segunda-feira, 14 de agosto de 2023

CREDOS E CONFISSÕES. Texto 2. Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba, 2023.

Esse texto tem objetivo didático de orientação para a disciplina Credos e Confissões do Curso de Teologia do Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba. O texto contém resumos e citações longas, devendo ser utilizado somente como apoio do estudo da disciplina. Professor Ivan Santos Rüppell Jr, 2023. CREDO APOSTÓLICO. "O termo "credo" em nosso idioma é a própria palavra latina credo. Como essa palavra indica, trata-se de uma declaração de fé. É uma tentativa de resumir os pontos principais daquilo que os cristãos creem. Não é um texto exaustivo, nem é essa sua intenção." (p. 13, Mcgrath, 2013). Os evangelhos apresentam algumas situações em que as declarações de fé em Jesus como o Messias ocorriam, anotando a confirmação desta fé nos batismos e "em nome do Senhor Jesus". "Parece que a forma mais simples do primeiro credo cristão foi apenas "Jesus é o Senhor". (Rm 10.9; 1Co 12.3; 2Co 4.5; Fp 2.11). A declaração de fé que indica a afirmação de que Jesus é o Cristo, agrega a confissão da "lealdade do crente a Jesus Cristo e seu compromisso com ele." (p. 13, 2013). Essa afirmação de fé reconhece Jesus como Senhor da nossa vida e declara que iremos viver de acordo com a vontade dele. No decorrer do tempo, surgiram as situações em que era preciso esclarecer e desenvolver esse testemunho básico, com respostas para as questões sobre Quem é Deus, sobre Jesus, e sobre o Espírito Santo. Assim, "no quarto século, o Credo Apostólico como o conhecemos hoje já tinha adquirido uma fórmula mais ou menos fixa", com as variações posteriores sendo pequenas, até não mais existirem no sétimo século. Observe que "o Credo Apostólico é um resumo excelente dos ensinos dos apóstolos acerca do evangelho, apesar de não ter sido de fato escrito pelos apóstolos." (p. 14, 2013). Aos que se tornavam cristãos na igreja primitiva, e em situações e celebrações propícias, como às próximas à Páscoa, surgia a experiência coletiva em que os novos discípulos "recitavam o Credo juntos" no que agora já entendiam, pois haviam sido instrúidos anteriormente. Neste momento, ocorria o batismo, como símbolo e "demonstração pública de que o fiel morrera para o mundo e nascera para uma nova vida em Jesus Cristo." Sendo que, um momento essencial e valioso, e também perigoso devido às perseguições, desta celebração ocorria quando da declaração pública de fé em Jesus, que o crente deveria assumir. "O crente, contudo, não se limitava a recitar um credo. Antes de ser batizado, cada indivíduo era indagado se cria pessoalmente no evangelho." (p. 14-15, 2013). "Historicamente, portanto, o Credo era a profissão de fé dos convertidos na ocasião do batismo e constituía o fundamento da instrução deles." (p. 16, 2013). No decorrer dos primeiros séculos do Cristianismo, surgiram duas controvérsias doutrinárias que se tornaram ocasiões para o desenvolvimento de conteúdos mais amplos sobre as bases da fé, como houve na controvérsia diante de Ário, acerca da relação entre Jesus e Deus. Assim surgiu em 451 d.C. o Credo Niceno no Concílio de Calcedônia, com o dobro de texto do Credo Apostólico, no objetivo de afirmar a divindade de Jesus. A segunda questão que gerou outra declaração de fé cristã no início do Cristianismo, foi sobre o tema da Trindade. Assim, o Credo Atanasiano discorria sobre as pessoas e relações do Pai, Filho e Espírito Santo, vindo a se tornar o credo com mais texto e conteúdo dentre estes três. LEITURA DOS TRÊS CREDOS. (p. 16, 2013). SOBRE O CREDO APOSTÓLICO, "o mais simples e mais antigo credo da igreja. Todas as tradições cristãs reconhecem a importância e a autoridade dele como padrão de doutrina. Estudar o Credo Apostólico é investigar um elemento fundamental da