terça-feira, 2 de maio de 2023

Teologia APOCALÍPTICA. RESUMO. Introdução e Aspectos principais. Parte 1.

Disciplina Teologia Apocalíptica. Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba. ASPECTOS PRINCIPAIS DO CONTEÚDO. Resumo Parte 1. I Bimestre. O TEXTO: "O Sermão Escatológico de Jesus: Análise da influência da Apocalíptica Judaica nos escritos do Novo Testamento". A relação entre o NT e os apocalipses judaicos tem gerado bom número de estudos desde o séc. 19, desde sugestões que Marcos 13 seria um "pequeno apocalipse", de que o contexto do NT reflete a mitologia apocalíptica (Bultmann) e até, de que o "pensamento apocalíptico é a mãe de toda a teologia cristã". P Patten entende que alguns apócrifos apocalípticos esclarecem as parábolas de Marcos, e D Leon entende que Mateus 24 é "uma inserção apocalíptica" na mensagem de Jesus. O capítulo 13 de Marcos é o que recebe maiores comentários, sendo considerada "uma das passagens do Novo Testamento mais semelhantes aos apocalipses judaicos", e, conforme Bultmann, esse texto é praticamente um apocalipse judaico assumido pelo cristianismo, enquanto outros estudiosos descrevem esse capítulo como um "folheto apocalíptico" reconstruido, um "pequeno apocalipse", e um "Sermão Escatológico" distinto do que realmente pode ter sido ensinado por Jesus; sendo que a edição prejudica o que Jesus revela, pois o cap. 13 de Marcos, "opõe-se ao ensino de Paulo, tem contradições internas e contradiz o que lemos em outros lugares do Novo Testamento sobre a Parousia," conforme pensa T W Manson. Outros estudiosos veem diferente, entendendo que Marcos utilizou pensamentos apocalípticos de Jesus e buscou contextualiza-los historicamente, diminuindo sua ênfase apocalíptica. (p. 1). Segundo o autor e teólogo analista de nosso texto, "a maioria destas sugestões parece roubar o Sermão Escatológico de sua originalidade e caráter próprio - para não falar de sua autenticidade. Elas partem do pressuposto, ainda não provado, de que o cristianismo primitivo - e mesmo o próprio Jesus - foi profundamente influenciado pela apocalíptica judaica a ponto de ser este o ambiente vivencial do surgimento, não somente de Marcos 13, mas também de toda a teologia do Novo Testamento." Análise de Augustus Nicodemus: "Nosso alvo é mostrar que o Sermão Escatológico é distinto da literatura apocalíptica em pontos fundamentais e demonstrar que esta diferença é devida à hermenêutica de Jesus." (p. 2). I. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA APOCALÍPTICA JUDAICA E DO SERMÃO ESCATOLÓGICO. A. Os Apocalipses Judaicos. Descrição de características. São literatura judaica e cristã escritas entre 200 a.C. e 100 d.C. no interesse de revelar através de audições e visões alguns mistérios sobre a existência e temas teológicos, contendo temas do destino final da história, cujo conteúdo foi revelado por Deus através de visões; com tema básico da vingança divina aos inimigos de Israel. Concordamos que há diferenças nos vários apocalipses acerca das previsões dadas, "em geral, porém, todos eles têm como tema central o governo absoluto de Deus no mundo", vindo a orientar a atitude do crente diante do mundo e a definir os atos finais de Deus na história. B. O Sermão Escatológico. Suas característiscas estão contidas nas respostas dadas por Jesus ao questionamento dos discípulos em Mateus 24.1-3, sendo que nos três evangelhos sinóticos este sermão tem a mesma função: - corrigir expectativas sobre a destruição do templo, a vinda de Jesus e o fim dos tempos; - advertência sobre falsos sinais e falsos "Cristos"; - estabelecer visão integral da história a partir da morte e ressurreição de Jesus; - exortar para que estejam preparados para sua vinda final. Partes do Sermão Escatológico. 1. O princípio das dores são sinais dos tempos e confirmação de que o fim virá, mas não de que está próximo. (Mc 13.5-13) 2. A grande aflição da Judéia responde à pergunta sobre a destruição do templo. (Mc 13.14-23) 3. A vinda do Filho do Homem, que é a segunda vinda de Jesus. (Mc 13.24-27) 4. A volta final de Jesus surge em detalhes para ensinar a importância de estar atento à sua ocorrência. (Mc 13.28-37) 5. Exortação para estar preparado. (Mc 13. 33-37) 6. Parábolas de exortação para vigilância. (Mt 25.1-30) 7. O Dia do Juízo e o ajuntamento das nações. (Mt 25. 31-46). Enfim, o fato é que há elementos comuns entre o Sermão Escatológico e os apocalipses judaicos, porém, nossa análise é compreender se o sermão é somente um apocalipse judaico apoderado pelos cristãos e reorientado ao cristianismo, conf. entende Russel. TRÊS TEMAS DE ANÁLISE. O tempo deste mundo ou período interino; - A expectativa messiânica; - O lugar de Israel na História à luz do eschaton. A. Período interino. Expressão que designa o tempo presente, desde o momento de alguma ocorrência que o iniciou até a consumação dos tempos. Oferecer "um calendário para a história" é o propósito deste tema, assim como houve nas "setenta semanas" (Daniel 9. 