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APOLOGÉTICA AULA 9. Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba, 2025.

Esse texto tem objetivo didático de orientação para a disciplina Apologética do Curso de Teologia do Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba. O texto contém resumos e citações longas, de diversos livros e obras, devendo ser utilizado somente como apoio do estudo da disciplina. Professor Ivan Santos Rüppell Jr, 2025. ITEM 1. APOLOGÉTICA CONTEMPORÂNEA. A Veracidade da Fé Cristã. (William Lane Craig). Citações. "QUE É APOLOGÉTICA? APOLOGÉTICA (Do grego apologia, "defesa") é o ramo da teologia cristã que procura apresentar uma explicação racional para as verdades afirmadas pela fé cristã. (...) A apologética serve especificamente para mostrar aos incrédulos a veracidade da fé cristã, para fortalecer essa fé nos salvos e para estudar e apresentar as ligações entre a doutrina cristã e outras verdades. Como disciplina teórica, portanto, a apologética não tem como alvo principal ensinar a responder a questionamentos, a debater ou evangelizar, mas como ciência ela ajuda a fazer tudo isso na prática. Isso significa que um curso de apologética não tem o propósito de ensinar você a responder "assim e assado" quando alguém pergunta "isso e aquilo". (p. 16, 2012). (...) "Deixe-me expor três papéis vitais que a disciplina da apologética tem hoje. 1. Formar a cultura. Os cristãos precisam enxergar além dos seus contatos evangelísticos imediatos para captar o quadro mais amplo do pensamento e cultura ocidentais. Em geral, a cultura ocidental é profundamente pós-cristã. É o produto do Iluminismo, que introduziu na cultura europeia o fermento do secularismo que a essa altura já permeou toda a sociedade ocidental. (ideias iluministas: livre pensamento e conhecimento somente pela razão; a teologia não é fonte de conhecimento; razão e religião são incompatíveis; a realidade dada pelas ciências genuínas é conhecimento amplo e natural). "Por que essas considerações sobre cultura são importantes? Simplesmente porque o evangelho nunca é ouvido isoladamente. Sempre é ouvido contra o pano de fundo do ambiente cultural em que a pessoa vive. (A pessoa que nasce num ambiente cultural cristão entende que Jesus é uma autoridade viável, enquanto que outras o colocam no patamar de fadas e duendes). A Europa tem 10% de cidadãos cristãos e metade destes tem orientação evangélica, enquanto que na América do Norte os cristãos superam mais da metade da população. "Como resultado, o evangelismo é incomensuravelmente mais difícil na Europa do que nos Estados Unidos. (...) (Assim, para que os Estados Unidos não sigam o Canadá e alcancem a Europa, "é imperativo que formemos todo o clima intelectual da nossa cultura de tal maneira que o cristianismo continue sendo uma opção viva para homens e mulheres pensantes. É por essa razão que os cristãos que depreciam o valor da apologética "porque ninguém vêm a Cristo por meio de argumentos" são tão míopes. (...) A tarefa mais ampla da apologética cristã é ajudar a criar e manter um ambiente cultural em que o evangelho possa ser ouvido como uma opção intelectualmente viável para homens e mulheres pensantes." (p. 16-17). "No seu artigo "Christianity and Culture", na véspera da controvérsia fundamentalista, J. Gresham Machen, o grande teólogo de Princeton, advertiu solenemente: "Ideias falsas são o maior obstáculo à recepção do evangelho. Podemos pregar com o fervor de um reformador e mesmo assim ganhar somente alguém que está vagando aqui e acolá, se permitirmos que todo o pensamento coletivo da nação ou do mundo seja controlado por ideias que, pela força irresistível da lógica, impedem que o cristianismo seja considerado algo mais do que um engano inofensivo". (p. 17). (...) "Na Europa vimos o resultado amargo da secularização, que agora ameaça a América do Norte. Felizmente, nos Estados Unidos em anos recentes emergiu dos cubículos fundamentalistas um evangelicalismo revitalizado que começou a enfrentar com seriedade