escreveu prolificamente sobre controvérsias teológicas até sua morte... é considerado um dos maiores pensadores cristãos, e seus ensinamentos continuam a influenciar o pensamento cristão em todo o mundo ocidental.” (Fortino, 2014, p 221) Algumas das mais importantes controvérsias teológicas assumidas por Agostinho, que era tanto um entusiasta como também um crítico do pensamento de Platão, foram opostas diante dos maniqueus , quando ele defendeu a importância da autoridade da instituição, posto que não teria crido no Evangelho sem que isso lhe fosse determinado pela Igreja; e também, em um confronto junto aos donatistas, em que defendia a existência de uma autoridade universal da igreja, em detrimento do que se afirmava ser apenas um poder local. O debate mais famoso de que participou ocorreu a partir do ano 412, diante do monge britânico Pelágio, acerca do tema da graça de Deus, numa meditação sobre qual seria a amplitude do livre arbítrio do homem quando da percepção e desenvolvimento de sua salvação religiosa; sendo que a posição assumida por Agostinho afirmava que a humanidade era incapaz de voltar-se para Deus se não fosse pela graça de Cristo. (Chadwick e Evans, 2007, p 30) Ao tratar desse tema religioso que versava sobre a soberania de Deus e a responsabilidade humana, Agostinho defendia fortemente o ensino cristão da importância e realidade das duas proposições. O pensamento agostiniano compreende que o ser humano é incapaz de buscar a verdade de Deus, pois o episódio da Queda colocou a humanidade numa situação existencial débil e que inclina a vontade da espécie para o mal. Portanto, somente quando Deus visita o ser com a graça de Cristo é que a humanidade se torna capaz de exercer uma vontade livre, sendo ainda, conduzida por Deus nos passos que deverá caminhar em sua salvação: “A graça, de acordo com Agostinho, é um favor generoso e totalmente imerecido que Deus concede à humanidade, por meio do qual esse processo de restauração pode ser iniciado.” (McGrath, 2005 p 510) “A natureza humana foi, com certeza, originalmente criada sem culpa e sem pecado (vitium); mas essa natureza, que cada um de nós agora herda de Adão, precisa de um médico, pois está enferma... a deficiência que ofusca e incapacita todas essas excelentes habilidades naturais, motivo pelo qual essa natureza precisa ser iluminada e restaurada, não tem origem no criador irrepreensível, mas no pecado original, cometido por intermédio do livre arbítrio (liberum arbitrium). Por essa razão, nossa natureza culpada está sujeita a uma punição justa. (...) Mas Deus, que é rico em misericórdia... ressuscitou-nos para a vida em Cristo, por meio de cuja graça somos salvos. Mas essa graça de Cristo, sem a qual nem as crianças nem os adultos podem ser salvos, não é concedida como recompensa por méritos próprios, mas é gratuitamente (grátis) concedida e, por esse motivo, é chamada graça (gratia).” A nova realidade política e social que abrangia positivamente o Cristianismo através dos movimentos do Império Romano desde o século IV até a metade do século V (451), transformou a Igreja Católica numa força institucional que ampliou consideravelmente seus limites espirituais e territoriais enquanto Constantino estabelecia a cidade de Bizâncio (futura Constantinopla, atual Istambul) como a sede do Império em 330." (Ruppell Jr, e Turetti. Interesaberes, 2020). ITEM 3. (Texto complementar). SÍNTESE da Idade Média Antiga: o evangelho e o neoplatonismo (do século 5 ao 10). "O homem cujo pensamento proporcionaria a estrutura para a cultura medieval foi Agostinho de Hipona (354-430 d.C.), cujo livro A cidade de Deus haveria de moldar o pensamento de gerações ao longo do milênio seguinte." (Goheen e Bartholomew, p. 123, 2016). Agostinho dedicou-se firmemente na tarefa de contextualizar o evangelho em sua época, porém, estudiosos entendem que há indícios de proposições neoplatônicas no pensamento do grande filosófo e teólogo cristão, tanto por seu passado platônico como por ele ser discípulo de Ambrósio, pensador neoplatônico. Agostinho teve destaque na defesa do ponto de vista cristão sobre a criação, indo contra a visão neoplatônica de uma criação má, deu destaque à evidência do pecado em sua perspectiva religiosa e não criacional, vindo a propor que a redenção inclui aspectos de restauração da vida presente. No entanto, na obra "A cidade de Deus", Agostinho parece dedicar atenção para aspectos neoplatônicos, ao propor que o povo de Deus se preocupe em demasia com a cidade celestial, em detrimento da realidade humana; sendo algo que, mesmo não sendo tão explicito ou claro no pensamento de Agostinho, acabou por reverberar um valor demasiado espiritual para o cristianismo do período medieval: "Na visão de Agostinho (...) a esfera espiritual transcendente era a única esfera que de fato importava". "Essa orientação vertical deixaria profundas marcas no imaginário medieval: a vida humana estava cada vez mais voltada para a esfera "espiritual". (p. 124, 2016). Neste sentido, entende-se que "a orientação medieval voltada para o céu tem, portanto, elementos tanto cristãos quanto pagãos. O elemento neoplatônico pagão produziu