24-27), além de outros textos apócrifos ou apocalipses judaicos: (em Baruque há doze partes, e em 1 Enoque há dez semanas). "O foco do Sermão Escatológico, por outro lado, é muito mais a preparação dos discípulos para os últimos dias do que um programa detalhado da história, como é o caso em muitos dos apocalipses judaicos." (p. 6). B. Uma Abordagem pessimista do Mundo Presente. O pessimismo é uma marca dos "apocalipses", conf 4 Esdras e 2 Baruque, com a degradação e iniquidade sendo crescentes, em meio à salvação de uns e o juízo de tantos. "No Apocalipse de Abraão, o tempo presente é apresentado como um tempo de impiedade, em que os pagãos tem domínio sobre os judeus." (p. 7). E assim seguem outros apocalipses, retratando a chegada da tribulação e a vigilância, a devida atenção e clamor que devem ter os fiéis, em meio a tudo; sendo que, uma explicação sobre a prosperidade dos maus diante das lutas dos bons é um tema recorrente dos apocalipses, para expor o modo como Deus é bom e ainda está governando a realidade. O dualismo é um tema presente nos apocalipses, com a descrição de demônios e maldades sobre a terra, os quais são permitidos por Deus nesse período de "domínio" do mal. Enfim, o Sermão Escatológico não é pessimista. O anúncio das tribulações dado por Jesus tem propósito de comprovar suas palavras proféticas sobre o desenvolvimento da história; e não para anunciar a chegada do fim, mas sim, para dar coragem e esperança nas provações aos discípulos, pois eles seguem sendo suas testemunhas ao mundo. "A atitude dos discípulos diante de um mundo em crise é de expectativa positiva (Lc 21.28) e de alcançar o mundo com as boas novas (Mt . 24-14)." (p. 7). C. A expectativa messiânica. A figura do Messias guerreiro que já veio ou virá para conduzir a nação de Israel em vitória é "um tema recorrente na apocalíptica judaica". 1. O Messias guerreiro da apocalíptica. O Messias do Apocalipse de Abraão é denominado o "Eleito de Deus" que vem castigar os ímpios, enquanto que no Apocalipse de Baruque a aparição do Messias ocorre após a tribulação, nos dias finais, na expectativa de que um "império messiânico" seja estabelecido até o fim dos tempos e data final da corrupção na terra. "A terra será inacreditavelmente frutífera e ninguém jamais terá fome." E então o Messias vai surgir em glória, embora o Apocalipse de Baruque tenha lacunas sobre o tempo da vitória final do Messias sobre os inimigos de Israel, o que fez surgir a ideia de que este texto é compilação de vários apocalipses. "De acordo com Charles, o Messias idealizado pelo primeiro escritor tinha privilégios muito altos." Homem justo, reto e manso, sacerdote e mediador pelos gentios, e Profeta de Deus, vindo a ser Rei de Israel para lutar com as nações e o Mal, libertando as almas do pecado, tendo condição de capacitar seguidores na luta espiritual até lançar Belial no fogo final. "A semelhança com o conceito cristão do Messias pode ser entendida como sendo o resultado de assimilação por parte dos autores deste apocalipse." 2. O Filho do homem do Sermão Escatológico. Vejamos quem é o Messias do Sermão Escatológico, o "Filho do Homem", sendo que houveram muitas alegorias sobre essa personalidade, e também identificando as profecias com a destruição de Jerusalém: Mt 24.29-31; Mc 13. 24-27; Lc. 21-25-28; algo distinto do visto no NT, como em (1 Co 15.52; 1 Ts 4.14-17). "A vinda do "Filho do homem", conforme o Sermão Escatológico, ao contrário da apocalíptica, está próxima, será súbita, mas é impossível predizer quando ocorrerá (Mt 24.32-44; Mc 13. 28-37; Lc 21. 29-36). Esta tensão é uma das características mais difíceis de todo o sermão", mas seu valor é convocar à vigilância, não sendo contraditória, sendo que não há informes objetivos de Jesus sobre sua volta, de forma que o anúncio dos sinais trágicos aponta para o fato de que o fim irá chegar, e não de quando. "Essa contradição aparente está de acordo com a tensão geral entre o "já" e o "ainda não" do Novo Testamento." Enquanto o Messias dos Apocalipses tem atuação limitada, o Sermão Escatológico aponta que Ele irá socorrer os eleitos da tribulação ao ajunta-los, julgando o mundo com recompensa ao eleitos e juízo aos maus. "Isso é muito mais do que o filho do homem de Daniel (Dn 7.13-14), porque Jesus conecta o conceito do Filho do homem com a parousia e a consumação final." D. O Lugar de Israel na História. Os apocalipses judaicos estão atentos "à situação de Israel na história"; que traz quatro ideias: Israel como povo de Deus na escatologia, importância do templo de Jerusalém, significado de eleito e, a relação de Israel diante dos gentios. 1. Israel e o eschaton. "Nos apocalipses judaicos a situação futura de Israel normalmente é luminosa." A essência da mensagem que surge de forma repetida é de uma experiência de provações e perseguição na presente era, até a vitória final de Israel sobre as nações, em que irá assumir a primazia, enquanto o mundo ímpio irá padecer sobre o juízo de Deus. "O futuro de Israel no Sermão Escatológico, porém, não é tão promissor assim." Jerusalém é destruída pelo juízo de Deus a partir da descrença na vinda do Messias, o Cristo. Não há orientação de retorno da glória de Israel nem de que consiga se levantar do jugo dos gentios, após o anúncio dos juízos contra a nação. . 