quinta-feira, 4 de maio de 2023

Símbolos de Fé. RESUMO. Harmonia das Confissões Reformadas.

Disciplina: Símbolos de Fé da IPB. Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba. TEXTO. Resumo das Três aulas de "Harmonia das Confissões Reformadas". Da obra: HARMONIA DAS CONFISSÕES REFORMADAS. Esse livro publicado pela Edit Cultura Cristã no Brasil em 2006, foi originalmente organizado por Joel R. Beeke e Sinclair B. Ferguson. O contexto histórico destas Confissões de Fé origina do período em que as igrejas reformadas desenvolveram Sete Confissões, as quais foram comparadas por nossos autores a fim de que seu conteúdo fosse apresentado em sua singularidade e harmonia para conhecimento dos estudantes e fiéis. "As igrejas reformadas dos séculos 16 e 17 produziram várias coleções de confissões reformadas ortodoxas que diferenciavam a fé reformada tanto do Catolicismo Romano como de outros grupos de igrejas protestantes." As Confissões de Fé Cristãs Reformadas limitam o seu texto ao conteúdo das Escrituras, enquanto buscam fundamentar e esclarecer a interpretação bíblica estabelecida por essa vertente cristã oriunda do século 16, a partir da Reforma Protestante. Neste grupo de confissões reformadas que serão base da comparação de harmonia desenvolvida pelo livro base desse texto e aula, temos: as confissões da "família suiça", que são a Primeira Confissão Helvética (1536), a Segunda Confissão Helvética (1566), e a Fórmula de Consenso Helvética (1675). A "família anglo-escocesa", que contém a Confissão da Escócia (1560), com os Trinta e Nove Artigos (1563), a Confissão de Fé de Westminster (1646-47) e os Catecismos Maior e Breve de 1647. E ainda, a denominada "família germânico-holandesa", que apresenta três formas: a Confissão de Fé Belga (1561), o Catecismo de Heidelberg (1563) e os Cânones de Dort (1618-19). Sendo que, "as sete mais adotadas pelas várias denominações reformadas... são as Três Formas de Unidade, a Segunda Confissão Helvética e a Confissão e os Catecismos de Westminster." O propósito dos organizadores da comparação e apresentação da visão singular destas Confissões, é de que "esta harmonia permitirá fácil acesso ao conteúdo das grandes confissões reformadas e também ajudará os cristãos holandeses reformados, os húngaros reformados, os ingleses presbiterianos e outros cristãos reformados a apreciar mais profundamente as confissões desses diversos grupos (...) A beleza deste livro é que ele ressalta a harmonia entre as confissões reformadas, a despeito da diversidade de suas inúmeras tradições históricas." (todas as citações anteriores são do autor, Joel R. Beeke). INTRODUÇÃO HISTÓRICA ÀS CONFISSÕES DE FÉ REFORMADAS. A CONFISSÃO BELGA tem seu nome dado a partir dos países baixos, atualmente denominados Holanda e Bélgica, sendo que seu autor foi o Pastor Reformado Guido de Brès. "Durante o século 16, as igrejas reformadas na Holanda sofreram forte perseguição sob o comando de Filipe II da Espanha, partidário da Igreja Católica Romana. Em 1561, de Brès preparou esta confissão em francês como uma defesa para os crentes reformados perseguidos nos Países Baixos que formaram as assim chamadas "igrejas sob a cruz". (...) A confissão foi moldada a partir da Confissão Gaulesa, uma confissão reformada francesa de 1559 que, por sua vez, se baseava no modelo de Calvino... a Confissão Belga segue o que se tornou a ordem doutrinária tradicional da teologia sistemática reformada: as doutrinas a respeito de Deus (teologia, artigos 1-11), do homem (antropologia, 12-15), de Cristo (cristologia, artigos 16-21), da salvação (soteriologia, artigos 22-26), da igreja (eclesiologia, artigos 27-35) e dos últimos acontecimentos (escatologia, artigo 37)." O professor de teologia Zacarias Ursino desenvolveu o CATECISMO DE HEIDELBERG sob orientação do princípe Frederico III, no interesse de preparar um conteúdo "reformado com o objetivo de instruir