quinta-feira, 19 de outubro de 2023

SÍMBOLOS DE FÉ. Conteúdo Geral de Introdução. Sem Presb do Sul - extensão Curitiba, 2023.

Esse texto tem objetivo didático de orientação para a disciplina Credos e Confissões do Curso de Teologia do Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba. O conteúdo é desenvolvido através de citações e resumos e deve ser utilizado para propósito didático no Seminário. Professor Ivan Santos Rüppell Jr, 2023. CONFISSÃO DE FÉ DA GUANABARA. A doutrina e denominação presbiterianas foram estabelecidas no Brasil a partir da chegada do Missionário Ashbel Green Simonton, em 1859. No entanto, nos dois séculos após o descobrimento do Brasil, surgiram movimentos de implantação da fé reformada em nossa nação. Em 10 de novembro de 1555, o militar francês Nicolas de Villegaignon chegou na baía da Guanabara, sendo bem recebido pelos nativos, vindo a se estabelecer na ilha de Sergipe, onde foi edificado o Forte Coligny. Villegaignon solicitou a João Calvino o envio de missionários ou colonos de fé protestante, no objetivo de desenvolver valores e a fé reformada na região, com a Igreja Reformada de Genebra enviando um grupo de cristãos sob os cuidados dos pastores Pierre Richier e Guillaume Chartier, os quais chegaram na Guanabara em 10 de março, realizando em pequeno local no centro da ilha uma celebração de gratidão, sendo este o primeiro culto protestante das Américas. Villegaignon se desentendeu com os protestantes franceses (huguenotes) e os obrigou a deixar a colônia, em partida que ocorreu em 4 de janeiro de 1558, no entanto, cinco deles voltaram e foram bem recebidos, vindo depois a serem acusados de traição. Villegaignon "formulou um questionário sobre pontos doutrinários e lhes deu doze horas para responderem por escrito. O resultado foi a bela Confissão de Fé da Guanabara ou Confissão Fluminense." (p. 41, Nascimento e Matos, 2007). Villegaignon entendeu que suas respostas eram heréticas e os condenou a morte, alguns naquele momento e outros durante os próximos anos, de modo que Jean Du Bourdel, Matthieu Verneil, Pierre Bourdon e Jacques Le Balleur "ficaram conhecidos como os mártires calvinistas do Brasil." (Matos, p. 41, 2007). A segunda tentativa de implantação do cristianismo reformado iria ocorrer somente no século seguinte, com os holandeses chegando a Salvador em 1624, sendo expulsos, mas vindo a se estabelecer no Recife, Olinda e grande parte do nordeste a partir de 1630. A CONFISSÃO de Fé da Guanabara. Após os huguenotes serem expulsos da Guanabara por Villegaignon, observou-se que as condições do barco em que iriam retornar não iria permitir a sobrevivência de todos, e assim, 5 homens se ofereceram para retornar: Pierre, Jean, Matthieu, André Lafon e Jacques. Ao serem declarados hereges e traidores por Villegaignon, os cinco huguenotes deveriam responder a um questionário doutrinário em até 12 horas, tendo somente o texto das Escrituras para utilizar e formar seu conteúdo. Jean Du Bourdel preparou as respostas por seu conhecimento em latim e capacidade literária, vindo a preparar o texto que foi lido diante dos companheiros: "o resultado foi a Confissão de Fé da Guanabara ou Confissão Fluminense. Cada um a assinou de próprio punho, indicando que a recebia como sua própria." (p. 44). A Confissão de Fé de Guanabara pode ser definida como um "credo", sendo que o formato e quantidade de textos a posicionam como uma "confissão de fé", se tornando, assim, um dos primeiros documentos reformados confessionais, posto que, "a Confissão Galicana (1559), a Confissão Belga (1561), o Catecismo de Heidelberg (1566) e a Confissão de Fé de Westminster (1648) são todos posteriores." (p. 44). Destacamos três características no documento: "a) é uma confissão de fé bíblica: está repleta de referências e argumentos extraídos diretamente das Escrituras; b) é uma confissão de fé cristã: expressa convicções e conceitos dos primeiros séculos da igreja; c) é uma confissão de fé reformada: contém pontos importantes