2. O Templo de Jerusalém. "A situação do Templo de Jerusalém é associada de forma íntima, nos apocalipses judaicos, com a situação espiritual de Israel." O Apocalipse de Abraão e o Testamento dos Doze Patriarcas anunciam a destruição feroz do templo devido aos pecados de Israel. Ao mesmo tempo, outros textos apocalípticos apresentam a restauração de "um último templo" ao fim dos tempos. "O templo, de acordo com o Sermão Escatológico, também será destruído (Mt 24.1-2), mas como a expressão da ira divina contra a incredulidade da nação para com Jesus (ver Lc 19.41-44; 21- 22-24; Mt 23.37-39; e 24.1-2)." (p. 11). Porém, o Sermão Escatológico não traz diferença nem primazia para judeus ou gentios, pois "as boas novas serão anunciadas a todas as nações como testemunho. (Mt 24.14)." O dia do juízo irá colocar todas as pessoas diante de Deus e o acerto será pessoal, não havendo o "universalismo parcial" dos apocalipses, com certa primazia aos judeus, pela etnia. A apocalíptica judaica indica que o fim pouco anterior ao juízo de Deus irá ocorrer em meio a um grande conflito universal, "mas esta última grande batalha e a subversão dos poderes terrestres malignos estão ausentes no Sermão Escatológico. Isto significa que a expectativa nacional judaica não tem lugar algum no Sermão Escatológico." (p. 12). III. O que faz a diferença. Esta pesquisa demonstra que a semelhança de imagens e símbolos entre a apocalíptica judaica e o Sermão Escatólogico não sustenta uma mesma visão de ambos, quando tratamos do significado dos temas básicos. "Existem diferenças marcantes, como, por exemplo, no conceito do Messias." (p. 12). Enquanto a apocalíptica aguarda a vinda do Messias, no Sermão Escatológico ele já veio. A apocalíptica orienta o devido respeito ao Messias, enquanto que o Sermão Escatológico afirma que o destino das pessoas depende somente de sua crença n´Ele, "uma atitude religiosa". O Messias da apocalíptica é guerreiro, sendo que esta figura não está presente no Messias do Novo Testamento e do Sermão Escatológico. "Agora, vem a pergunta, por que o Sermão Escatológico apresenta uma visão diferente do mundo e do eschaton?". (p. 13). Já que, tanto o Sermão Escatológico quanto a apocalíptica judaica tiveram uma base comum nos textos do AT, se faz importante esta reflexão, e "nossa resposta é que isto se deveu principalmente à abordagem diferente de Jesus e dos escritores do Sermão Escatológico para com elas." "Penso que Ridderbos estava correto ao afirmar que os escritores bíblicos eram, em muitos aspectos, filhos de seu próprio tempo, e que pensavam e escreviam como tais." Isto se aplica à língua e aos conceitos, forma de expressão e comunicação, sendo que uma percepção igual deve ser dada para o ensino de Jesus. Neste sentido, as semelhanças do Sermão Escatólico e literaturas judaicas da época sugerem "uma dependência comum... corpo flutuante do material apocalíptico em existência, bem conhecido da mente popular, do qual os escritores fizeram uso..."; o qual já estava incluso na cultura popular da época. No entanto, mais do que reverberar os "métodos rabinicos de interpretação" e literatura apocalíptica da época, deve-se entender que o Sermão Escatológico anotado pelos evangelistas foi escrito debaixo da "hermenêutica do próprio Jesus". "Como L. Floor afirma, o que realmente faz a diferença, não só no Sermão Escatológico, mas no Novo Testamento como um todo, é o fato de que Jesus e os seus discípulos não abordaram o Antigo Testamento como um conjunto de regras divinamente sacionadas"; como era um padrão nos textos judaicos diversos daquele período. "É nossa convicção que as características distintivas do Sermão Escatológico, quando comparado com a apocalíptica judaica, podem ser adequadamente compreendidas deste modo." (p. 13). Conclusão: O Sermão Escatológico de Jesus em Marcos 13 tem sido entendido como uma mensagem "apocalíptica tipicamente judaica". No entanto, se olharmos adiante das imagens e símbolos semelhantes, iremos perceber "profundas diferenças quanto aos temas básicos, como a visão do mundo presente, a concepção messiânica, e o lugar de Israel e dos gentios na história e no eschaton". As similaridades se explicam pela fonte comum do AT, especialmente do profeta Daniel, além do contexto cultural do primeiro século que contempla a escrita destes documentos. Importa destacar que a hermenêutica do Sermão foi profundamente definida e desenvolvida pela abordagem de Jesus ao conteúdo, com ènfase cristológica. "No Sermão Escatológico essa abordagem cristológica da história, do eschaton e da Escritura aparece em destaque." (p. 14). TEXTO base: GORDON, Fee e STUART, Dou. Entendes o que lês?. Edições Vida Nova, São Paulo SP, 2006. RESUMO. Introdução. A necessidade de interpretação. "A interpretação que visa a originalidade, ou que prospera com ela, usualmente pode ser atribuída ao orgulho (uma tentativa de "ser mais sábio" do que o resto do mundo), ao falso entendimento da espiritualidade (segundo o qual a Bíblia está repleta de verdades profundas que estão esperando para serem escavadas pela pessoa espiritualmente sensível, mas com um discernimento especial), ou a interesses escusos (a necessidade de apoiar um preconceito teológico, especialmente ao tratar de textos que, segundo parece, vão contra aquele preconceito)... O que queremos dizer mesmo é que a originalidade não é o alvo da nossa tarefa. O alvo da boa interpretação é simples: chegar ao "sentido claro do texto". (p. 13-14). A necessidade da interpretação. A primeira razão para "aprender" a interpretar é que todo leitor ao ter contato com o texto, também acredita que entende bem o que está escrito. Junto disso, também compreendemos que "nosso entendimento é a mesma coisa que a intenção do Espírito Santo ou do autor humano." No