herança cristã comum a todos nós. É uma afirmação das convicções básicas que unem os cristãos de todo o mundo e de todos os séculos." (p. 16-17, 2013). CITAÇÃO. Texto aula 1. “O período patrístico representa um dos mais empolgantes e criativos da história do pensamento cristão... Todos os principais ramos da igreja cristã – incluindo as igrejas anglicanas, ortodoxa oriental, luterana, reformada e católica romana – consideram o período patrístico como um marco decisivo na evolução da doutrina cristã. Cada uma dessas igrejas se considera como uma continuação, uma extensão e, naquilo que for necessário, uma crítica às visões dos escritores da igreja primitiva.” O símbolo e representação teológica de unidade conceitual que identifica as mais diversas igrejas e denominações que são consideradas pertencentes ao Cristianismo no decorrer da história recebeu sua forma fixa no período patrístico, ainda no decorrer do quarto século, através da finalização do conteúdo do “Credo Apostólico”. Essa declaração contendo os elementos essenciais da fé cristã tornou-se o conteúdo a ser afirmado por todos aqueles que desejavam ser batizados a fim de se tornarem cristãos nas cerimônias de recepção de novos convertidos à religião do Cristianismo, as quais começaram a ser organizadas desde os primeiros movimentos da Igreja primitiva. A seguir, destacamos alguns de seus principais elementos: “Creio em Deus, o Pai todo-poderoso, criador dos céus e da terra. Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, Ele foi concebido por obra do Espírito Santo e nasceu da virgem Maria... Foi crucificado, morto e sepultado... Ressuscitou no terceiro dia, Subiu aos céus e está sentado à mão direita do Pai... Creio no Espírito Santo... na ressurreição do corpo e na vida eterna. Amém.” Observe a grande influência da religião do Cristianismo em nossa sociedade, a partir do conhecimento cotidiano contemporâneo que todos temos acerca do próprio conteúdo do Credo Apostólico; sendo este um aspecto revelador do modo em que esta religião se tornou uma força cultural da civilização ocidental." (Mcgrath, 2005). CREDO APOSTÓLICO E NICENO. Naturezas de Cristo. Doutrinas da Trindade, Igreja e da Graça. O Concílio de Nicéia. Ainda que Tertuliano tivesse desenvolvido o pensamento sobre o Deus único e as Três pessoas, a doutrina da Trindade permanecia um tema incompreendido. Nesse contexto, o Pastor Ário de Alexandria e defensor da teologia grega, ensinava no ínicio do quarto século a unicidade de Deus, bem como a incapacidade dele ser conhecido. Ário escreveu a obra Thalia, apresentando que Jesus era divino mas não imortal, sendo ainda, um ser criado, de forma que Jesus era um com o Pai, mas não deveria ser percebido como Deus verdadeiro. Como a cultura e o intelecto gregos entendiam que Deus era um ser impossível de ser conhecido, as ideias de Ário alcançaram protagonismo, sendo que suas proposições avançavam tanto pela sua pregação entusiasta, como até por canções que apresentavam seus princípios. No entanto, Alexandre, bispo de Ário, entendia que Jesus só poderia salvar a humanidade se fosse plenamente Deus, vindo a condenar Ário em uma reunião da igreja. Isto fez surgir defensores de Ário, gerando um conflito que fez Constantino definir por conduzir uma solução para essa questão religiosa, que o imperador considerava pior do que guerras, já que envolvia questões da eternidade da alma. Foi nesse contexto que Constantino promoveu um Concílio de todo o império em Nicéia, na Ásia, em 325. Ário teve oportunidade de falar e defendeu que Jesus era o Filho criado de Deus, sendo diferente do Pai, de modo que a assembléia decidiu negar essas ideias, vindo a desenvolver o tema na busca de um conteúdo afirmativo para a questão. Assim surgiram as afirmações sobre Deus Pai e Deus Filho, sendo Jesus declarado como "Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial com o Pai"; sendo que essa expressão "consubstancial" foi expressamente defendida, no uso do termo grego "homoousious" que significa igual, ao invés de "homoiousious" que se refere a semelhante e similar. Após a expulsão do concílio de Ário e dois bipos que o acompanharam, a doutrina de Ário ainda teve apoio por algumas décadas, numa situação em que o diácono de Alexandria, Atanásio, que se fez Bispo, começou a enfrentar o pensamento de Ário, em meio a um conflito bastante importante que ocorria na igreja do Oriente, acerca deste tema. A decisão final veio com a confirmação das decisões de Nicéia no Concílio de Constantinopla, ocorrido em 381. Observe que "o Concílio de Niceia foi convocado tanto para estabelecer uma questão teológica quanto para servir de precedente para questões da igreja e do Estado." (p. 38-40, Curtis, 2003). "O Credo Niceno é a versão mais longa do credo (mais especificamente conhecido como "Credo Niceno Constantinopolitano"), que inclui um conteúdo adicional relacionado à pessoa de Cristo e à obra do Espírito Santo... esse credo introduz fortes declarações acerca de sua unidade com Deus, incluindo as expressões "Deus de Deus" e "consubstancial ao Pai". Como parte integrante de sua polêmica contra os arianos, o Concilio de Nicéia (junho/325) formulou uma breve declaração de fé, fundamentada em um credo batismal, adotado em Jerusalém. Esse credo pretendia afirmar a plena divindade de Cristo, em oposição ao entendimento dos arianos, que defendiam sua condição de criatura, e incluía quatro condenações explícitas às perspectivas arianas, bem como três artigos de fé." (McGrath, p. 55, 2005). "As duas naturezas de Cristo". "As duas doutrinas, em relação às quais pode-se afirmar que o período patrístico deu uma contribuição decisiva, referem-se à pessoa de Cristo (... Cristologia) e à natureza de Deus. Essas duas doutrinas estão organicamente ligadas uma à outra. Até o ano 325, a igreja primitiva havia chegado à conclusão de que Jesus era "um em substância" (homoousios) com Deus. (um em existência, ou consubstancial). As implicações dessa afirmação cristológica eram duas: em primeiro lugar, consolidava, sob o ponto de vista intelectual, a importância espiritual de Jesus para os cristãos; porém, em segundo lugar, representava um poderoso desafio às concepções simplistas de Deus. Pois se Jesus é considerado como aquele que "é um em substância" com Deus, então toda a doutrina sobre Deus deve ser revista à luz dessa crença. Por esse motivo, o desenvolvimento histórico da doutrina da Trindade é considerado posterior ao surgimento de um consenso cristológico no seio da igreja." (McGrath, p. 56, 2005). A CONTROVÉRSIA ARIANA. "Ário enfatiza a auto-subsistência de Deus. Deus é a única fonte de toda a criação; nada existe que basicavamente não seja derivado de Deus. Esta visão de Deus, que muitos comentaristas sugeriram ser devido muito mais à filosofia helenística do que à teologia cristã, claramente levanta a questão da relação do Pai com o Filho. Atanásio, crítico de Ário, em sua obra Against the Arians (Contra os arianos), retrata-o como responsável pelas seguintes afirmações em relação a esta questão: "Deus nem sempre foi Deus pai. Houve um tempo em que Deus estava só e não era ainda Deus Pai. Somente mais tarde ele tornou-se Deus Pai. O Filho nem sempre existiu. Todas as coisas foram criadas do nada... assim, o Logos de Deus veio a existir do nada. Houve um tempo em que ele não era. Antes de ele vir a ser, ele não existia. Sua existência também teve um início." Essas declarações são extremamente importantes e trazem-nos ao cerne do arianismo... O Pai é considerado como aquele que existia antes do Filho. "Houve um tempo em que ele não era". Esta afirmação decisiva situa o Pai e o Filho em posições