do calvinismo, como a centralidade das Escrituras, a natureza simbólica dos sacramentos, a supremacia de Cristo, a importância da fé, o batismo infantil e a eleição, dentre outros." A Confissão de Fé da Guanabara contém 17 parágrafos que desenvolvem temas definidos: - doutrina da Trindade, com ênfase nas naturezas humana e divina de Cristo; - doutrina dos sacramentos, sobre Ceia e Batismo; - questão do livre arbítrio; - autoridade dos ministros; - divórcio e casamento de bispos; - intercessão e oração pelos mortos. "O texto faz diversas referências aos concílios da igreja antiga e aos pais da igreja, revelando os conhecimentos históricos dos seus autores (...) utilizam uma linguagem tirada do Credo Niceno (381) e de Calcedônia (451). As expressões "o Filho eternamente gerado do Pai" e "o Espírito Santo, procedente do Pai e do Filho" (Filioque) são bem conhecidas na história da teologia". A Confissão destaca 4 personagens da história da igreja; que são: Tertuliano (160), Cipriano (200), Ambrósio (339) e Agostinho (354). (Matos, p. 44-45, 2007). SÍMBOLOS DE FÉ. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ACERCA DAS CONFISSÕES DE FÉ PROTESTANTES. O Período de consolidação da doutrina Protestante. Ao mesmo tempo em que a Reforma Protestante atualizava de modo distinto na história a autoridade das Escrituras, as diversas visões diferentes de interpretação entre os líderes da reforma também se tornava uma realidade, especialmente no pensamento distinto entre os "reformadores magisteriais" (que respeitavam as autoridades) e os "reformadores radicais" (mais revolucionários diante do Estado). Nesse contexto, surgiu a necessidade de definições "oficiais" que pudessem esclarecer tanto o que pensavam como o que desejavam os reformadores do cristianismo, sendo que, segundo McGrath, "as confissões de fé desempenhararm essa função (...) (posto que) em termos gerais, considera-se que os teólogos protestantes reconheciam a existência de três níveis ou categorias de autoridade: 1. As Escrituras. Eram consideradas pelos reformadores magisteriais como a autoridade suprema em matéria de dogma e conduta cristãos. 2. Os credos do cristianismo. Esses documentos, como, por exemplo, os credos Apostólico e Niceno, eram considerados pelos reformadores magistrais como representativos do consenso da igreja primitiva, bem como interpretações precisas e autorizadas das Escrituras. (os credos eram considerados textos secundários em relação às Escrituras, e serviam para delimitar o individualismo da reforma radical) A autoridade desses credos era reconhecida tanto por protestantes quanto por católicos, bem como por vários elementos pertencentes à corrente dominante da Reforma. 3. As confissões de fé. Esses documentos eram tidos como oficiais por determinados grupos integrantes da Reforma. Assim, as igrejas luteranas primitivas reconheciam a autoridade da Confissão de Augsburg (1530) (embora nem todos os grupos protestantes entendessem desta forma)... Para exemplificar, pode-se mencionar o fato de que as confissões de fé específicas foram elaboradas por alguns grupos. Algumas estavam vinculadas à Reforma em determinadas cidades - por exemplo, a Primeira Confissão da Basiléia (1534) e a Confissão de Genebra (1536). Portanto, o padrão básico adotado pelos integrantes da Reforma era o de reconhecimento das Escrituras como autoridade de caráter primário e universal; dos credos como autoridade de caráter secundário e universal e das confissões de fé como de caráter terciário e local (pelo fato de essas confissões ser consideradas obrigatórias somente por uma denominação ou igreja de determinada região). Na Reforma, a constituição da ala reformada foi um processo complexo que resultou no fato de que várias Confissões - cada qual ligada a uma determinada região - tornaram-se influentes. As seguintes possuem importância especial. 1559, Confissão Gálica, França. 1560, Confissão Escocesa, Escócia. 1561, Confissão Belga, Países Baixos. 1563, Trinta e Nove Artigos, Inglaterra. 