entanto, a primeira atitude que temos como leitores acaba sendo a de compreender o texto a partir de nossa própria cultura e sentimentos, de nossas palavras e visão. A natureza da Escritura. "Uma razão mais significante para a necessidade de interpretação acha-se na natureza da própria Escritura... A Bíblia é, ao mesmo tempo, humana e divina... "A Bíblia é a Palavra de Deus dada nas palavras de (pessoas) na história." (George Ladd). Assim, "é esta natureza dupla da Bíblia que exige da nossa parte a tarefa da interpretação." (p. 17). "Porque a Bíblia é a Palavra de Deus, tem relevância eterna; fala para toda a humanidade em todas as eras e em todas as culturas... Mas porque Deus escolheu falar Sua Palavra através das palavras humanas na história, todo livro na Bíblia também tem particularidade histórica; cada documento é condicionado pela linguagem, pela sua época, e pela cultura em que originalmente foi escrito... A interpretação da Bíblia é exigida pela "tensão" que existe entre sua relevância eterna e sua particularidade histórica". (p. 17). Neste sentido, a tarefa da interpretação da Bíblia orientada pela "natureza do texto" não deve ser realizada somente como se fosse um texto e livro escrito por seres humanos, e também não pode ser interpretada como sendo um texto que se pode entender somente a partir de sua "relevância eterna". Assim, "o fato de que a Bíblia tem um lado humano é nosso encorajamento; também é o nosso desafio, e é a razão porque precisamos interpretar." (p. 18). Dois aspectos: A Bíblia é um texto escrito durante 1500 anos, que utilizou o vocabulário, expressões e linguajar, e ainda foi anotada conforme a "cultura daqueles tempos e circunstâncias." (p. 18). Desta forma, a atividade da interpretação ocorre em duas etapas: - é preciso "escutar" a Palavra que os primeiros ouvintes receberam, buscando entender o que lhes foi anunciado lá em seu tempo e situção; - é preciso saber ouvir esta mesma Palavra eterna "aqui e agora". Observe que, "um dos aspectos mais importantes do lado humano da Bíblia é que Deus, para comunicar Sua Palavra para todas as condições humanas, escolheu fazer uso de quase todo tipo de comunicação disponível: a história em narrativa, as genealogias, as crônicas, leis de todos os tipos, poesia de todos os tipos, provérbios, oráculos proféticos, enigmas, drama, esboços biográficos, parábolas, cartas, sermões e apocalipses." (p. 19). Para sermos capazes de "escutar" o que foi "ouvido" pelos primeiros profetas de Deus lá na história, é preciso aprender a identificar e compreender cada genêro literário utilizado em cada uma daquelas épocas. E para escutar Deus falando conosco "aqui e agora", é preciso entender como cada um destes modos de literatura "fala" conosco e em que circunstância e maneira, posto que são os textos são "salmos" ou são "leis civis" ou são "cartas" ou são "leis morais" etc. "Tais são as perguntas que a natureza dupla da Bíblia nos impõe." (p. 19). A Primeira Tarefa: Exegese. (p. 19). "A exegese é basicamente uma tarefa histórica. É a tentativa de escutar a Palavra conforme os destinatários originais devem tê-la ouvido; descobrir qual era a intenção original das palavras da Bíblia." (p. 19). Deve-se fazer duas perguntas ao texto, sendo a primeira sobre o "contexto", analisando situações históricas e modelos literários; e a segunda questão orienta que busquemos avaliar o "conteúdo". "O contexto histórico... tem a ver com várias coisas: a época e a cultura do autor e dos seus leitores, ou seja; os fatores geográficos, topográficos e políticos que são relevantes ao âmbito do autor; e a ocasião do livro, carta, salmo, oráculo profético, ou outro gênero. Todos os assuntos deste tipo são especialmente importantes para a compreensão." (p. 22). Observe a importância de saber algo da formação e personalidade dos profetas, como Amós e Isaías, e ter conhecimento de que Ageu pregou após o exílio, além de ter entendimento da espera messiânica que ocorria ao redor da aparição de João Batista e depois Jesus, sem deixar de esquecer, por exemplo, as parábolas, pois os costumes e aspectos do cotidiano da população visitada por Jesus são importantes, como ainda, o conhecimento de que 1 denário é o salário de um dia todo. "A questão mais importante do contexto histórico, no entanto, tem a ver com a ocasião e o propósito de cada livro bíblico e/ou das suas várias partes (...) Isto variará de livro para livro, e é muito menos crucial para Provérbios, por exemplo, do que para I Coríntios." (p. 23). O Contexto Literário. "Essencialmente, o contexto literário significa que as palavras somente fazem sentido dentro das frases, e, na sua maior parte, as frases na Bíblia somente têm significado em relação às frases anteriores e posteriores." (p. 23). Algumas perguntas que devemos fazer: "Qual é a razão disto?" É preciso entender o modo como o autor do texto desenvolve o raciocínio, compreendendo o que ele diz e porque está dizendo ali naquela frase, e igualmente perceber porque a próxima frase irá trazer certo conhecimento, o qual decorre da anterior. Além disso, é preciso estar atento ao gênero literário, entendendo se há uma poesia sendo escrita e acerca de outros tipos de textos, e ainda, sobre se a frase que lemos está no início, meio ou fim de um determinado parágrafo. As Perguntas de Conteúdo. "Conteúdo" tem a ver com os significados