diferentes, sendo consistente com a rigorosa insistência de Ário de que o Filho é uma criatura. Apenas o Pai "não foi gerado"; o Filho, como todas as outras criaturas, deriva-se dessa única fonte de existência... o Filho não é como qualquer outra criatura. Há uma distinção de posição entre o Filho e as demais criaturas, incluindo os seres humanos... Um importante aspecto da distinção que Ário faz entre o Pai e o Filho diz respeito à incapacidade de conhecer a Deus... Ário reforça sua lógica defendendo que o Filho não pode conhecer ao Pai: "Aquele que tem um princípio não está em posição de compreender ou entender aquele que não o tem."... Tal é a distância estabelecida entre eles, que o Filho por si mesmo não pode conhecer o Pai. Em comum com todas as outras criaturas, o Filho é dependente da graça de Deus, se ele (o Filho) tiver de executar a função, qualquer que seja ela, que lhe for atribuída. São considerações como essas que levaram os críticos de Ário a defender que, no âmbito da revelação e da salvação, o Filho está precisamente na mesma posição que as outras criaturas... Os oponentes de Ário eram facilmente capazes de apresentar uma série de passagens bíblicas que apontavam para a unidade fundamental entre o Pai e o Filho. Fundamentado na controvertida literatura do período, fica claro que o quarto evangelho era de muita importância nesse debate, sendo as passagens de João 3.35; 10.30; 14.10; 17.3 e 17.11, frequentemente debatidas. (...) Atanásio tinha pouco tempo para as diferenças sutis de Ário... Para Atanásio, a afirmação de que Jesus Cristo era uma criatura tinha duas consequências decisivas, cada qual com implicações igualmente negativas para o arianismo. Primeiro, Atanásio defende que somente Deus é capaz de salvar. Deus, e somente Deus, pode romper o poder do pecado e trazer-nos a vida eterna. Uma característica essencial da criatura reside em sua necessidade de redenção. Nenhuma criatura pode salvar uma outra. Apenas o criador pode redimir a criação. Tendo enfatizado que somente Deus pode salvar, Atanásio elabora assim um raciocínio difícil de ser rebatido pelo arianismo. O Novo Testamento e a tradição litúrgica cristã consideram Jesus como Salvador. Entretanto, como Atanásio enfatizou, apenas Deus pode salvar. Assim, como podemos compreender isso? A única solução possível, conforme defende Atanásio, é aceitar que Jesus é Deus encarnado. A lógica de seu argumento é a seguinte: 1. Nenhuma criatura pode redimir uma outra criatura. 2. De acordo com Ário, Jesus Cristo é uma criatura. 3. Portanto, de acordo com Ário, Jesus Cristo não pode redimir a humanidade. (a seguir, argumentos da Escritura e tradição) 1. Somente Deus pode salvar. 2. Jesus Cristo salva. 3. Portanto Jesus Cristo é Deus. A salvação, para Atanásio, envolve a intervenção divina. Atanásio, portanto, interpreta João 1.14 argumentando que "a Palavra tornou-se carne": em outras palavras, Deus assumiu a condição humana, com a finalidade de transforma-la. O segundo ponto defendido por Atanásio é que os cristãos oram e adoram a Jesus Cristo. Para a teologia cristã, isso representa um excelente exemplo da importância das práticas cristãs relativas à adoração e à oração. Até o século IV, a oração e o culto a Cristo eram características comuns da maneira pela qual o culto público acontecia... Atanásio, desse modo, argumenta que Ário parece culpado de tornar o modo de orar e de adorar dos cristãos em algo sem sentido. Ele argumenta ainda, que os cristãos estavam corretos ao adorar Jesus Cristo, porque ao fazê-lo, eles o reconheciam por aquilo que ele era: o Deus encarnado. A controvérsia ariana teve de ser resolvida de alguma maneira, para que a paz fosse estabelecida no interior da igreja. O debate veio a concentrar-se em torno de dois termos, como possíveis descrições da relação do Pai com o