os jovens e orientar pastores e professores", sendo considerado um "catecismo de beleza e impacto incomuns, uma reconhecida obra-prima", o qual acabou aprovado pelo Sínodo de Heidelberg no ano de 1563, tendo recebido outras três edições alemãs, além de ter sido traduzido ao holândes. "As 129 perguntas e respostas do Catecismo de Heidelberg estão divididas em três partes, padronizadas de acordo com a Epístola aos Romanos... as perguntas 3-11 se referem à experiência do pecado e à miséria (Rm 1-3, 20); as perguntas 12-85 se referem à redenção em Cristo e à fé (Rm 3.21-11.36), juntamente com uma longa exposição do Credo dos Apóstolos e dos sacramentos: as perguntas 86-129 abordam a verdadeira gratidão pelo livramento dado por Deus (Rm 12-16), basicamente por meio de um estudo dos Dez Mandamentos e da Oração Dominical... seu conteúdo é mais subjetivo que objetivo, mais espiritual que dogmático... (tendo) sido chamado "o livro de conforto" para os cristãos." "A SEGUNDA CONFISSÃO HELVÉTICA é de importância muito maior (que a primeira)", tendo surgido de um testemunho pessoal escrito por Heinrich Bullinger no ano de 1562. A cidade de Zurique estava acometida de grande peste, e Bullinger dedicou-se a revisar o documento diante da morte próxima, que não ocorreu naquela situação, sendo a ocasião em que Frederico III solicitou uma confissão reformada, vindo a receber do líder protestante uma cópia da confissão, a qual Frederico utilizou como defesa na Dieta Imperial de 1566, devido a críticas de Lutero em alguns posicionamentos do príncipe. "Depois de algumas revisões, numa conferência em Zurique no mesmo ano, a confissão foi aceita por Berna, Biel, Genebra, os Grisons, Muhlhausen, Schaffhaunsen e St. Gall. Depois, foi amplamente aprovada na Escócia, na Hungria, na Polônia e em vários outros lugares." Esta confissão é um "manual compacto da teologia reformada"... tendo como cenário a edição definitiva das Institutas de Calvino (1559) e a Contra-Reforma, reunida em Trento (1545-1563)... tendo como ponto de partida as Escrituras, ela avança pelas ideias da teologia sistemática, abordando questões características da Reforma e de Calvino. CÂNONES DE DORT (1618-1619). "O Sínodo de Dort foi realizado para resolver uma série de controvérsias nas igrejas holandesas, iniciada pelo surgimento do Arminianismo. Jacob Armínio... divergia da fé reformada em vários pontos...". A reunião das igrejas reformadas da Holanda na cidade de Dordrecht entre os anos de 1618 e 1619 recebeu vinte e sete delegados de oito países, que se juntaram aos sessenta e dois representantes da Holanda. Armínio viveu até 1609, e em 1610 alguns de seus defensores apresentaram suas postulações na assembleia da Holanda; ensinando uma eleição embasada na fé posterior dos homens que seria base para a decisão anterior de Deus sobre eles, um caráter universal da salvação em Cristo, a condição do livre arbítrio numa visão de depravação parcial da humanidade, a condição do homem resistir diante da graça, e ainda, a possibilidade de ocorrer uma queda do estado de graça. "Eles solicitaram a revisão dos padrões doutrinários das igrejas reformadas e a proteção do governo aos pontos de vista arminianos." As discussões acerca da controvérsia entre arminianismo e calvinismo estavam conduzindo a Holanda para um conflito civil de grandes proporções, até que a assembleia deliberou para que um Sínodo discutisse a questão. "O Sínodo, então, desenvolveu os cânones, que rejeitaram totalmente o Protesto de 1610 e estabeleceram a doutrina reformada segundo os pontos debatidos com base nas Escrituras. Esses pontos, conhecidos como os Cinco Pontos do Calvinismo são: eleição incondicional, redenção limitada, depravação total, graça irresistível e a perseverança dos santos (...) Observe que o contexto doutrinário do surgimento dos Cânones de Dort tornam esse documento uma declaração de fé única em seu conteúdo e características, pois surgiu como conclusão de um julgamento e abordou somente os temas doutrinais em discussão referente ao pensamento de Armínio e de Calvino. DOUTRINA REFORMADA EM COMPARAÇÃO - Harmonia das Confissões de Fé Reformadas: (exemplo do conteúdo das Confissões de Fé). Tema: A SANTA TRINDADE. 