o desafio de Machen. Estamos vivendo uma época em que a filosofia cristã está experimentando um renascimento genuíno, revigorando a teologia natural, numa época em que a ciência está mais aberta à aceitação da existência de um Criador e Designer transcendental do cosmo do que em qualquer época de memória recente, e numa época em que a crítica bíblica está empreendendo uma nova busca do Jesus histórico que trata os evangelhos seriamente como fontes históricas valiosas para a vida de Jesus e tem confirmado as linhas principais do retrato de Jesus pintado nos Evangelhos. Estamos bem situados intelectualmente para ajudar a reformular a nossa cultura de maneira tal a recuperar o terreno perdido, para que o evangelho possa ser ouvido como uma opção viável para as pessoas pensantes. Imensas portas de oportunidades estão abertas agora para nós". (p. 17-18, 2012). ITEM 2. APOLOGÉTICA E EVANGELIZAÇÃO. Como complemento a esse tema, vamos abordar o contéudo de Alister Mcgrath. Segundo ele, a apologética busca conversar sobre temas e questões fundamentais da realidade da sociedade em que vivemos, no objetivo de "mostrar que a fé cristã pode proporcionar respostas significativas a essas questões. Onde está Deus em meio ao sofrimento do mundo? A fé em Deus é racional? (assim) A apologética limpa o terreno para a evangelização, da mesma maneira que João Batista preparou o caminho para vinda de Jesus de Nazaré." (p. 20, 2013). Dessa forma, a apologética purifica o coração e mente para o anúncio da fé cristã, enquanto que a evangelização convoca uma resposta ao evangelho anunciado: "enquanto a apologética tem como alvo assegurar o consentimento, a evangelização quer assegurar o compromisso", conforme David Bosch: "Evangelização é a proclamação da salvação em Cristo aos que não creem nele, chamando-os ao arrependimento e à conversão, anunciando-lhes o perdão dos pecados e convidando-os a se tornar membros vivos da comunidade terrena de Cristo para uma vida de serviço a outras pessoas no poder do Espírito Santo." (McGrath, p. 20, 2013). Neste contexto, a apologética poderá anunciar a coerência e razoabilidade da queda e do pecado, utilizando a história secular, servindo-se ainda, do vazio e distância diante de Deus e conforme sensações de busca e vazio do ser humano. "A tarefa da apologética, portanto, consiste em preparar o caminho para a vinda de Cristo, assim como alguém tira pedras e outros obstáculos da estrada." (p. 20, 2013). "A apologética argumenta, ao passo que a evangelização convida", sendo que o objetivo da apologética é esclarecer dúvidas e tratar enganos, desenvolvendo conteúdos que giram ao redor da vivência e experiência da fé. A apologética não oferece o pão ao faminto, mas demonstra que ele tem fome. Em Lucas 14.15-24, Jesus faz apologética ao esclarecer os ouvintes sobre a realidade de uma festa e do que eles irão encontrar lá, para que desejem ser convidados; conforme Blaise Pascal: "fazer com que as pessoas boas queiram que (a fé cristã) seja verdadeira para depois lhes mostrar que ela, de fato, é" (Mcgrath, p. 21. 2013). A apologética promove o anseio pelas questões e verdades da fé, enquanto a evangelização convida para a experiência da fé diante de Jesus, o Cristo Salvador. "A apologética confirma e proclama quanto o evangelho é plausível e desejável; a evangelização chama as pessoas para que o acolham e partilhem de seus benefícios." A apologética não é evangelização e requer a evangelização, sendo que a apologética tem um objetivo "importante e específico a desempenhar na interação da comunidade cristã com o mundo, além de estimular e desenvolver a fé dos crentes em Cristo." (p. 22, 2013). TEXTO COMPLEMENTAR. Evangelização. Cultura e Capelania. REFERÊNCIAS. CRAIG, William Lane. Apologética Contemporânea. tradução A. G. Mendes, Hans Udo Fuchs, Valdemar Kroker. - 2. ed. - São Paulo: Vida Nova, 2012. AUTOR. Ivan S Rüppell Jr é professor de ciências da religião e teologia, Igreja Presbiteriana do Brasil.

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