Filho. O termo homoiousios, "de substância similar", era visto por muitos como um acordo sensato, permitindo que a proximidade entre o Pai e o Filho fosse assegurada sem requerer qualquer especulação adicional sobre a precisa natureza dessa relação. Entretanto, o temo rival homoousios, "da mesma substância" ou "da mesma essência", eventualmente veio a destacar-se... Este último incorpora um entendimento bastante diferente da relação entre o Pai e o Filho... O Credo Niceno... de 381, declarava que Cristo era "da mesma substância" que o Pai. Essa afirmação veio a ser, desde essa época, amplamente considerada como um marco da ortodoxia cristológica no âmbito das principais igrejas cristãs, quer protestantes, quer católicas, quer ortodoxas." (Mcgrath, p. 414-417, 2005). "Concílios. O Concílio de Nicéia (325) foi convocado por Constantino, o primeiro imperador cristão, a fim de solucionar os desentendimentos cristológicos que desestabilizavam seu império. Esse foi o primeiro "concílio ecumênico" (isto é, uma assembléia de bispos vindos de todo o mundo cristão, cujas decisões eram tidas pelas igrejas como normativas). O Concílio de Nicéia... pôs fiz à controvérsia ariana, declarando que Jesus era homoousios ("um em existência" ou "um em substância") com o Pai, rejeitando, portanto, a posição ariana, em favor de uma veemente afirmação da divindade de Cristo. O Concílio de Caldeônia (451), foi o quarto concílio ecumênico, confirmou as decisões tomadas no Concílio de Nicéia e respondeu a novas polêmicas a respeito da humanidade de Cristo, que haviam surgido posteriormente." (McGrath, p. 57, 2005). CREDO APOSTÓLICO. Declarações. Conceitos. CREIO. 1. "Fé" significa aceitação. Ter fé é crer que determinadas coisas são verdadeiras. "Creio em Deus" significa "acredito que existe um Deus" ou "em minha opinião, Deus existe". (...) 2. "Fé" significa confiança. Quando declaro que "Creio em Jesus Cristo", não estou apenas dizendo que em certa época houve um homem chamado Jesus. Estou anunciando minha confiança nele... A fé é o modo que o nosso ser inteiro se comporta em relação à pessoa de Deus... A fé diz sim a Deus. É uma decisão, um ato deliberado de confiar em Deus. Os cristãos não apenas creem - eles creem em alguém. (...) 3. "Fé" significa compromisso... Quando os cristãos convertidos declaravam que criam em Deus, em Jesus Cristo e no Espírito Santo, professavam publicamente seu compromisso com o evangelho... "Creio em Deus" significa "assumi um compromisso com Deus". Acreditar em Deus é pertencer a ele. De modo reiterado, as Escrituras nos estimulam a pensar em nossa fé como uma relação pessoal com Deus... 4. "Fé" é obediência... Paulo fala de forma enfática sobre "a obediência que vem pela fé" (Rm 1.5). (Rm 1.8 e 16.19)... Somos chamados para praticar, e não apenas ouvir a Palavra de Deus (Tg 1.22; 2.14-20). DEUS PAI TODO PODEROSO. "O Pai todo-poderoso". "1. Deus. Quando fala de Deus, o Credo se refere ao "Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Pe 1.3). Não está tratando de um conceito filosófico de Deus, mas do Deus que se revelou nas Escrituras e, de modo extraordinário, em Jesus Cristo. Não se refere a uma noção abstrata de Deus, mas ao Deus vivo e pessoal a quem os cristãos cultuam e adoram." (...) 