1. Confissão Belga: "Deus é um em essência, porém distinguido em três pessoas. De acordo com essa verdade, e com essa Palavra de Deus, nós acreditamos num só Deus, que é de uma só essência, na qual há três pessoas, realmente, verdadeiramente e eternamente distintas, conforme suas propriedades incomunicáveis, ou seja, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. 2. Catecismo de Heidelberg: P. 25: Por que você fala do Pai, do Filho e do Espírito Santo se há apenas uma divina essência... R: Porque Deus se revelou desse modo na sua Palavra, que essas três pessoas distintas são o único, verdadeiro e eterno Deus. 3. Segunda Confissão Helvética: "Cremos e ensinamos que o mesmo Deus infinito, uno e indiviso é um ser inseparavelmente e sem confusão, distinto em pessoas - Pai, Filho e Espírito Santo - e, assim como o Pai gerou o Filho desde a eternidade, o Filho foi gerado de modo indescritível, e o Espírito Santo verdadeiramente procede de um e de outro, desde a eternidade e, assim, deve ser adorado como ambos (...) Enfim, aceitamos o Credo dos Apóstolos, porque ele nos comunica a verdadeira fé." 4. Confissão de Fé de Westminster: "Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade: Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O Pai não é de ninguém - não é gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho." 5. Breve Catecismo de Westminster: "Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e estas três são um Deus, da mesma substância, iguais em poder e glória." 6. Catecismo Maior de Westminster: "Na Divindade há três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; essas três pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas propriedades pessoais." TEXTO 2. HARMONIA DAS CONFISSÕES DE FÉ REFORMADAS. Após breve contexto histórico e apresentação das Confissões de Fé Reformadas principais no texto anterior, iremos citar breve introdução à Confissão de Fé de Westminster, para então, seguir com uma comparação em exemplos de conteúdos da harmonia das confissões de fé. CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER. "A confissão de fé produzida pelos teólogos de Westminster foi, sem dúvida alguma, um dos documentos mais influentes do período pós-Reforma da Igreja Cristã. (...) Sob a presidência do Dr. William Twisse, em oposição aos desejos expressos do rei, o objetivo inicial dessa reunião era promover uma maior uniformidade de fé e prática em todo o reino. A tarefa inicial dos delegados era revisar os 39 artigos da Igreja da Inglaterra, mas depois da assinatura da Solene Liga e Aliança essa tarefa se estendeu para algo mais específico e preciso, como elaborar fórmulas teológicas e eclesiásticas que levassem a Igreja da Inglaterra a se enquadrar dentro da doutrina e prática da Igreja Presbiteriana da Escócia. (...) A Confissão de Fé de Westminster representa o ponto alto no desenvolvimento da teologia, e sua dinâmica espiritual está fortemente ligada ao pacto da Aliança. Dividida em 33 capítulos, abrange todo o conjunto da doutrina cristã, começando com as Escrituras como fonte de conhecimento das coisas divinas (de acordo com a Primeira e a Segunda Confissão Helvética, a Fórmula de Concórdia e os Artigos Irlandeses). Prossegue com uma exposição sobre Deus e seus decretos, a criação, a providência e a queda (II-VI) antes de passar a explicar o pacto da graça, a obra de Cristo e finalmente a aplicação da redenção (X-XVIII)... (se fez) cada vez mais conhecida como a primeira confissão na história do Cristianismo que tem um capítulo especialmente dedicado à adoção (XII) - que talvez seja a doutrina