segunda-feira, 1 de maio de 2023

Teologia Apocalíptica. SPS. Examinais as Escrituras.

Resumo e citações do conteúdo do livro: examinais as escrituras, de J Sidlom Baxter, para Disciplina Teologia Apocalíptica, Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba. Prof Ivan S Rüppell Jr. TEMA da Aula: compreensão, debate e reflexão sobre as diversas visões de interpretação da Apocalíptica. O APOCALIPSE DE JOÃO. C H Spurgeon foi abordado por uma pessoa que lhe perguntou, com a bíblia em mãos, o que significa esse texto? "Spurgeon respondeu: "Claro que posso dizer-lhe o que significa. Isto significa exatamente o que diz". Essa resposta adequada em certas ocasiões, nem sempre terá cabimento, pois ao sermos questionados sobre o livro Apocalipse, "também pensamos sobre a sabedoria das palavras: "Uma pergunta pode ser feita numa sentença; a resposta talvez leve um século para ser dada". No entanto, este livro que carrega consigo um título tão singular; "Apocalipse" (derivado do termo grego "apokalypsis"), que significa "revelação", "desvendamento", traz a ideia oposta a de que seu conteúdo seja um mistério. Assim, destacamos que sua mensagem é uma das mais facéis de compreender da bíblia, o que não significa que podemos resolver todos os aspectos de seu simbolismo, mas sim, "insistimos que, em seu significado abrangente e em sua mensagem central, é possível ao homem comum compreende-lo." (p. 361). Quatro Abordagens Diferentes. Há quatro escolas de interpretação sobre o conteúdo do Apocalipse: preterista e historicista, idealista e futurista. "Os preteristas consideram a maior parte do livro como já cumprida nos primeiros anos da história da Igreja. As palavras... de 1.19 são tidas como referências "ao estado contemporâneo de coisas na Igreja e no mundo, e os eventos que se seguiriam em sequência imediata". Desta forma, grande parte do Apocalipse se refere ao Imperador Nero e perseguições, bem como aos Imperadores Augusto, Tibérbio, Gaio, Cláudio, Nero, Galba e Oto. CRÍTICA. Para os autores, os defensores de que o livro foi cumprido no início da Igreja terão dificuldades diante de aspectos que até o ano 2000 de nossa era, certamente ainda não se cumpriram. Mesmo que se entenda que a revelação se refere até a queda do Império Romano no século quinto, essa interpretação transformaria o texto em um conteúdo simplesmente histórico. "Os historicistas (ou "presentistas"...) vêem no livro um programa profético cobrindo a história inteira desde os dias apostólicos até o fim dos tempos. (...) Visão após visão, selo após selo, taça após taça, são vistos como tendo correspondência com a história sucessiva, deixando apenas a parte final do livro para ser cumprida em relação imediata com a volta do Senhor. (...) Nesta teoria, o livro está se desenrolando através de toda a era presente." (p. 362). CRÍTICA. "Não podemos pensar também que a incessantemente variável interpretação historicista ou "presentista" esteja correta." O modo como se deveria conhecer a história para interpreta-lo desta forma, acaba impedindo seu valor. Os selos seriam as ocorrências até o fim do império romano, e as trombetas tratariam das invasões de bárbaros, com a besta sendo o Papa no séc. 16, enquanto as taças revelam juízos divinos sobre o catolicismo e o islã no século 19. "Não deixa de ser engenhoso associar símbolos aos acontecimentos, mas há muita falta de real plausibilidade." Há acontecimento que podem ser relacionados como se diz, mas há tantos outros e bastante importantes acerca de Deus e humanidade que seguem sem compreensão. Para o Dr. Joseph Angus, "embora concordando com esta visão geral, os intérpretes históricos demonstram a mais absoluta diversidade de opiniões quanto à aplicação dos diferentes símbolos em números, formas animadas, forças da natureza, cores, etc; alguns os entendem até certo ponto como eventos da história secular, enquanto outros os limitam por completo aos interesses da Igreja." A diversidade de interpretações que buscam definir e conectar os eventos acaba gerando visões arbitrárias e muito diferentes dos que defendem esse modelo. (p. 364). "Os idealistas consideram o livro