1566, Segunda Confissão Helvética, Suíça Ocidental." (Mcgrath, p 109-110, 2005). CONFISSÕES DE FÉ REFORMADAS. Introdução. O contexto histórico destas Confissões de Fé origina do período em que as igrejas reformadas desenvolveram Sete Confissões, as quais foram comparadas por nossos autores a fim de que seu conteúdo fosse apresentado em sua singularidade e harmonia para conhecimento dos estudantes e fiéis. "As igrejas reformadas dos séculos 16 e 17 produziram várias coleções de confissões reformadas ortodoxas que diferenciavam a fé reformada tanto do Catolicismo Romano como de outros grupos de igrejas protestantes." Conforme vimos anteriormente, as Confissões de Fé formam um terceiro grupo de anúncio e declaração da Palavra de Deus para os Cristãos protestantes, sendo que a Bíblia (Escrituras) é o documento primário, o Credo Apostólico é o documento secundário e as Confissões são o documento terceiro, sendo que as Confissões de Fé Cristãs Reformadas limitam o seu texto ao conteúdo das Escrituras, enquanto buscam fundamentar e esclarecer a interpretação bíblica estabelecida por essa vertente cristã oriunda do século 16, a partir da Reforma Protestante. Neste grupo de confissões reformadas que serão base da comparação de harmonia desenvolvida pelo livro base desse texto e aula, temos: as confissões da "família suiça", que são a Primeira Confissão Helvética (1536), a Segunda Confissão Helvética (1566), e a Fórmula de Consenso Helvética (1675). A "família anglo-escocesa", que contém a Confissão da Escócia (1560), com os Trinta e Nove Artigos (1563), a Confissão de Fé de Westminster (1646-47) e os Catecismos Maior e Breve de 1647. E ainda, a denominada "família germânico-holandesa", que apresenta três formas: a Confissão de Fé Belga (1561), o Catecismo de Heidelberg (1563) e os Cânones de Dort (1618-19). Sendo que, "as sete mais adotadas pelas várias denominações reformadas... são as Três Formas de Unidade, a Segunda Confissão Helvética e a Confissão e os Catecismos de Westminster." O propósito dos organizadores da comparação e apresentação da visão singular destas Confissões, é de que "esta harmonia permitirá fácil acesso ao conteúdo das grandes confissões reformadas e também ajudará os cristãos holandeses reformados, os húngaros reformados, os ingleses presbiterianos e outros cristãos reformados a apreciar mais profundamente as confissões desses diversos grupos (...) A beleza deste livro é que ele ressalta a harmonia entre as confissões reformadas, a despeito da diversidade de suas inúmeras tradições históricas." (todas as citações anteriores são do autor, Joel R. Beeke). A CONFISSÃO BELGA tem seu nome dado a partir dos países baixos, atualmente denominados Holanda e Bélgica, sendo que seu autor foi o Pastor Reformado Guido de Brès. "Durante o século 16, as igrejas reformadas na Holanda sofreram forte perseguição sob o comando de Filipe II da Espanha, partidário da Igreja Católica Romana. Em 1561, de Brès preparou esta confissão em francês como uma defesa para os crentes reformados perseguidos nos Países Baixos que formaram as assim chamadas "igrejas sob a cruz". (...) A confissão foi moldada a partir da Confissão Gaulesa, uma confissão reformada francesa de 1559 que, por sua vez, se baseava no modelo de Calvino... a Confissão Belga segue o que se tornou a ordem doutrinária tradicional da teologia sistemática reformada: as doutrinas a respeito de Deus (teologia, artigos 1-11), do homem (antropologia, 12-15), de Cristo (cristologia, artigos 16-21), da salvação (soteriologia, artigos 22-26), da igreja (eclesiologia, artigos 27-35) e dos últimos acontecimentos (escatologia, artigo 37)." Essa Confissão Belga carrega um forte apelo de unidade ao apresentar suas declarações como pensamento de toda uma comunidade, tendo sido enviada ao rei Filipe II com a promessa de que os fiéis cristãos que a seguiam tinham o propósito de seguir retamente as leis e obedecer as autoridades, sendo algo que não encontrou lugar no coração das