menos escolástica de todas. Em inúmeros capítulos, é dada atenção especial à lei e à liberdade, assim como à doutrina da igreja, dos sacramentos (XXV-XXIX) e das últimas coisas (XXXII-XXXIII). Embora a confissão tenha sido elaborada por mentes teológicas disciplinadas, ela também revela a influência de homens com profunda experiência de pregação e vida pastoral. É uma expressão notável da teologia clássica reformada formulada para as necessidades do povo de Deus." (Beeke e Ferguson, 2006, p 13-14). HARMONIA DAS CONFISSÕES DE FÉ REFORMADAS. Teologia: A DOUTRINA DE DEUS. A revelação. 1. Confissão Belga. Como conhecemos a Deus. "Nós o conhecemos por dois meios. Primeiro, pela criação, pela manutenção e pelo governo do universo, o qual está perante os nossos olhos como um livro formoso, em que todas as criaturas, grandes e pequenas, são como letras que nos levam a contemplar os atributos invisíveis de Deus, ou seja, o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, como diz o apóstolo Paulo (Rm 1.20)... Em segundo lugar, Deus se dá a conhecer de modo ainda mais claro e pleno por meio de sua sagrada e divina Palavra, ou seja, tanto quanto nos é necessário saber nesta vida, para a sua glória e para a nossa salvação." (Sl 19.2; Ef 4.6; Sl 19.8; 1Co '12.6). 2. Catecismo de Heidelberg. Qual é a primeira petição? "Santificado seja o teu nome", ou seja, que, em primeiro lugar, nos seja concedido que o conheçamos em verdade e o santifiquemos, glorifiquemos e o louvemos em todas as suas obras, nas quais o seu poder, sua sabedoria, a sua bondade, a sua justiça, a sua misericórdia e a sua verdade estão claramente demonstrados." (Mt 6.9; Jo 17.3; Jr 9.23; Mt 16.17; Tg 1.5; Sl 119.137-138; Lc 1.46; Sl 145.8-9). 3. Cânones de Dort. Artigo 6. "O que, portanto, nem a luz natural nem a lei podem fazer, Deus o faz pelo poder do Espírito Santo por meio da Palavra ou do ministério da reconciliação, que é o evangelho do messias, por meio do qual Deus se agradou em salvar os crentes, tanto sob o Antigo como sob o Novo Testamento." Artigo 7. "No Antigo Testamento, Deus revelou a poucas pessoas esse mistério da sua vontade; no Novo Testamento (no qual a distinção entre os povos foi eliminada), ele se revelou a um número muito maior de pessoas, sem qualquer distinção... A causa dessa dispensação... resulta totalmente da soberana boa vontade e do amor imerecido de Deus...". 4. Confissão de Fé de Westminster. Das Santas Escrituras. 1. Embora a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestem de tal modo a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, de modo a deixar os homens inescusáveis, contudo elas não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade que é necessário à salvação. Portanto, aprouve ao Senhor, em diversos tempos e de diferentes modos, revelar-se e declarar à sua igreja a sua vontade, e depois... foi igualmente servido fazê-la escrever toda, o que torna as Escrituras Sagradas indispensáveis, uma vez que cessaram os antigos modos de Deus revelar sua vontade ao seu povo." (Rm 2.14-15; 1.19-20; Sl 19.1-3; Rm 1.32; 2.1; 1Co 1.21; 2.13-14; Hb 1.1; Pv 22.19-21; Lc 1.3-4; Rm 15.4; Mt 4.4-7, 10; Is 8.19-20; 2Tm 3.15; 2Pe 1.19; Hb 1.1-2). 5. Catecismo Maior de Westminster. P.2: De onde se infere que há um Deus? R: A própria luz da natureza no espírito do homem, bem como as obras de Deus, claramente manifestam que existe um Deus; porém, só a sua Palavra e o seu Espírito o revelam de um modo suficiente e eficaz aos homens, para a salvação deles." (Rm 1.19-20; Sl 19.1-3; At 17.28; 1 Co 2.9-10; 2Tm 3.15-17; Is 59.21). HARMONIA DAS CONFISSÕES DE FÉ REFORMADAS. Teologia: A Doutrina de Deus. Os decretos de Deus e a predestinação. 