das palavras, com os relacionamentos gramaticais nas frases, e com a escolha do texto original onde os manuscritos tem textos variantes; como saber, também, o que significa "um denário", ou uma "jornada de um sábado", ou "lugares altos", etc." (p. 24). A Segunda Tarefa. A Hermenêutica. Embora esse termo seja utilizado para a feitura da exegese também, nesse texto queremos diferenciar a hermenêutica como uma tarefa "para fazer as perguntas acerca do significado da Bíblia "aqui e agora"." (p. 25). Porém, não é possível ter qualquer noção do significado da Palavra da Bíblia para hoje, o "aqui e agora", se não fizermos uma boa exegese anterior; pois somente teremos noção dos princípios e verdades que estão sendo ensinadas naquele texto, após termos compreensão do que significavam para o autor original do texto. Neste sentido, há alguns princípios básicos para se saber o que a Escritura significa "aqui e agora". Primeiro, "um texto não pode significar o que nunca significou", pois, "o significado verdadeiro do texto bíblico para nós é o que Deus originalmente pretendeu que significasse quando foi falado/escrito pela primeira vez. Este é o ponto de partida." (p. 26). Sobre os que argumentam que um texto bíblico pode ter um conhecimento adicional além do que dizia para os ouvintes originais, sabe-se que no caso das profecias é possível ocorrer essa possibilidade, mas que estará debaixo de um entendimento dado por outros textos, que igualmente devem ser entendidos a partir do que Deus falou originalmente atraves deles. Nessa perspectiva, a hermenêutica deverá sempre ser desenvolvida mediante um bom número de regras, sendo que a integridade do leitor em temor é que deverá ser o padrão quando estiver atento ao texto da Palavra de Deus, e na busca de ferramentas e raciocínios de compreensão das palavras e frases ali escritas. {...}. TEXTO base: GORDON, Fee e STUART, Dou. Entendes o que lês?. Edições Vida Nova, São Paulo SP, 2006. PARTE 2. LIVRO DO APOCALIPSE. Quadros do Julgamento e da Esperança. Após ler histórias, cartas e evangelhos no NT, tomamos contato com anjos e bestas, selos e dramas cósmicos no texto do livro do Apocalipse. Ao mesmo tempo, o autor fala direto ao leitor, enquanto também envia cartas para as sete igrejas, sendo que o livro contém um profundo e rico simbolismo, seja dos juízos e terremotos, seja das testemunhas (11.1-10) - que é sempre um desafio interpretativo para o conhecimento de toda a Igreja. "A maioria dos problemas tem origem nos símbolos, além do fato de que o livro trata dos eventos futuros, mas ao mesmo tempo o contexto é reconhecidamente do século I". (p. 217). A Natureza do Texto do Apocalipse. O tipo do gênero literário do livro requer toda nossa atenção, até porque o texto traz "uma combinação sem igual, finalmente harmonizada, de três tipos literários distintos: o apocaliptico, a profecia e, a carta." (p. 218). O Apocalipse como Apocalíptica. Apocalipse significa Revelação, sendo um termo que se refere ao gênero literário, o qual entre os anos 200 a.C e 200 d.C gerou dezenas de textos escritos nesse modelo. As características dos textos dessa época, do gênero da Apocalíptica, são: 1. a raiz mestre da apocalíptica é a literatura-profética vetero-testamentária, especialmente conforme é achada em Ezequiel, Daniel, Zacarias, e partes de Isaías. Tratava de temas de julgamento e salvação num contexto de perseguições, tendo a preocupação maior com a intervenção final de Deus para resolver a história e situação. 2. Os apocalipses são diferentes das profecias, pois desde seu início são escritos numa forma literária específica, posto que João é chamado para ver e escrever. 3. "A matéria da apocalíptica é apresentada na forma de visões e sonhos, e sua linguagem é enigmática (com sentidos ocultos) e simbólicos." (p. 219). São textos que carregavam a ideia de serem antigos e escritos por personalidades da tradição da fé. 4. "As figuras de linguagem da Apocalíptica frequentemente são formas de fantasia, e não da realidade." (p. 219). De forma diferente, os simbolismos dos profetas envolviam figuras da realidade, como sal, pombos, pães etc. As figuras da apocalíptica surgem da fantasia, com seres como a besta com dez chifres e sete cabeças, mulher vestida de sol e gafanhotos com caudas de escorpião. 5. "Porque eram literários, a maioria dos apocalipses eram muito formalmente estilizados. Havia uma forte tendência para dividir o tempo e os eventos em pacotes arrumados." (p. 220). Assim, as visões se apresentam em conjuntos e numeradas, vindo a expressar algo definido quando unidas, embora sem seguir uma cronologia, de um quadro diante do outro, sem que as mensagens sejam decorrentes. "O Apocalipse de João enquadra-se em todas estas características da apocalíptica menos uma." João não era desconhecido de seus leitores, sendo inclusive avisado para dar publicidade ao livro. "Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo." (Ap 22.10). (p. 220). O Apocalipse como Profecia. O Apóstolo João escreve um texto profético numa literatura apocalíptica, de forma que sua palavra profética é entregue na perspectiva de uma mensagem que está ocorrendo no já e, ainda não; sendo que, o fato de João viver na Era do Espírito tem muito a ver com a singularidade deste livro. Um aspecto importante do valor profético do livro do Apocalipse se refere ao