simplesmente como o estabelecedor de grandes realidades espirituais sob vários símbolos em vez de descrever eventos atuais da história, sejam passados ou futuros. Trata-se do "desenrolar pictórico de grandes princípios em conflito constante, embora sob formas diversas, e de caráter eclético". Essa interpretação indica que o livro deve ser lido como se fora a "representação simbólica de grandes princípios em lugar de uma coletânea de predições definidas." (p. 362). CRÍTICA. "Devemos rejeitar definitivamente a teoria idealista." A leitura do livro indica que suas revelações são gravemente proféticas, inclusive em suas conexões com profecias do AT, de modo que tais afirmações não podem ser "idealizadas ou espiritualizadas", não sendo este o modo de relacionar as "visões paralelas em nosso Livro de Apocalipse." (p. 363). "Os futuristas consideram a maior parte do livro como referindo-se ao que ainda está no futuro, isto é, à época final da era presente, e depois continuando além dela." Alguns concordam que as cartas para as sete igrejas trazem conteúdos que servem para a história eclesial cristã, mas a partir do cap. 6 o entendimento é que sua revelação irá ocorrer "pouco antes (e alguns realmente por ocasião) da volta de Cristo;", com o cap. 20 levando-nos ao juízo e os seguintes aos novos céus e terra. (p. 362-3). CRÍTICA. A Interpretação Futurista. "Para nós, a verdadeira interpretação é a conhecida como futurista." Mesmo não concordando com todos os detalhes, "acreditamos que a teoria, em geral, é a verdadeira." Embora essa interpretação que afirma que tudo irá ocorrer no futuro não possa ser testada pela história que passou, pode, no entanto, ser comparada "com outras passagens das Escrituras" - o que para nós constitui o teste mais importante de todos. Acredito que a interpretação futurista seja verdadeira porque ela interpreta as revelações do Apocalipse de João em correspondência com todo o esquema da predição bíblica." (p. 364-5). Observe que as Profecias Messiânicas do AT tratam de um Israel reunido e governado por Cristo, ajuntando todos os povos gentios consigo, sendo profecias bastante verificáveis e também em bom número. Ainda existem as Profecias tratando do Messias que sofre e assim salva o povo de seus pecados. "O Novo Testamento focaliza tudo isto, mostrando que existe apenas um Messias, com duas vindas - primeiro, como o Salvador que sofre e depois como o soberano davídico, e entre essas duas vindas interpõe-se a era presente." (p. 365). Também é anunciado no Novo Testamento que a segunda vinda irá ocorrer ao redor de conflitos grandiosos, sendo que não há informações sobre o tempo desta segunda vinda, apenas de que sua proximidade se relaciona com eventos que os sinais afirmam serem único e percebíveis (Mt 24.27-31; 2 Ts 1-12; 2 Tm 3). "Parece-me então que a interpretação Futurista do Apocalipse de João ajusta-se muito bem a este padrão geral da profecia bíblica." (p. 365). "É claro que me apresso a fazer certas concessões. Com os idealistas, estou pronto a ver nas visões e símbolos apocalípticos, vivas ilustrações de princípios, conflitos e questões espirituais, emboras essas não sejam a primeira interpretação do livro. Com os preteristas, percebo claramente nos precursores e na destruição que pôs fim à era apostólica um cumprimento, uma espécie de cumprimento antecipado, embora não o cumprimento final; assim como as predições do Senhor em Mateus 24.4-31, todas tiveram então um cumprimento exceto a volta do próprio Senhor. Com os historicistas, vejo as repetidas correspondências e cumprimentos através de toda a era presente, desde que a "história se repete" e Deus dominou os acontecimentos a fim de pressagiar e conduzir até o cumprimento final. Desse modo o meu futurismo encontra certa acomodação para as outras três teorias, embora nenhuma delas consiga abrir espaço para ele!" (p. 366). A orientação que desejo acentuar se refere aos que ensinam que "se qualquer parte das Escrituras for simbólica, tudo é simbólico; se qualquer parte é literal, tudo é literal". Não devemos ter essa compreensão assim que nos deparamos com o livro de Apocalipse! "Nosso Senhor aparece como: 1. Um semelhante a filho de homem. 