1. Confissão Belga (1561). Artigo 16. A eleição eterna. "Cremos que, quando o pecado do primeiro homem (Adão) o lançou com toda a sua descendência na perdição, Deus se mostrou como ele é, a saber: misericordioso e justo. Misericordioso, porque ele livra e salva da perdição àqueles que ele, em seu eterno e imútavel conselho, somente pela bondade, elegeu em Jesus Cristo nosso Senhor, sem levar em consideração obra alguma deles. Justo, porque ele deixa os demais na queda e na perdição em que eles mesmos se lançaram. (Rm 9.18,22-23; 3.12; Rm 9.15-16; 11.32; Ef 2.8-10; Sl 100.3. 1Jo 4.10; Dt 32.8; 1Sm 12.22; Sl 115.5; Ml 1.2; 2Tm 1.9; Rm 8.29; 9.11,21; 11.5-6; Ef 1.4; Tt 3.4-5; At 2.47; 13.48; 2 Tm 2.19-20; 1Pe 1.2; Jo 6.27; 15.16; 17.9; Rm 9.17-18; 2Tm 2.20). 2. Catecismo de Heidelberg (1563). P. 54: O que você crê a respeito da "santa igreja católica" de Cristo? R: Creio que o Filho de Deus, desde o início e até o fim do mundo, reúne, defende e preserva para si mesmo, pelo seu Espírito e por sua Palavra, dentre toda a raça humana, uma igreja escolhida para a vida eterna, composta de pessoas que concordam quanto à verdadeira fé, e que eu sou, serei para sempre, um membro vivo dessa igreja." (Jo 10.11; Gn 26.4; Rm 9.24; Ef 1.10; Jo 10.16; Is 59.21; Dt 10.14-15; At 13.48; 1Co 1.8-9; Rm 8.35). 3 Segunda Confissão Helvética. (1566). X. Da predestinação de Deus e da eleição dos santos. "Deus, desde o princípio, livremente e movido apenas pela sua graça, sem qualquer acepção de pessoas, predestinou ou elegeu os santos que ele quer salvar em Cristo, segundo a palavra do apóstolo: "Ele nos escolheu nele, antes da fundação do mundo (Ef 1.4); e mais adiante: "nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus (2Tm 1.9-10). (...) "E, quando perguntaram ao Senhor se eram poucos os que seriam salvos, ele não respondeu se poucou ou muitos seriam salvos ou condenados, mas antes exortou cada homem a "esforçar-se por entrar pela porta estreita" (Lc 13.24). É como se ele quisesse dizer: "Não vos compete inquirir precipitamente acerca dessas questões, mas antes esforçar-vos para entrar no céu pelo caminho estreiro". 4. Cânones de Dort. (1619). Artigo 6. "Nesta vida, Deus concede a fé a alguns enquanto não a concede a outros; isso procede do eterno decreto de Deus, pois as escrituras dizem que ele "Faz estas coisas conhecidas desde séculos" (At 15.18) e que "Faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade" (Ef 1.11). De acordo com esse decreto, ele graciosamente quebranta o coração dos eleitos, por duro que seja, e os inclina a crer, enquanto, entretanto, segundo o seu justo juízo, ele deixa os não-eleitos em sua própria iniquidade e obstinação. E aqui especialmente nos é manifesta a profunda, misericordiosa e ao mesmo tempo justa distinção entre homens que estão sob a mesma condição de perdição; ou que o decreto da eleição e reprovação revelado na Palavra de Deus; ainda que seja deturpado por homens perversos, impuros e instáveis, para sua própria perdição, fornece um inexprimível conforto para as pessoas santas e tementes a Deus." 5. Confissão de Fé de Westminster. (1647). III. Dos eternos decretos de Deus. I. "Desde toda a eternidade e pelo mui sábio e santo conselho da sua própria vontade, Deus ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou a contingência das causas secundárias, mas antes estabelecidas." (Ef 1.11; Rm 11.33; Hb 6.17; Rm 9.15-18; Tg 1.13,17; 1Jo 1.5; At 2.23; Mt 17;12; At 4.27-28; Jo 19.11; Pv 16.33). (...) 3. Pelo decreto de Deus e para a manifestação da sua glória, alguns homens e alguns anjos são predestinados para a vida eterna, enquanto outros são preordenados para a morte eterna." (1 Tm 5.21; Mt 25.41; Rm 9.22-23; Ef 1.5-6; Pv 16.4). 6. Breve Catecismo de Westminster. (1647). "P 7: O que são os decretos de Deus? Os decretos de Deus são o seu eterno propósito, segundo o conselho da sua vontade, pelo qual, para a sua própria glória, ele predestinou tudo o que acontece. P 8: Como Deus executa os seus decretos? Deus executa os seus decretos nas obras da criação e da providência." 