lideranças da Espanha, culminando com o martírio do autor de Brès em 1567. "A Confissão Belga foi prontamente recebida pelas igrejas reformadas na Holanda depois de sua tradução para o holandês em 1562." O professor de teologia Zacarias Ursino desenvolveu o CATECISMO DE HEIDELBERG sob orientação do princípe Frederico III, no interesse de preparar um conteúdo "reformado com o objetivo de instruir os jovens e orientar pastores e professores", sendo considerado um "catecismo de beleza e impacto incomuns, uma reconhecida obra-prima", o qual acabou aprovado pelo Sínodo de Heidelberg no ano de 1563, tendo recebido outras três edições alemãs, além de ter sido traduzido ao holândes. "As 129 perguntas e respostas do Catecismo de Heidelberg estão divididas em três partes, padronizadas de acordo com a Epístola aos Romanos... as perguntas 3-11 se referem à experiência do pecado e à miséria (Rm 1-3, 20); as perguntas 12-85 se referem à redenção em Cristo e à fé (Rm 3.21-11.36), juntamente com uma longa exposição do Credo dos Apóstolos e dos sacramentos: as perguntas 86-129 abordam a verdadeira gratidão pelo livramento dado por Deus (Rm 12-16), basicamente por meio de um estudo dos Dez Mandamentos e da Oração Dominical... seu conteúdo é mais subjetivo que objetivo, mais espiritual que dogmático... (tendo) sido chamado "o livro de conforto" para os cristãos." O Catecismo de Heidelberg foi traduzido para o holândes em 1563 e foi aceito grandemente em toda Holanda, sendo uma base de orientação para as pregações dos ministros holandeses, vindo a ser aprovado nos "Sínodos de Wesel (1568), de Emden (1571), de Dort (1578), de Haia (1586) e de Dort (1618-19), que oficialmente o adotaram como a segunda das Três Formas de Unidade", além de ter sido traduzido posteriormente para nações de toda Europa e línguas diversas da África e Àsia. "A SEGUNDA CONFISSÃO HELVÉTICA é de importância muito maior (que a primeira)", tendo surgido de um testemunho pessoal escrito por Heinrich Bullinger no ano de 1562. A cidade de Zurique estava acometida de grande peste, e Bullinger dedicou-se a revisar o documento diante da morte próxima, que não houve para ele, sendo a ocasião em que Frederico III solicitou uma confissão reformada, vindo a receber do líder protestante uma cópia da confissão, a qual Frederico utilizou como defesa na Dieta Imperial de 1566, devido a críticas de Lutero em alguns posicionamentos do príncipe. "Depois de algumas revisões, numa conferência em Zurique no mesmo ano, a confissão foi aceita por Berna, Biel, Genebra, os Grisons, Muhlhausen, Schaffhaunsen e St. Gall. Depois, foi amplamente aprovada na Escócia, na Hungria, na Polônia e em vários outros lugares." Esta confissão é um "manual compacto da teologia reformada"... tendo como cenário a edição definitiva das Institutas de Calvino (1559) e a Contra-Reforma, reunida em Trento (1545-1563)... tendo como ponto de partida as Escrituras, ela avança pelas ideias da teologia sistemática, abordando questões características da Reforma e de Calvino: a pregação de que a Palavra de Deus é a Palavra de Deus (cap 1); Cristo é o espelho no qual devemos contemplar a nossa eleição (cap 10); a providência e a predestinação recebem tratamentos separados; o corpo e o sangue de Cristo não são recebidos carnalmente, mas espiritualmente, ou seja, por intermédio do Espírito Santo...". A Segunda Confissão Helvética tornou-se um "valioso testemunho das obras e da fé de Heinrich Bullinger", tendo sido traduzida para o inglês, holandês, polônes, italiano, turco, árabe etc; sendo percebida como "uma declaração madura da teologia reformada para a segunda metade do século 16". CÂNONES DE DORT (1618-1619). "O Sínodo de Dort foi realizado para resolver uma série de controvérsias nas igrejas holandesas, iniciada pelo surgimento do Arminianismo. Jacob Armínio... divergia da fé reformada em vários pontos...". A reunião das igrejas reformadas da Holanda na cidade de Dordrecht entre os anos de 1618 e 1619 recebeu vinte e sete delegados