uma orientação transcendental e vertical que solapava o viver cristão autêntico; mesmo assim, a influência cristã no período medieval moldou aquela cultura de maneiras que trariam muitos benefícios às gerações subsequentes." (Goheen, p. 124, 2016). PARÁGRAFO. SÍNTESE da Idade média tardia: o cristianismo platonizado e Aristóteles (do século 11 ao século 13). Os primeiros séculos do novo milênio viram uma Europa dedicada aos negócios e cultura, tecnologia e sociedade. "O elemento vertical e de negação do mundo característico da cosmovisão da Alta Idade Média foi confrontado por um interesse crescente neste mundo." (p. 125, 2016). O conflito de valores entre o pensamento do novo milênio diante do pensamento da era medieval foi valorado pela renovação do interesse em Aristóteles, quando universidades tiveram acesso às obras do filósofo, de modo que as proposições neoplatônicas mais espirituais do cristianismo medieval seriam confrontadas com as proposições de valor à realidade terrena da humanidade. De forma que, "o espírito mais secular e naturalista de Aristóteles rapidamente ganhou impulso na sociedade medieval." (p. 125, 2016). A atuação de Tomás de Aquino surge neste contexto, em que o teólogo buscou valorar a orientação espiritual cristã da idade medieval, sem desprezar o valor da vida experiencial humana que se buscava entender e desenvolver no decorrer da Idade Média. "Tomás de Aquino estava comprometido com a autoridade da Bíblia, ao mesmo tempo que também procurava dentro de sua fé um lugar para Aristóteles." (p. 125, 2016). Tomás de Aquino valorizava a criação e igualmente a vida cultural da humanidade como dons virtuosos e benditos de Deus, anotando que a observação razoável da realidade servia para bom conhecimento das obras de Deus. No desenvolvimento de suas ideias no interesse de valorar ambos os aspectos da realidade a partir da perspectiva do Deus Criador e Sustentador cristão, Tomás de Aquino propôs uma estrutura dualista que integrava ambas as visões, porém, as apresentando em um mundo superior, espiritual e transcendente, e um mundo inferior, físico e humano. "Ele, porém, subordinou tudo isso à alma, à igreja, à fé, à verdade revelada, à natureza ímpar da vida cristã e à teologia. (a seguir, um destaque crítico do autor:) No sistema filosófico de Aquino, a vida cultural ainda não é livre para se desenvolver como era o propósito de Deus." (Goheen, p. 126, 2016). Enquanto Agostinho entendia que a razão e razoabilidade deveriam servir à teologia, Aquino entende que as proposições e observações racionais também devem ser usadas empiricamente, no entendimento e percepção das leis naturais e sociais do mundo. "Essa nova definição conduziria a um interesse cada vez maior no mundo natural e a um aumento da confiança no poder da razão de compreender este mundo. Aqui se encontram as sementes da ciência moderna." (p. 126, 2016). Analistas entendem que a proposição de Aquino buscava valorar as duas realidades e ainda, mantê-las debaixo da graça de Deus, que a tudo move e sustenta, no entanto, teólogos como João Duns e Guilherme de Ockham (séculos 13 e 14) desligaram o andar de cima do debaixo, vindo a esquecer dos fundamentos bíblicos e da unidade cuidadosa desenvolvida por Aquino. "Nos séculos subsequentes, o andar de baixo - o do mundo natural, da vida cultural e da razão - foi sendo cada vez mais desvinculado do de cima. De fato, a maior parte da vida humana seria separada da autoridade de Deus e do poder do evangelho. A razão foi divorciada da fé (...) Nessas divisões estão as sementes do secularismo que logo floresceria na história do Ocidente (...) Se Deus e o cristianismo já eram basicamente irrelevantes para a maior parte da vida, por que não tornar completa sua irrelevância? (...) O secularismo que conhecemos atualmente tem sua fonte nas ideias de teólogos escolásticos da Idade Média Tardia." (Goheen, p. 127, 2016). O pensador Newbigin citado pelo autor reflete que mesmo com esse desenvolvimento negativo em alguns aspectos, acerca da proximidade entre cristianismo e cultura pagã que foi a tônica do primeiro milênio e início da Idade Média (praticamente entre os séculos 1 até 13), não se deve deixar de observar o modo positivo em que o cristianismo foi estabelecido como um valor e fundamento na vida cultural e social da Europa neste período da história. Ao observar a civilização hindu na Índia, formatada em valores religiosos distintos, Newbigin enaltece as conquistas político-sociais e humanitárias presentes na Europa, destacando o modo como a "cultura ocidental tem sido positivamente moldada pelo evangelho e que ainda vivemos, em grande parte, do capitual espiritual que ela gerou." (Goheen e Bartholomew, p. 128, 2016). REFERÊNCIAS. FRAME, James W Sire. Breve cartilha de apologética. Edit Cultura Cristã, São Paulo, 2023. MCGRATH, Alister. Apologética pura & simples. Vida Nova, São Paulo, 2013. RÜPPELL Jr, Ivan e TURETTI, Marli. O Cristianismo e a civilização ocidental. Editora Intersaberes, 2020, Curitiba PR. GOHEEN E BARTHOLOMEW, Introdução à cosmovisão cristã. Vida Nova. São Paulo, 2016.

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