7. Catecismo Maior de Westminster (1648). "P 12. O que são os decretos de Deus? Os decretos de Deus são os atos sábios, livres e santos do conselho de sua vontade, pelos quais, desde toda a eternidade, ele, para a sua própria glória, imutavelmente predestinou tudo o que acontece, especialmente com referência aos anjos e aos homens. (Ef 1.11; Rm 11.33; 9.14-15,18; Ef 1.4,11; Rm 9.22-23; Sl 33.11). P 13. O que Deus decretou especialmente com referência aos anjos e aos homens? R: Deus, por um decreto eterno e imutável, unicamente do seu amor e para patentear a sua gloriosa graça, que tinha de ser manifestada no tempo devido, elegeu alguns anjos para a glória e, em Cristo, escolheu alguns homens para a vida eterna e os meios para consegui-la; e também, segundo o seu soberano poder e o conselho inescrutável da sua própria vontade (pela qual ele concede, ou não, os seus favores conforme lhe apraz), deixou e predestinou os demais à desonra e à ira, que lhes serão infligidas por causa dos seus pecados, para patentear a glória da sua justiça. (1 Tm 5.21; Ef 1.4-6; 2Ts 2.13-14; Rm 9.17-18, 21-22; Mt 11.25-26; 2Tm 2.20; Jd 4; 1Pe 2.8). P 14: Como Deus executa os seus decretos? R: Deus executa os seus decretos nas obras da criação e da providência, de acordo com a sua presciência infalível e o livre e imutável conselho da sua vontade." (Ef 1.11). TEXTO 3. HARMONIA DAS CONFISSÕES REFORMADAS. DOUTRINA REFORMADA EM COMPARAÇÃO. Três temas em análise. Tema: A SANTA TRINDADE. 1. Confissão Belga: "Deus é um em essência, porém distinguido em três pessoas. De acordo com essa verdade, e com essa Palavra de Deus, nós acreditamos num só Deus, que é de uma só essência, na qual há três pessoas, realmente, verdadeiramente e eternamente distintas, conforme suas propriedades incomunicáveis, ou seja, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. 2. Catecismo de Heidelberg: P. 25: Por que você fala do Pai, do Filho e do Espírito Santo se há apenas uma divina essência... R: Porque Deus se revelou desse modo na sua Palavra, que essas três pessoas distintas são o único, verdadeiro e eterno Deus. 3. Segunda Confissão Helvética: "Cremos e ensinamos que o mesmo Deus infinito, uno e indiviso é um ser inseparavelmente e sem confusão, distinto em pessoas - Pai, Filho e Espírito Santo - e, assim como o Pai gerou o Filho desde a eternidade, o Filho foi gerado de modo indescritível, e o Espírito Santo verdadeiramente procede de um e de outro, desde a eternidade e, assim, deve ser adorado como ambos (...) Enfim, aceitamos o Credo dos Apóstolos, porque ele nos comunica a verdadeira fé." 4. Confissão de Fé de Westminster: "Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade: Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O Pai não é de ninguém - não é gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho." 5. Breve Catecismo de Westminster: "Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e estas três são um Deus, da mesma substância, iguais em poder e glória." 6. Catecismo Maior de Westminster: "Na Divindade há três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; essas três pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas propriedades pessoais. Tema. Teologia: A DOUTRINA DE DEUS. A REVELAÇÃO. 1. Confissão Belga. Como conhecemos a Deus. "Nós o conhecemos por dois meios. Primeiro, pela criação, pela manutenção e pelo governo do universo, o qual está perante os nossos olhos como um livro formoso, em que todas as criaturas, grandes e pequenas, são como letras que nos levam a contemplar os atributos invisíveis de Deus, ou seja, o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, como diz o apóstolo Paulo (Rm 1.20)... Em segundo lugar, Deus se dá a conhecer de modo ainda mais claro e pleno por meio de sua sagrada e divina Palavra, ou seja, tanto quanto nos é necessário saber nesta vida, para a sua glória e para a nossa salvação." (Sl 19.2; Ef 4.6; Sl 19.8; 1Co '12.6). 