de oito países, que se juntaram aos sessenta e dois representantes da Holanda. Armínio viveu até 1609, e em 1610 alguns de seus defensores apresentaram suas postulações na assembleia da Holanda; ensinando uma eleição embasada na fé posterior dos homens que seria base para a decisão anterior de Deus sobre eles, um caráter universal da salvação em Cristo, a condição do livre arbítrio numa visão de depravação parcial da humanidade, a condição do homem resistir diante da graça, e ainda, a possibilidade de ocorrer uma queda do estado de graça. "Eles solicitaram a revisão dos padrões doutrinários das igrejas reformadas e a proteção do governo aos pontos de vista arminianos." As discussões acerca da controvérsia entre arminianismo e calvinismo estavam conduzindo a Holanda para um conflito civil de grandes proporções, até que a assembleia deliberou para que um Sínodo discutisse a questão. "O Sínodo, então, desenvolveu os cânones, que rejeitaram totalmente o Protesto de 1610 e estabeleceram a doutrina reformada dos pontos debatidos com base nas Escrituras. Esses pontos, conhecidos como os Cinco Pontos do Calvinismo são: eleição incondicional, redenção limitada, depravação total, graça irresistível e a perseverança dos santos (...) Eles podem ser resumidos do seguinte modo: (1) A eleição incondicional e a fé salvadora são dons soberanos de Deus. (2) Conquanto a morte de Cristo seja suficiente para expiar os pecados de todo o mundo, sua eficácia salvadora é restrita aos eleitos. (3,4) Todas as pessoas são tão completamente pervertidas e corrompidas pelo pecado que não podem exercer o livre-arbítrio em favor de sua salvação, nem efetuar nenhuma parte da salvação. Em soberana graça, Deus nos chama irresistivelemente e regenera o eleito para uma vida nova. (5) Deus graciosamente preserva o redimido para que ele persevere até o fim... Exposto com simplicidade, o assunto principal dos cânones é a graça soberana concebida, a graça soberana merecida, a graça soberana necessitada e aplicada e a graça soberana preservada." Observe que o contexto doutrinário do surgimento dos Cânones de Dort tornam esse documento uma declaração de fé única em seu conteúdo e características, pois surgiu como conclusão de um julgamento e abordou somente os temas doutrinais em discussão referente ao pensamento de Armínio e de Calvino. "Ao todo, os cânones contém 59 artigos de exposição, e 34 rejeições de erros (...) (os Delegados da Assembleia) se uniram num culto de ação de graças para louvar a Deus pela preservação da doutrina da graça soberana entre as igrejas reformadas." DOUTRINA REFORMADA EM COMPARAÇÃO - Harmonia das Confissões de Fé Reformadas: (exemplo do conteúdo das Confissões de Fé). Tema: A santa trindade. 1. Confissão Belga: "Deus é um em essência, porém distinguido em três pessoas. De acordo com essa verdade, e com essa Palavra de Deus, nós acreditamos num só Deus, que é de uma só essência, na qual há três pessoas, realmente, verdadeiramente e eternamente distintas, conforme suas propriedades incomunicáveis, ou seja, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. 2. Catecismo de Heidelberg: P. 25: Por que você fala do Pai, do Filho e do Espírito Santo se há apenas uma divina essência... R: Porque Deus se revelou desse modo na sua Palavra, que essas três pessoas distintas são o único, verdadeiro e eterno Deus. 3. Segunda Confissão Helvética: "Cremos e ensinamos que o mesmo Deus infinito, uno e indiviso é um ser inseparavelmente e sem confusão, distinto em pessoas - Pai, Filho e Espírito Santo - e, assim como o Pai gerou o Filho desde a eternidade, o Filho foi gerado de modo indescritível, e o Espírito Santo verdadeiramente procede de um e de outro, desde a eternidade e, assim, deve ser adorado como ambos (...) Enfim, aceitamos o Credo dos Apóstolos, porque ele nos comunica a verdadeira fé." 4. Confissão de Fé de Westminster: "Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade: Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O Pai não é de ninguém - não é gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho." 5. Breve Catecismo de Westminster: "Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e estas três são um Deus, da mesma substância, iguais em poder e glória." 