fato de ser uma mensagem que foi anunciada na época de sua visão, sendo ao mesmo tempo, uma palavra de Deus para o tempo em que foi anunciada, destacando assim, o que foi dito no cap. 9, acerca de: "que profetizar não significa primariamente predizer o futuro mas, sim, proclamar a Palavra de Deus no presente, palavra esta que usualmente tinha como seu conteúdo o julgamento ou a salvação vindouros." (p. 221). O Apocalipse como Epístola. Destaca-se que a união de aspectos proféticos e apocalípticos foi escrita no modelo de uma carta, com aspectos formativos de uma epístola em sua ordenação e texto. A partir disto, deve-se perceber o "aspecto ocasional" - que toda carta carrega consigo, pois a escrita surgiu de uma situação e necessidades que as igrejas experimentavam, surgindo daí, a importância do estudo de "seu contexto histórico original", para a boa interpretação do livro. (p. 221). A NECESSIDADE DA EXEGESE. A primeira tarefa é a intenção do autor, e sendo o Apocalipse uma epístola, o "significado primário é aquilo que João pretendeu que significasse... que seus leitores poderiam ter entendido", além do fato que o contexto histórico e simbologias utilizadas eram familiares aos destinatários da carta. Enquanto texto profético, deve-se resguardar a possibilidade de um "sentido secundário" a ser dado pelo Espírito Santo, embora a tarefa da exegese seja somente a do entendimento do que João escreveu aos leitores originais. "Destarte, é coisa aceitável reconhecer o novo uso que João faz das figuras tiradas de Daniel ou Ezequiel, ou ver as analogias nas figuras apocalípticas doutros textos." - "Uma nota final: os apocalipses em geral, e o Apocalipse de João em especial, raras vezes pretendem oferecer uma narrativa detalhada e cronológica do futuro. A mensagem deles tende a transcender tal tipo de preocupação." (p. 224). O interesse e propósito de João é demonstrar que acima das aparências, Deus controla a história, a Igreja e futuro. A Igreja sofredora tem a visão do triunfo em Cristo e do juízo sobre os inimigos. "Todas as visões devem ser vistas nos termos desta preocupação maior." (p. 224). O CONTEXTO HISTÓRICO. A boa leitura de qualquer genêro literário é a leitura inteira de todo o livro ou carta, de uma vez só. "Leia procurando o quadro geral." (p. 224). Nas sete cartas há uma repetição da indicação da escrita "ao vencedor"; o quinto selo revela os mártires fiéis, mortos pela "palavra" e "testemunho". A multidão que não mais irá sofrer no cap. 7 veio da "grande tribulação", e todo sofrimento e morte dos fiéis tem relação com "o testemunho de Jesus". (p. 224-225). "Este tema é a chave para compreender o contexto histórico, e explica plenamente a ocasião e propósito do livro. O próprio João estava no exílio por causa da sua fé. Outros também estavam passando por sofrimentos - um até morrera (2.13) - pelo "testemunho de Jesus". (p. 225). João "no espírito" entendeu que estes sofrimentos eram o começo dos "ais", enquanto percebia que nem toda igreja estava preparada e pronta. "Os temas principais são abundantemente claros: a igreja e o estado estão seguindo direções que levarão a uma colisão, e parecerá que a vitória inicial pertence ao estado." (p. 225). João avisa que a morte e sofrimento estão próximos e também que ainda irão piorar, sendo importante não perder a fé na opressão. "Esta palavra profética, porém, também é de encorajamento; Deus, pois, está controlando todas as coisas. Cristo segura as chaves da história, e segura as igrejas nas Suas mãos (1.17-20). A igreja, portanto, triunfa até mesmo através da morte (12.11)." (p. 225). O CONTEXTO LITERÁRIO. (p. 226). A situação histórica e o significado das figuras do Livro do Apocalipse deve ser complementada pelo entendimento de "como esta visão específica funciona no livro como um todo." Assim, deve-se ler Apocalipse como lemos as cartas, e não como lemos os textos dos Profetas do AT, pois os antigos profetas trazem mensagens específicas enquanto o Apocalipse tem seu conteúdo todo relacionado. "Devemos pensar em parágrafos", porque cada parágrafo é um bloco para edificar o argumento inteiro", tanto nas Epístolas como no Apocalipse. "O livro é uma totalidade global, com estrutura criativa, e cada visão faz parte integrante da totalidade." Sendo um livro único e singular em seu estilo literário no NT, o melhor é desenvolver nossa avaliação direto no conteúdo, para termos bom aprendizado. (p. 226). "O livro desdobra-se como um grande drama, em que as primeiras cenas preparam o palco e definem o elenco de personagens, e as cenas posteriores precisam das primeiras para podermos seguir o enredo." (p. 227). AS QUESTÕES HERMENÊUTICAS. (p. 229). A dificuldade do Apocalipse é a dificuldade dos textos proféticos, pois o entendimento de um texto deve ser aquele que foi dado aos ouvintes originais, no entanto, conteúdos proféticos tratam de situações futuras para os primeiros ouvintes. "Frequentemente, aquilo que "deveria ser" tinha um aspecto temporal imediato, que do nosso ponto de vista histórico já aconteceu. Desta forma, Judá foi mesmo para o cativeiro, e foi restaurado, exatamente como Jeremias profetizara; e o Império Romano realmente foi sujeitado ao julgamento temporal, parcialmente através das hordas bárbaras, exatamente como João previu." (p. 229). Nestas questões as dificuldades hermenêuticas não são problemáticas, pois os princípios dados antes para o juízo de Deus ocorrido servem igualmente para nós, além do fato de que assim como outrora, igualmente hoje e no futuro, Deus irá julgar os perseguidores de cristãos, seja Roma antes ou a Rússia (e outros) no mundo contemporâneo. Especialmente, devemos ouvir e receber assim como os originais ouvintes do livro, "que o discipulado segue o caminho da Cruz, que Deus não nos prometeu livramento do sofrimento e da morte, mas, sim, o triunfo através deles." (p. 230). "Sendo assim, o Apocalipse é a Palavra de Deus de consolo e encorajamento aos cristãos que sofrem, seja na Rússia, na China vermelha, no Camboja, em Uganda, ou em qualquer outro lugar. Deus está no controle. Viu a labuta do Seu Filho, e ficará satisfeito." (p. 230). Eis a Palavra que deve ser ouvida na Igreja hoje, amanhã e sempre. Por isso, nossa dificuldade de interpretação e entendimento não está na "palavra de advertência e de consolo que é a razão de ser do livro". O nosso problema reside em que, a Profecia dada numa "palavra temporal está frequentemente tão estreitamente vinculada às realidades escatológicas finais." (p. 230). Se a queda de Roma (cap. 18) é o primeiro ato do quadro final, e outras profecias igualmente assim se apresentam, afirmando que o "término definitivo" é parte do quadro exposto, o que fazer, então, com essa profecia? Sugestões: 1. Quadros proféticos apresentam a realidade, mas não são a realidade em si mesmos, ou seja, as calamidades das primeiras quatro trombetas não precisam ocorrer daquele modo. 2. Os anúncios do irremediável juízo de Deus não significam a sua urgência temporal em nosso tempo e perspectiva, de forma que "pouco tempo" pode significar "limitado" ao invés de breve. 3. "Os quadros em que o "temporal" é estreitamente vinculado com o "escatológico" não devem ser considerados como sendo simultâneos - ainda que os próprios leitores originais os tenham entendido assim" (ver análise de Marcos 13 e Mateus 24-26 dada em aula). 4. Quadros escatológicos devem ser entendidos como foram anunciados, como os de Apc 11.15-19 e 19.1-22.1. (p. 231). "Assim como a primeira palavra da Escritura fala de Deus e da criação, assim também a palavra final fala de Deus e da consumação." (p. 232). Se há incerteza de interpretação sobre como tudo irá ocorrer, já há confirmação de que sim, tudo que foi anunciado irá ser realizado. "Tal certeza deve servir a nós, como para eles, para advertir e encorajar." (p. 232). Deve-se aguardar a vinda do Senhor, partilhando deste futuro certo no tempo presente, ouvindo e obedecendo a Palavra de Deus, até o dia em que nem o livro do Apocalipse será necessário: "Não ensinará jamais cada um ao seu próximo... porque todos me conhecerão (Jr. 31.34)." (p. 232). TEXTO base: EXAMINAIS AS ESCRITURAS. TEMA da Aula: compreensão, debate e reflexão sobre as diversas visões de interpretação da Apocalíptica. O APOCALIPSE DE JOÃO. Este livro que carrega consigo um título tão singular; "Apocalipse" (derivado do termo grego "apokalypsis"), que significa "revelação", "desvendamento", traz a ideia oposta a de que seu conteúdo seja um mistério. Assim, destacamos que sua mensagem é uma das mais facéis de compreender da bíblia, o que não significa que podemos resolver todos os aspectos de seu simbolismo, mas sim, "insistimos que, em seu significado abrangente e em sua mensagem central, é possível ao homem comum compreende-lo." (p. 361). Quatro Abordagens Diferentes. Há quatro escolas de interpretação sobre o conteúdo do Apocalipse: preterista e historicista, idealista e futurista. "Os preteristas consideram a maior parte do livro como já cumprida nos primeiros anos da história da Igreja. As palavras... de 1.19 são tidas como referências "ao estado contemporâneo de coisas na Igreja e no mundo, e os eventos que se seguiriam em sequência imediata". CRÍTICA. Para os autores, os defensores de que o livro foi cumprido no início da Igreja terão dificuldades diante de aspectos que até o ano 2000 de nossa era, certamente ainda não se cumpriram. "Os historicistas (ou "presentistas"...) vêem no livro um programa profético cobrindo a história inteira desde os dias apostólicos até o fim dos tempos. (...) Nesta teoria, o livro está se desenrolando através de toda a era presente." (p. 362). CRÍTICA. "Não podemos pensar também que a incessantemente variável interpretação historicista ou "presentista" esteja correta." Há acontecimento que podem ser relacionados como se diz, mas há tantos outros e bastante importantes acerca de Deus e humanidade que seguem sem compreensão. Para o Dr. Joseph Angus, "embora concordando com esta visão geral, os intérpretes históricos demonstram a mais absoluta diversidade de opiniões quanto à aplicação dos diferentes símbolos em números, formas animadas, forças da natureza, cores, etc; alguns os entendem até certo ponto como eventos da história secular, enquanto outros os limitam por completo aos interesses da Igreja. (p. 364). "Os idealistas consideram o livro simplesmente como o estabelecedor de grandes realidades espirituais sob vários símbolos em vez de descrever eventos atuais da história, sejam passados ou futuros. Trata-se do "desenrolar pictórico de grandes princípios em conflito constante, embora sob formas diversas, e de caráter eclético". (p. 362). CRÍTICA. "Devemos rejeitar definitivamente a teoria