2. Catecismo de Heidelberg. Qual é a primeira petição? "Santificado seja o teu nome", ou seja, que, em primeiro lugar, nos seja concedido que o conheçamos em verdade e o santifiquemos, glorifiquemos e o louvemos em todas as suas obras, nas quais o seu poder, sua sabedoria, a sua bondade, a sua justiça, a sua misericórdia e a sua verdade estão claramente demonstrados." (Mt 6.9; Jo 17.3; Jr 9.23; Mt 16.17; Tg 1.5; Sl 119.137-138; Lc 1.46; Sl 145.8-9). 3. Cânones de Dort. Artigo 6. "O que, portanto, nem a luz natural nem a lei podem fazer, Deus o faz pelo poder do Espírito Santo por meio da Palavra ou do ministério da reconciliação, que é o evangelho do messias, por meio do qual Deus se agradou em salvar os crentes, tanto sob o Antigo como sob o Novo Testamento." Artigo 7. "No Antigo Testamento, Deus revelou a poucas pessoas esse mistério da sua vontade; no Novo Testamento (no qual a distinção entre os povos foi eliminada), ele se revelou a um número muito maior de pessoas, sem qualquer distinção... A causa dessa dispensação... resulta totalmente da soberana boa vontade e do amor imerecido de Deus...". 4. Confissão de Fé de Westminster. Das Santas Escrituras. 1. Embora a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestem de tal modo a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, de modo a deixar os homens inescusáveis, contudo elas não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade que é necessário à salvação. Portanto, aprouve ao Senhor, em diversos tempos e de diferentes modos, revelar-se e declarar à sua igreja a sua vontade, e depois... foi igualmente servido fazê-la escrever toda, o que torna as Escrituras Sagradas indispensáveis, uma vez que cessaram os antigos modos de Deus revelar sua vontade ao seu povo." (Rm 2.14-15; 1.19-20; Sl 19.1-3; Rm 1.32; 2.1; 1Co 1.21; 2.13-14; Hb 1.1; Pv 22.19-21; Lc 1.3-4; Rm 15.4; Mt 4.4-7, 10; Is 8.19-20; 2Tm 3.15; 2Pe 1.19; Hb 1.1-2). 5. Catecismo Maior de Westminster. P.2: De onde se infere que há um Deus? R: A própria luz da natureza no espírito do homem, bem como as obras de Deus, claramente manifestam que existe um Deus; porém, só a sua Palavra e o seu Espírito o revelam de um modo suficiente e eficaz aos homens, para a salvação deles." (Rm 1.19-20; Sl 19.1-3; At 17.28; 1 Co 2.9-10; 2Tm 3.15-17; Is 59. Tema Teologia: A DOUTRINA DE DEUS. OS DECRETOS DE DEUS E A PREDESTINAÇÃO. 1. Confissão Belga (1561). Artigo 16. A eleição eterna. "Cremos que, quando o pecado do primeiro homem (Adão) o lançou com toda a sua descendência na perdição, Deus se mostrou como ele é, a saber: misericordioso e justo. Misericordioso, porque ele livra e salva da perdição àqueles que ele, em seu eterno e imútavel conselho, somente pela bondade, elegeu em Jesus Cristo nosso Senhor, sem levar em consideração obra alguma deles. Justo, porque ele deixa os demais na queda e na perdição em que eles mesmos se lançaram. (Rm 9.18,22-23; 3.12; Rm 9.15-16; 11.32; Ef 2.8-10; Sl 100.3. 1Jo 4.10; Dt 32.8; 1Sm 12.22; Sl 115.5; Ml 1.2; 2Tm 1.9; Rm 8.29; 9.11,21; 11.5-6; Ef 1.4; Tt 3.4-5; At 2.47; 13.48; 2 Tm 2.19-20; 1Pe 1.2; Jo 6.27; 15.16; 17.9; Rm 9.17-18; 2Tm 2.20). 2. Catecismo de Heidelberg (1563). P. 54: O que você crê a respeito da "santa igreja católica" de Cristo? R: Creio que o Filho de Deus, desde o início e até o fim do mundo, reúne, defende e preserva para si mesmo, pelo seu Espírito e por sua Palavra, dentre toda a raça humana, uma igreja escolhida para a vida eterna, composta de pessoas que concordam quanto à verdadeira fé, e que eu sou, serei para sempre, um membro vivo dessa igreja." (Jo 10.11; Gn 26.4; Rm 9.24; Ef 1.10; Jo 10.16; Is 59.21; Dt 10.14-15; At 13.48; 1Co 1.8-9; Rm 8.35). 