2. Com vestes talares. 3. Cingido à altura do peito com uma cinta de ouro. 4. A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve. 5. Os olhos, como chama de fogo. 6. Os pés semelhantes ao bronze polido. 7. A voz como voz de muitas águas. 8. Tinha na mão direita sete estrelas. 9. Da boca saia-lhe uma afiada espada de dois gumes. 10. O seu rosto brilhava como o sol na sua força. Aqui temos certamente simbolismo. Dignidade, poder, posição, caráter, tudo revestido de símbolos. Mas, note bem, apesar de muita coisa ser simbólica, nem tudo o é. Foi verdadeiramente o próprio Senhor que João viu e não apenas uma representação simbólica d´Ele. Várias vezes, em todo o Livro de Apocalipse, descobrimos o simbolismo assim agrupado ao redor da verdade e de realidades literais e centrais." (p. 366-7). Livro. BAXTER, J. Sidlow. examinai as escrituras. Atos a Apocalipse. tradução de Neyd Siqueira - 2 ed. São Paulo : Vida Nova, 1995. APOCALIPSE DE JOÃO. DIFICULDADES DE INTERPRETAÇÃO. Breves considerações. BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. "Os intérpretes discordam com relação ao período de tempo e à maneira em que as visões de 6.1 - 18.24 são cumpridas. Os "preteristas" pensam que o cumprimento ocorreu na queda de Jerusalém (isto se Apocalipse foi escrito em 67-68 d.C), na queda do Império Romano, ou em ambos. Os "futuristas" acham que o cumprimento ocorrerá num período de crise final, pouco antes da segunda vinda. Os "historicistas" pensam que o trecho de 6.1 - 18.24 oferece um esboço cronológico básico do curso da história eclesiástica do século I (6.1) até a segunda vinda (19.11). Os "idealistas" acham que as cenas do Apocalipse não descrevem eventos específicos, mas princípios de guerra espiritual. Estes princípios estão em operação no transcurso da era eclesiástica e podem ser alvo de repetições análogas. A verdadeira interpretação se encontra, provavelmente, em uma combinação destes pontos de vista. As imagens de Apocalipse são multiformes e são, em princípio, capazes de variadas interpretações. Os idealistas mantêm que no livro temos a expressão de certos princípios gerais." Assim, são princípios relevantes para os conflitos das sete igrejas na primeiro século, e os mesmos serão agravados quando do período da segunda vinda. Como há uma guerra espiritual ocorrendo na história, os princípios devem ser aplicados à vida dos cristãos a cada período de tempo. "Sendo assim, muitas passagens teriam, pelo menos, três aplicações principais: ao século I, à crise final e a qualquer época vivida por cristãos." Se os preteristas estiverem certos quanto a toda revelação ter ocorrido na igreja primitiva, mas considerarem que aspectos essenciais do conflito podem ter aplicação ampla, "os resultados práticos serão semelhantes à abordagem idealista. Paciência e humildade são necessárias quando lidamos com diferenças de opinião sobre estas questões." (p. 1524-25). Bíblia de Estudo de Genebra, Editora Cultura Cristã, São Paulo, 1999. INTRODUÇÃO AO CONTEÚDO das próximas aulas. LIVRO do conteúdo programático: Panorama do Novo Testamento, Gundry, Robert H. Ed. Vida Nova, São Paulo, 1998. "O Apocalipse (termo grego que significa "desvendamento") contém profecias mais extensas sobre o futuro do que qualquer outra porção do Novo Testamento. Essas profecias projetam luz sobre o triunfo escatológico de Cristo sobre as forças do Anti-Cristo deste mundo - a começar pela tribulação e atingindo seu clímax na parousia e chegando ao término com a plena concretização do reino de Deus - tudo para decisivo encorajamento dos crentes que enfrentam o antagonismo de uma sociedade incrédula." (p. 407). (...) "O estilo típico da literatura apocalíptica empregado no Apocalipse exibe uma linguagem exaltadamente simbólica na descrição de suas visões. Essas visões retratam o final da história, quando o mal houver atingido seu limite máximo e Deus tiver feito intervenção para dar início ao Seu reino, para submeter os ímpios ao julgamento e para galardoar os justos. E tudo isso é exposto... a fim de encorajar o povo de Deus e não fraquejar diante de um mundo