2. Pai. Qualquer ideia de Deus de um ente ou força impessoal é imediatamente descartada quando nos referimos a Deus como "Pai". A Oração do Senhor (ou Pai-Nosso) talvez seja o exemplo mais conhecido de Deus sendo tratado dessa maneira (Mt 6.9), apesar do tratamento Aba ser mais íntimo (Mc 14.36; Rm 8.15; Gl 4.6). (...) A afirmação "Deus é nosso pai" significa que Deus é semelhante a um pai humano. Em outras palavras, Deus tem ações análogas às de um pai. Em alguns aspectos, se parece com um pai humano, noutros, não. Existem pontos de semelhança genuínos. Deus toma conta de nós, assim como um pai humano toma conta de seus filhos. (v. Mt 7.9-11). Deus é a origem suprema de nossa existência, assim como nossos pais nos deram origem. (a imagem do Pai celestial também está em nós, o Senhor Deus exerce autoridade sobre nós, Ele sabe nossas fraquezas e dificuldades)... Todavia, também há pontos verdadeiramente distintos. Falar de Deus como "Pai" não quer dizer que ele é um ser humano, por exemplo. Nem tampouco a necessidade de uma mãe humana indica a necessidade de uma mãe divina. Deus se revela em imagens e ideias associadas ao mundo de nossa existência cotidiana, mas isso não o reduz a este nosso mundo cotidiano... É uma analogia... Ainda assim, é um modo extremamente expressivo e útil de pensar em Deus. (...) 3. Todo Poderoso. (todo poder e autoridade deste mundo originam de Deus, e todos são responsáveis diante de Deus pelo que são e fazem, e o que é impossível ao homem é possível a Deus, e a fidelidade de Deus é garantida por seu poder). Criador dos céus e da terra. Dizer que Deus é "nosso Pai" é falar de sua autoridade e seu cuidado, mas também é falar de seu poder criador. Existimos porque Deus nos criou. Tudo que vemos no mundo foi criado por Deus e pertence a ele... O universo reflete a sabedoria, o poder e a majestade do Deus que o criou. (Rm 1.20). (Porém, o conhecimento de Deus na natureza é limitado, de forma que as Escrituras anunciam a verdade do Senhor e Jesus revela a expressão exata do Ser de Deus). "A suprema manifestação do contínuo cuidado e envolvimento de Deus com sua criação é seu ato de redenção em Jesus Cristo. A criação é o palco em que se encena o grande drama da redenção. Ao nos redimir, Deus entrou como um de nós no mundo que criou (Jo 1.14). O prólogo do Evangelho de João (Jo 1.1-18) deixa claro que a obra da redenção está intimamente ligada à da criação. Deus não abandonou suas criaturas depois do pecado." (...) Pensar em Deus como Pai é muito útil no que diz respeito à oração (Mt 7.9-11)... Reconhecer que o mundo pertence a Deus tem importantes implicações para o entendimento de nossas responsabilidades neste planeta. Fomos colocados na criação de Deus para cuidar dela e cultivá-la (Gn 2.15)." (McGrath, p. 21 a 42, 2013). Sobre o conhecimento e declarações acerca de Deus no Credo Apostólico, segue pensamento de John Stott, sobre o Deus Criador, Sustentador, Soberano, Pai e Juiz. No destaque de entendimento de Stott sobre a pregação do Apóstolo Paulo em Atenas (Atos 17), anotamos certas perspectivas de conhecimento e da comunicação das verdades da Pessoa de Deus. Conforme Sott, Paulo "proclamou Deus em sua plenitude, como Criador, Sustentador, Soberano, Pai e Juiz. Tudo isso é parte, ou, no mínimo uma introdução necessária ao evangelho. Muitas pessoas tem rejeitado o evangelho não por entenderem que ele é falso, mas por considerarem sua mensagem trivial. Elas estão à procura de uma visão de mundo integrada, que faça sentido à sua experiência de vida. Paulo nos ensina que não podemos pregar o evangelho de Jesus separado da doutrina de Deus, ou falar da cruz sem falar da criação, ou da salvação sem o juízo, e vice-versa." (2007, p. 334). REFERÊNCIAS. MCGRATH, Alister. Teologia sistemática, histórica e filosófica. Uma introdução à teologia cristã. Shedd publicações. tradução Marisa de Siqueira Lopes. São Paulo, 2005. MCGRATH, Alister. Creio. Um estudo sobre as verdades essenciais da fé cristã no Credo Apostólico. São Paulo, Vida Nova, 2013. STOTT, John. A Bíblia toda o ano todo. São Paulo, 2007. Curtis, A kenneth, Lang, J Stephen e Petersen, Randy. Os 100 acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo. Editora Vida, São Paulo, 2003. Autor. Ivan Santos Rüppell Jr é professor, advogado e ministro licenciado da Igreja Presbiteriana.

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