6. Catecismo Maior de Westminster: "Na Divindade há três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; essas três pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas propriedades pessoais." OS SÍMBOLOS DE FÉ DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL. "A Igreja Presbiteriana do Brasil adota, como exposição das doutrinas bíblicas, a Confissão de Fé de Westminster, o Catecismo Maior e o Catecismo Menor ou Breve Catecismo. Nossa única norma de fé e conduta é a Bíblia Sagrada. Todavia, em virtude de a Bíblia não apresentar as doutrinas já sistematizadas, adotamos a Confissão de Fé e os Catecismos como exposição do sistema de doutrinas ensinadas na Escritura." (p 67). As autorizadas Confissões de Fé protestantes vieram a se consolidar através de movimentos "pós-reforma", como destaca McGrath: "Tanto a Reforma protestante quanto a católica, foram sucedidas por um período de consolidação da teologia, em ambos os movimentos. No seio do protestantismo, luterano e reformado (ou "calvinista"), iniciou-se o período conhecido como "ortodoxia", caracterizado por sua ênfase em normas e definições doutrinárias. (...) O luteranismo e o calvinismo eram, sob muitos aspectos, bastante semelhantes. Ambos alegavam ser evangélicos e rejeitavam, de modo geral, os mesmos aspectos centrais do catolicismo medieval. Entretanto, eles precisavam se diferenciar." (p 112 -114, 2005). Nesse contexto, anotamos que "a Confissão de Fé e os Catecismos são conhecidos, historicamente, como Símbolos de Westminster. Eles foram elaborados pela Assembleia de Westminster (1643-1648), convocada pelo Parlamento inglês para elaborar novos padrões doutrinários, litúrgicos e administrativos para a Igreja da Inglaterra. Para se entender as circunstâncias da formulação desse importante documento, é preciso relembrar a história da Reforma Inglesa." (Matos e Nascimento, p 67, 2007). ANTECEDENTES históricos. No ano de 1534 o Rei Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica de Roma e através do Ato de Supremacia tornou-se chefe da Igreja da Inglaterra. Nascia a Igreja Anglicana separada da Igreja Católica, porém, com celebrações e doutrinas semelhantes, até que em 1547 subiu ao trono o Rei Eduardo VI, sendo que o Arcebispo de Cantuária Thomas Cranmer organizou dois documentos orientados pelo pensamento calvinista: o Livro de Oração Comum e os Trinta e Nove Artigos. Nesse período, outras ações ocorreram com propósito reformista, até a morte do rei Eduardo em 1553. Maria Tudor (Maria sanguinária) assumiu o trono decidida a unir-se novamente com a Igreja Católica de Roma, o que levou à perseguição e morte de Cranmer e outros líderes da Reforma, enquanto os religiosos protestantes fugiam da Inglaterra para outros países, sendo que muitos deles foram residir em Genebra, debaixo da influência de João Calvino. Até que em 1558 Maria Tudor faleceu e a nova Rainha Elizabete retornou com o Ato de Supremacia, o que propiciou o retorno dos protestantes pra Inglaterra. (p 67-68). REFERÊNCIAS. MATOS, Alderi Souza e NASCIMENTO, Adão Carlos. O que todo presbiteriano inteligente deveria saber. Santa Bárbara d´Oeste, SP : Socep Editora 2007. REFERÊNCIA. BEEKE, Joel R e FERGUSON, Sinclair B. Harmonia das confissões de Fé Reformadas. Edit Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2006 (páginas 9 a 12, 20-21). VAN Dixhoorn, Chad B. Catecismo Maior de Westminster. Origem e composição. Edit Os Puritanos. Recife, PE, 2012. (páginas 7 a 16). Watson, Thomas. A Fé Cristã. Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster. Cultura Cristã, São Paulo SP, 2009. (pg 7 a 15). Autor. Ivan Santos Rüppell Jr é professor e ministro licenciado da Igreja Presbiteriana do Brasil.

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