dominado pela iniquidade. (...) As extravagantes figuras de linguagem usadas por todo o Apocalipse poderão parecer estranhas aos nossos ouvidos modernos, mas elas transmitem aos leitores as proporções cósmicas dos eventos descritos de maneira muito mais eficaz do que jamais poderia tê-lo feito a linguagem prosaica. (...) Os intérpretes usualmente seguem alguma dentre as quatro principais abordagens do Apocalipse: O ponto de vista idealista (...) O ponto de vista preterista (...) O ponto de vista histórico (...) O ponto de vista futurista (...) O ponto de vista aqui adotado é primariamente o futurista, mas sem esquecer que João estava escrevendo não somente para o fim desta era, mas também para os cristãos a ele contemporâneos e, de fato, para os crentes de cada geração. Em particular, o conflito entre o cristianismo e os césares corresponde à peleja entre o povo de Deus durante a tribulação (quer a Igreja ou outra porção desse povo) e o Anticristo, o qual governará sobre o redivivo império romano. O Apocalipse retém sua relevância de modo perene por causa da possibilidade que tem cada geração sucessiva de ver o cumprimento do livro em suas predições." (p. 408-412). CONTEÚDO E ANÁLISE. Contexto de conflito entre sistemas político e espiritual na Antiguidade e Ocidente. CITAÇÃO. Contexto Político, Social e Religioso. "Se em todas as sociedades, antigas e modernas, a religião possui influência política, em Roma a religião se distingue pela relevância especial de sua dimensão pública. A populi romani religio é, ao mesmo tempo, teoria religiosa e doutrina de Estado. O culto aos deuses se expressa através de algumas práticas que a sociedade herdou de seus antepassados, e não pode alterá-las sob pena de cair num culpado superstitio." (Greco, 2008, p. 76 apud Ruppell Jr, 2021). "{...} Importa ressaltar que o estabelecimento das primeiras sociedades na Antiguidade requeria instituições políticas fortes, com a definição da personalidade e dos poderes da autoridade soberana da nação. O objetivo era o de superar os questionamentos e os conflitos, especialmente aqueles vindos da própria população, e um passo importante nesse sentido foi unificar ou aproximar as figuras das autoridades política e religiosa. Esse fato, posteriormente, gerou a própria "divinização" do chefe político, conforme aconteceu na Mesopotâmia e no Egito antigos e com Alexandre, o Grande e o César Augusto romano. Nessa perspectiva, as religiões se tornaram práticas culturais essenciais para a organização política dessas nações e um aspecto bastante influente em sua progressão histórica, pois o poder política autorizava o poder religioso e vice-versa." (Rüppell Jr, p. 65, 2021). O Cristianismo e a Civilização Ocidental. Ivan S Rüppell Jr e Marli Turetti. Intersaberes, Curitiba, 2021) RESENHA, Livro: O Jardim das Aflições (Olavo de Carvalho), por Lucas Attílio. "Obra retrata importância do Cristianismo na formação da civilização e a sua luta com a ascensão da moral civil do Estado. (...) A tese de Olavo é a de que a história da parte ocidental do planeta, desde o Império Romano, tem sido a realização de tentativas de edificar um Império que consiga conciliar duas esferas de difícil harmonia: a Espiritual e a Temporal. Na primeira, temos as religiões, notadamente o Cristianismo. Na segunda, é o poder político desempenhado pela autoridade vigente. Para mostrar a veracidade de sua proposta, o autor descreverá séculos de conflitos entre o catolicismo e as monarquias européias. (...) A saída desse imbróglio foi a ascensão do Império leigo, fracassado sob Napoleão Bonaparte, todavia, bem sucedido pelos Estados Unidos. (...) O Estado absorve o cristianismo ao impor um código moral civil. Cidadãos não precisam seguir religiões em específico, bastando obedecer às leis temporais impostas pelo Estado. Há um deslocamento da moral religiosa para a moral civil. (...) A moral do Estado abarca vários domínios da vida diária, como o tratamento das crianças, estabelecido por leis e estatutos." Aula Teologia Apocalíptica. Prof Ivan S Rüppell Jr, Ciências da Religião e Teologia.

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