idealista." A leitura do livro indica que suas revelações são gravemente proféticas, inclusive em suas conexões com profecias do AT, de modo que tais afirmações não podem ser "idealizadas ou espiritualizadas", não sendo este o modo de relacionar as "visões paralelas em nosso Livro de Apocalipse." (p. 363). "Os futuristas consideram a maior parte do livro como referindo-se ao que ainda está no futuro, isto é, à época final da era presente, e depois continuando além dela." CRÍTICA. A Interpretação Futurista. "Para nós, a verdadeira interpretação é a conhecida como futurista." Mesmo não concordando com todos os detalhes, "acreditamos que a teoria, em geral, é a verdadeira." Embora essa interpretação que afirma que tudo irá ocorrer no futuro não possa ser testada pela história que passou, pode, no entanto, ser comparada "com outras passagens das Escrituras" - o que para nós constitui o teste mais importante de todos. Acredito que a interpretação futurista seja verdadeira porque ela interpreta as revelações do Apocalipse de João em correspondência com todo o esquema da predição bíblica." (p. 364-5). Observe que as Profecias Messiânicas do AT tratam de um Israel reunido e governado por Cristo, ajuntando todos os povos gentios consigo, sendo profecias bastante verificáveis e também em bom número. Ainda existem as Profecias tratando do Messias que sofre e assim salva o povo de seus pecados. "O Novo Testamento focaliza tudo isto, mostrando que existe apenas um Messias, com duas vindas - primeiro, como o Salvador que sofre e depois como o soberano davídico, e entre essas duas vindas interpõe-se a era presente." (p. 365). Também é anunciado no Novo Testamento que a segunda vinda irá ocorrer ao redor de conflitos grandiosos, sendo que não há informações sobre o tempo desta segunda vinda, apenas de que sua proximidade se relaciona com eventos que os sinais afirmam serem único e percebíveis (Mt 24.27-31; 2 Ts 1-12; 2 Tm 3). "Parece-me então que a interpretação Futurista do Apocalipse de João ajusta-se muito bem a este padrão geral da profecia bíblica." (p. 365). "É claro que me apresso a fazer certas concessões. Com os idealistas, estou pronto a ver nas visões e símbolos apocalípticos, vivas ilustrações de princípios, conflitos e questões espirituais, emboras essas não sejam a primeira interpretação do livro. Com os preteristas, percebo claramente nos precursores e na destruição que pôs fim à era apostólica um cumprimento, uma espécie de cumprimento antecipado, embora não o cumprimento final; assim como as predições do Senhor em Mateus 24.4-31, todas tiveram então um cumprimento exceto a volta do próprio Senhor. Com os historicistas, vejo as repetidas correspondências e cumprimentos através de toda a era presente, desde que a "história se repete" e Deus dominou os acontecimentos a fim de pressagiar e conduzir até o cumprimento final. Desse modo o meu futurismo encontra certa acomodação para as outras três teorias, embora nenhuma delas consiga abrir espaço para ele!" (p. 366). Livro. BAXTER, J. Sidlow. examinai as escrituras. Atos a Apocalipse. tradução de Neyd Siqueira - 2 ed. São Paulo : Vida Nova, 1995. APOCALIPSE DE JOÃO. DIFICULDADES DE INTERPRETAÇÃO. Breves considerações. BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. "Os intérpretes discordam com relação ao período de tempo e à maneira em que as visões de 6.1 - 18.24 são cumpridas. Os "preteristas" pensam que o cumprimento ocorreu na queda de Jerusalém (isto se Apocalipse foi escrito em 67-68 d.C), na queda do Império Romano, ou em ambos. Os "futuristas" acham que o cumprimento ocorrerá num período de crise final, pouco antes da segunda vinda. Os "historicistas" pensam que o trecho de 6.1 - 18.24 oferece um esboço cronológico básico do curso da história eclesiástica do século I (6.1) até a segunda vinda (19.11). Os "idealistas" acham que as cenas do Apocalipse não descrevem eventos específicos, mas princípios de guerra espiritual. Estes princípios estão em operação no transcurso da era eclesiástica e podem ser alvo de repetições análogas. A verdadeira interpretação se encontra, provavelmente, em uma combinação destes pontos de vista. As imagens de Apocalipse são multiformes e são, em princípio, capazes de variadas interpretações. Os idealistas mantêm que no livro temos a expressão de certos princípios gerais." Assim, são princípios relevantes para os conflitos das sete igrejas na primeiro século, e os mesmos serão agravados quando do período da segunda vinda. Como há uma guerra espiritual ocorrendo na história, os princípios devem ser aplicados à vida dos cristãos a cada período de tempo. "Sendo assim, muitas passagens teriam, pelo menos, três aplicações principais: ao século I, à crise final e a qualquer época vivida por cristãos." Se os preteristas estiverem certos quanto a toda revelação ter ocorrido na igreja primitiva, mas considerarem que aspectos essenciais do conflito podem ter aplicação ampla, "os resultados práticos serão semelhantes à abordagem idealista. Paciência e humildade são necessárias quando lidamos com diferenças de opinião sobre estas questões." (p. 1524-25). Bíblia de Estudo de Genebra, Editora Cultura Cristã, São Paulo, 1999. Autor. Ivan S Rüppell Jr é Professor de Teologia e Ciências da Religião do SMS - extensão Curitiba e Uninter.

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