3 Segunda Confissão Helvética. (1566). X. Da predestinação de Deus e da eleição dos santos. "Deus, desde o princípio, livremente e movido apenas pela sua graça, sem qualquer acepção de pessoas, predestinou ou elegeu os santos que ele quer salvar em Cristo, segundo a palavra do apóstolo: "Ele nos escolheu nele, antes da fundação do mundo (Ef 1.4); e mais adiante: "nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus (2Tm 1.9-10). (...) "E, quando perguntaram ao Senhor se eram poucos os que seriam salvos, ele não respondeu se poucou ou muitos seriam salvos ou condenados, mas antes exortou cada homem a "esforçar-se por entrar pela porta estreita" (Lc 13.24). É como se ele quisesse dizer: "Não vos compete inquirir precipitamente acerca dessas questões, mas antes esforçar-vos para entrar no céu pelo caminho estreiro". 4. Cânones de Dort. (1619). Artigo 6. "Nesta vida, Deus concede a fé a alguns enquanto não a concede a outros; isso procede do eterno decreto de Deus, pois as escrituras dizem que ele "Faz estas coisas conhecidas desde séculos" (At 15.18) e que "Faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade" (Ef 1.11). De acordo com esse decreto, ele graciosamente quebranta o coração dos eleitos, por duro que seja, e os inclina a crer, enquanto, entretanto, segundo o seu justo juízo, ele deixa os não-eleitos em sua própria iniquidade e obstinação. E aqui especialmente nos é manifesta a profunda, misericordiosa e ao mesmo tempo justa distinção entre homens que estão sob a mesma condição de perdição; ou que o decreto da eleição e reprovação revelado na Palavra de Deus; ainda que seja deturpado por homens perversos, impuros e instáveis, para sua própria perdição, fornece um inexprimível conforto para as pessoas santas e tementes a Deus." 5. Confissão de Fé de Westminster. (1647). III. Dos eternos decretos de Deus. I. "Desde toda a eternidade e pelo mui sábio e santo conselho da sua própria vontade, Deus ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou a contingência das causas secundárias, mas antes estabelecidas." (Ef 1.11; Rm 11.33; Hb 6.17; Rm 9.15-18; Tg 1.13,17; 1Jo 1.5; At 2.23; Mt 17;12; At 4.27-28; Jo 19.11; Pv 16.33). (...) 3. Pelo decreto de Deus e para a manifestação da sua glória, alguns homens e alguns anjos são predestinados para a vida eterna, enquanto outros são preordenados para a morte eterna." (1 Tm 5.21; Mt 25.41; Rm 9.22-23; Ef 1.5-6; Pv 16.4). 6. Breve Catecismo de Westminster. (1647). "P 7: O que são os decretos de Deus? Os decretos de Deus são o seu eterno propósito, segundo o conselho da sua vontade, pelo qual, para a sua própria glória, ele predestinou tudo o que acontece. P 8: Como Deus executa os seus decretos? Deus executa os seus decretos nas obras da criação e da providência." 7. Catecismo Maior de Westminster (1648). "P 12. O que são os decretos de Deus? Os decretos de Deus são os atos sábios, livres e santos do conselho de sua vontade, pelos quais, desde toda a eternidade, ele, para a sua própria glória, imutavelmente predestinou tudo o que acontece, especialmente com referência aos anjos e aos homens. (Ef 1.11; Rm 11.33; 9.14-15,18; Ef 1.4,11; Rm 9.22-23; Sl 33.11). P 13. O que Deus decretou especialmente com referência aos anjos e aos homens? R: Deus, por um decreto eterno e imutável, unicamente do seu amor e para patentear a sua gloriosa graça, que tinha de ser manifestada no tempo devido, elegeu alguns anjos para a glória e, em Cristo, escolheu alguns homens para a vida eterna e os meios para consegui-la; e também, segundo o seu soberano poder e o conselho inescrutável da sua própria vontade (pela qual ele concede, ou não, os seus favores conforme lhe apraz), deixou e predestinou os demais à desonra e à ira, que lhes serão infligidas por causa dos seus pecados, para patentear a glória da sua justiça. REFERÊNCIA: Beeke, Joel R e Ferguson, Sinclair B. Harmonia das confissões de Fé Reformadas. Edit Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2006 (páginas 9 a 12, 20-21). Autor: Ivan S Ruppell Jr é Professor em Ciências da Religião e Teologia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário